Estudo aponta que ao menos 17 mil pessoas tiveram contato com o coronavírus em Ribeirão Preto

Estudo aponta que ao menos 17 mil pessoas tiveram contato com o coronavírus em Ribeirão Preto

Testes feitos pelo HC e pela Secretaria da Saúde indicam a presença de anticorpos em 2,5% da população

O resultado preliminar da pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde aponta que ao menos 17,5 mil pessoas possuem os anticorpos do coronavírus do novo coronavírus na cidade. Isso quer dizer que 2,51% da população ribeirãopretana foi infectada pelo vírus. Na primeira coleta, realizada no início de maio, foram encontrados anticorpos em 1,2% da população.

Vale ressaltar, que nem todas as pessoas infectadas com o novo coronavírus desenvolvem a doença, a Covid-19. Segundo último boletim divulgado pela Secretaria de Saúde, a cidade possui 2.715 casos confirmados.

Os pesquisadores foram, novamente, à casa dos voluntários que participaram da primeira coleta. Segundo o professor Fernando Bellissimo, um dos responsáveis pelo estudo, a amostra servirá para observar se o vírus avançou na cidade e, com base nos resultados, projetar a evolução dele em Ribeirão Preto.

Os pesquisadores sortearam as 709 residências em todo município para a realização do experimento. Sendo: 117 no Centro, 184 na Zona Leste, 129 na Zona Norte, 184 na Zona Oeste e 95 na Zona Sul. Desses indivíduos, foi colhido um exame de sangue para a amostragem de anticorpos, ou seja, revelava se a pessoa já contraiu o vírus.

Ao todo, foram 61 pessoas, divididas em 15, que realizaram a coleta entre quinta-feira, 11, e o sábado, 13. Contudo, os pesquisadores ainda estão em campo, nesta segunda-feira, 17, para realizar a coleta dos voluntários que não foram encontrados, além de executar novos testes em resultados que foram considerados duvidosos. O resultado final da pesquisa será divulgado na próxima semana. "Mas deve ficar entre 2,5% e 3%. Não deve passar disso", informou Bellisimo sobre o percentual de pessoas infectadas.

Com nesses dados, o especialista projeta uma taxa de mortalidade bem menor do que a estimada pela Prefeitura, de 2,91%. Segundo o responsável pela pesquisa, a mortalidade estaria em torno de 0,38% na cidade, uma das menores do mundo. O equivalente a quatro mortes para cada mil pessoas infectadas.

Achatamento da curva

Os achados preliminares da pesquisa também indicam que Ribeirão Preto conseguiu achatar a curva de contágios do coronavírus. "Enquanto que em outras cidades os números dobraram a cada duas semanas, em Ribeirão Preto os nossos números dobraram em seis semanas. Isso é altamente positivo [...]. Quer dizer que podemos relaxar? Não. Se nós relaxarmos as medidas preventivas, o número de pessoas pode crescer a ponto de saturar o sistema de Saúde e a gente começar a não ter condições de oferecer leitos de UTI para todos que precisam", explicou Bellissimo.

Segundo o especialista, as medidas de distanciamento social, de higiene e de vigilância epidemiológica contribuíram para o achamento. Além disso, Bellissimo acrescenta que com um achatamento da curva, Ribeirão Preto ainda deverá enfrentar o vírus por mais algumas semanas, e até meses, antes que ele seja totalmente controlado. 

Por fim, o médico ressaltou que, apesar da mortalidade baixa, o a Covid-19 é uma doença que se espalha com facilidade e acaba levando mais pessoas para a UTI. "Se você conseguir cuidar de todo mundo que tem a forma mais grave da doença, a maioria vai sobreviver. Porém, o que tem acontecido em outras cidades do Brasil, com sistemas de saúde mais fragilizados, é que as pessoas morrem ainda no Pronto Socorro. Porque falta respirador, médico e leito de UTI. Isso felizmente, ainda não aconteceu em Ribeirão Preto, mas pode acontecer, se a gente relaxar com as medidas preventivas", alertou.


Imagem: Revide

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