Estudo reforça a inclusão de pacientes oncológicos no grupo prioritário da vacina contra Covid-19
Estudo do Instituto Oncoclínicas sugere que pacientes oncológicos são mais suscetíveis às complicações relacionadas a Covid-19.

Estudo reforça a inclusão de pacientes oncológicos no grupo prioritário da vacina contra Covid-19

Pesquisa do Instituto Oncoclínicas sugere que o índice de mortalidade por Covid-19 de pessoas com câncer ativo é até seis vezes maior do que a taxa geral, de 2,5%

Estudo realizado por médicos do Instituto Oncoclínicas e publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) indica que pacientes com câncer ativo ou metastático apresentam maior risco de complicações e letalidade para o coronavírus. Os especialistas defendem a inclusão dos pacientes no grupo prioritário de vacinação contra Covid-19. 

Em estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil possui 1,5 milhões de pessoas que dependem de tratamentos oncológicos, e o número tende a aumentar segundo previsão do Instituto Nacional do Câncer (INCA), que aponta para 625 mil novos diagnósticos para 2021.  

O Plano Nacional de Imunização contra Covid-19 prevê a priorização de pacientes oncológicos no futuro, mas não define critérios claros para acesso às doses. “As sequelas que a contaminação pelo vírus pode trazer a esse público implicam, não apenas o andamento das condutas de combate ao tumor maligno durante o período de controle da infecção pelo vírus, como pode gerar um comprometimento severo à saúde de paciente imunossuprimidos, categoria na qual se enquadra uma parcela considerável das pessoas em tratamento ativo contra o câncer”, diz o médico oncologista Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas. 
 
Na pesquisa, foi observado o prognóstico de pacientes oncológicos que contraíram a Covid-19, com base na análise de informações obtidas entre final de março e início de julho de 2020, os primeiros meses da pandemia no Brasil. 

“Em linhas gerais, dos 198 participantes avaliados, provenientes de quatro regiões do país, Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, o pior prognóstico em decorrência da Covid-19 esteve associado ao câncer ativo, progressivo ou metastático em comparação àqueles que demonstram um câncer estável ou bem controlado. Além disso, pacientes com leucemia e outros tumores hematológicos se mostram mais suscetíveis à infecção pelo coronavírus, enquanto os que possuem câncer de pulmão têm um grave aumento no risco de morte. A faixa etária mais avançada e o histórico de consumo de cigarros também figuraram como complicadores em pacientes oncológicos acometidos pelo coronavírus”, explicou Ferrari, autor do estudo. 

Entre os pesquisados, 84% (167) tinham tumores sólidos e 16% (31) neoplasias hematológicas. A mortalidade geral foi de 16,7%, seis vezes maior em comparação com o índice global de letalidade do coronavírus, que está em 2,4%. “Defendemos uma separação entre grupos de risco que beneficie os pacientes oncológicos, para que estes tenham um tratamento mais favorável contra o câncer, que por si só já demanda muito deles. Uma infecção mais grave é um exemplo do que pode vir a ocorrer com uma pessoa em tratamento de câncer que contraia o novo coronavírus e esse é um risco que pode ser evitado”, completou o doutor Bruno.


Foto: Pixabay

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