Testes da vacina contra o coronavírus em Ribeirão devem começar na próxima semana

Testes da vacina contra o coronavírus em Ribeirão devem começar na próxima semana

Previsão do Hospital das Clínicas é começar a aplicar as doses em 500 voluntários da cidade

*Matéria atualizada às 11h30 para inclusão de informações.

 

Os testes da CoronaVac, vacina contra o novo coronavírus, estão programados para começar na próxima semana, em Ribeirão Preto. Segundo o médico Eduardo Barbosa Coelho, o coordenador local da pesquisa, a data do início depende da liberação e do transporte da vacina até a cidade.

A informação foi confirmada em uma coletiva de imprensa no Hospital das Clínicas, um dos 12 centros de testagem da vacina no Brasil, na manhã desta quinta-feira, 16.

O coordenador explicou que na cidade serão testados 500 voluntários, 250 receberão a vacina e 250 um placebo. “Participar do estudo não garante que o paciente receberá a vacina, até porque metade do produto que vai ser aplicado é placebo. A equipe não terá como saber antes o que está sendo aplicado no participante, e isso faz parte do estudo”.

De acordo com o coordenador, para se voluntariar ao estudo é necessário que seja um profissional da saúde trabalhando diretamente com o coronavírus, em CTI’s e enfermarias, que não tenha contraído anteriormente a doença e que não tomem remédios controlados.

Voluntários poderão se inscrever por meio de um formulário (https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd2QoA3nPi3fy6QAvsSgI9oUo4TSEx1aN_YcP7fIhvGWmZJ2Q/viewform) disponível no site do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (https://site.hcrp.usp.br/). Os voluntários serão acompanhados de perto durante um ano.

Primeiros testes

A vacina desenvolvida pela empresa chinesa SinoVac Biotec Group, em parceria com o Instituto Butantan, já foi testada em mais de 1.000 voluntários em fases anteriores. “Essas fases são importantes para termos uma ideia da segurança do produto que, até agora, não demonstrou nenhum problema”, esclareceu o coordenador.

De acordo com o pesquisador, o procedimento é seguro. “A tecnologia que a SinoVac está usando para a produção é clássica e conhecida, em que outras vacinas já foram desenvolvidas dessa forma”. Ainda assim, ele especificou que a vacina está em fase de testes e por isso não sabem o quanto será eficaz para a covid-19. “A equipe tem uma ideia do que pode acontecer, mas isso não exclui eventos inesperados aconteçam, e na verdade isso é exatamente o que estamos procurando nesses testes clínicos. Queremos aprofundar o conhecimento da segurança do produto”.

Eduardo afirmou que esses primeiros passos foram importantes para os pesquisadores entenderem o esquema de testes. “Esses estudos preliminares mostraram que são necessárias duas doses da vacina. Então quem participar do nosso estudo receberá essas duas doses em um intervalo de 15 dias”.

O processo de avaliação dos testes será feito remotamente por meio de formulários eletrônicos ligado diretamente ao Instituto Butantan. “Existe um grupo independente que organiza a pesquisa e analisa os dados progressivamente. Existem também dois grupos, um que está usando placebo e o outro a vacina, mesmo que ninguém saiba, o estatístico olhando os dados percebe quem recebeu o que e se necessário eles podem consultar para acompanhar os progressos da pesquisa”. Além disso, a equipe de estudos do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto é formada por 20 pessoas, entre elas quatro médicos focados diretamente a pesquisa.

Para acontecer a liberação da vacina, devido a gravidade do coronavírus, é necessário que o tenha a eficácia de 50% segundo a Food and Drug Administration – FDA, agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.


Foto: Cárila Covas

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