Startup de Ribeirão Preto estuda produção de vacina oral contra a Covid-19
Pesquisador responsável acredita que a tecnologia deverá gerar uma vacina de dose única

Startup de Ribeirão Preto estuda produção de vacina oral contra a Covid-19

Sem depender de cadeia refrigerada, imunizante teria transporte facilitado para locais remotos

A startup Invent Biotecnologia Ltda, do Supera Parque de Inovação e Tecnologia, estuda uma nova vacina contra a Covid-19. Segundo Ebert Seixas Hanna, proprietário da empresa e professor de pós-graduação da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, a vacina é oral, e precisa de apenas uma dose. “Ela facilita a aplicação e elimina uma série de itens que precisam ser utilizados, além do fato de não se aplicar uma injeção intramuscular”, afirma. 

O imunizante não depende de cadeia refrigerada, o que facilitaria o transporte para locais muito remotos no Brasil e no mundo. O objetivo é que ele tenha uma produção simples, e que precise apenas de um biorreator e fermentação. 

Tecnologia 

“Ela facilita a aplicação", afirma Ebert Seixas HannaA tecnologia utilizada pelos pesquisadores do Supera Parque está embasada numa bactéria que tem capacidade de produção de um dos antígenos do Sars-CoV-2 (novo coronavírus). “Nós vamos introduzir um plasmídeo nessa linhagem atenuada, que vai interpretar o material introduzido como algo que deve ser produzido”, explica.

O estudo ainda está no início, mas os pesquisadores trabalham com a ideia de começar em breve uma melhor produção de células e, então, iniciar os ensaios em animais de laboratório. “Se tudo correr bem, vamos buscar os ensaios clínicos”, antecipa Ebert.

Ao contrário de algumas vacinas já em uso, que requerem tecnologias e cuidados especiais, a equipe de Hanna promete um novo imunizante descomplicado. Ele cita o exemplo da vacina com um vírus inativado. “É preciso produzir partículas virais e depois inativá-las, o que é muito mais complicado que a nossa tecnologia”, aponta. Outra dificuldade sobre determinados imunizantes, lembra o pesquisador, é o uso do RNA mensageiro, que, no Brasil, esbarra na falta de plantas capazes de produzi-las e na dependência de maiores quantidades de câmaras refrigeradas especiais.

Ebert acredita que a tecnologia deverá gerar uma vacina de dose única. O pesquisador informa que a plataforma utilizada no estudo dessa nova vacina já foi testada para outras doenças. “Nos outros casos, foi necessária uma única dose para gerar uma resposta imunitária protetora, então, nossa expectativa é que isso se repita”, antecipa.

Financiamento

O projeto apresentado pelo pesquisador no ano passado foi aprovado no início deste ano pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que liberou, para a execução da primeira fase, financiamento de R$ 142 mil. O montante, afirma Ebert, já despertou a atenção de empresas farmacêuticas. Com uma dessas empresas, localizada no Estado de São Paulo, a equipe de Ribeirão Preto já estuda parceria para produzir a nova vacina em larga escala.

Contudo, Ebert informa que também está fechando parcerias com o Departamento de Farmacologia e o Centro de Virologia, ambos da FMRP. Segundo o pesquisador, se o desenvolvimento ocorrer como o planejado, a vacina pode estar pronta para comercialização em dois anos e meio.

Com informações do Jornal da USP.

 

 


Imagem: Freepik

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