Sintomas da Covid-19 podem permanecer por um ano
Pacientes foram selecionados de acordo com os sintomas e estágios da doença

Sintomas da Covid-19 podem permanecer por um ano

Estudo realizado pelo projeto Recovid da USP Ribeirão Preto mostra maioria das pessoas permanecem com sintomas

Após serem diagnosticadas com o vírus da Covid-19 e se recuperarem algumas pessoas ainda convivem com sintomas persistentes causados pelo coronavírus. Segundo uma pesquisa feita pelo projeto Recovida, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 80% dos 175 pacientes que estão sendo acompanhados desde maio 2020, continuam com sintomas um ano depois que contraíram a infecção. 

 "Não que todos demorem mais de um ano, depende do caso do estágio da doença de cada paciente, se já tinha comorbidade prévia ou outras limitações. Tudo isso influencia, por isso é difícil estabelecer até quando esses sintomas vão perdurar”, explica Lívia Pimenta Bonifácio, fisioterapeuta que desenvolveu o projeto para o pós-doutorado na FMRP. 

Os pacientes que participam do estudo foram selecionados de acordo com os que tiveram sintomas leves, sem necessidade de oxigênio suplementar; com sintomas moderados, que haviam sido internados e utilizado oxigênio suplementar; e com sintomas graves, que precisaram de intubação e tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

“Selecionamos esses pacientes a partir do Ambulatório Pós Covid-19 no Hospital das Clínicas, que foi criado em maio de 2020 para atender pessoas recuperadas ou em recuperação da doença”, comenta Lívia. 

A Covid-19 é uma doença multissistêmica, além de afetar a parte respiratória, ela também interfere em outros órgãos que podem ser receptores do Sars-Cov-2. Ou seja, apesar de entrar pelo aparelho respiratório, também pode ser contraído por meio de outros sistemas, como explica Lívia.  
 
“Isso é uma contribuição direta. Por outro lado, não podemos esquecer que os pacientes em estado mais grave precisaram de internação, e consequentemente, de acordo com o tempo, são afetados pelos sedativos e neuro branqueadores musculares, utilizados quando a pessoa está entubada. Quanto mais tempo eles ficam internados, mais a recuperação abada sendo afetada, dessa forma, causa um efeito indireto”, acrescenta a especialista. 

Dentre esses pacientes, os sintomas persistentes estão relacionados a essa recuperação direta como problemas nos sistemas cardíacos, cardiovasculares e neurológicos. “Na literatura científica, os mais comuns são a fadiga, apneia, queda de cabelo, dificuldade para enxergar ou incomodo nos olhos, além de perda de memória recente. Porém, no nosso projeto, os mais frequentes que encontramos foram os sintomas de fadiga, falta de ar, tosse, dor de cabeça e a perda de força muscular global”, completa. 

A especialista enfatiza que o estudo do Recovida foi feito com uma mostra muito específica de pacientes, o que não representa a população mundial, já que a maioria adquiriu uma forma mais leve da doença. “Ainda temos muito o que acompanhar, principalmente na comunidade academia e nos estudos internacionais. Agora focamos nossos esforços para melhorar a qualidade de vida desses pacientes que tiveram a Covid-19 e permanecem com esses sintomas que acabam limitando-os no cotidiano”. 

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Imagem: Pixabay

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