Vacinação dos adultos em dia

Vacinação dos adultos em dia

Mesmo fora da infância, é importante manter a imunização atualizada para evitar o contágio de doenças que podem surgir na vida adulta

Matéria publicada na edição 1099 da revista Revide.

Em tempos de coronavírus, muito se esperou e – se discutiu – pela vacina infantil contra a Covid-19. Mas, você sabia que a imunização não acontece apenas em tempos de pandemia e não são só as crianças que precisam seguir uma rotina de vacinação? Os adultos e os idosos também devem manter a imunização em dia contra diversas doenças, entre elas, sarampo, febre amarela e hepatite B.

A analista administrativo Johara Ferreira Souza, de 37 anos, conta que mantém sua caderneta atualizada. “Tenho esse cuidado porque, desde criança, minha mãe explicava sobre a importância e os riscos do ‘pagar para ver’ caso a gente não se vacinasse. Tenho, inclusive, amigos que tiveram a saúde comprometida porque os pais não seguiram o calendário. O cuidado com a saúde é essencial, em todas as idades”, afirma.

O professor de Medicina da Unaerp, Daniel Cardoso de Almeida e Araújo, confirma que é fundamental manter a imunização em dia em qualquer época da vida, porque a imunização está entre as ações públicas de maior sucesso na história da humanidade. “Na fase adulta, ainda existem vulnerabilidades e a pessoa pode se infectar por diversas doenças imunopreveníveis. Por isso que é tão importante manter a cobertura vacinal em dia. Os adultos com comorbidades ou gestantes são grupos especiais que precisam de uma abordagem ainda mais individualizada”, detalha o médico.

Segundo ele, existem alguns imunizantes fundamentais na vida adulta. “Entre eles, a vacina dupla adulto (contra tétano e difteria), a tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) e as mulheres, antes da gestação, devem estar vacinadas contra a rubéola, pois se pegarem a doença durante a gravidez, podem desenvolver casos graves de má formação no bebê. Outra vacina importante é a da hepatite B, pois é uma doença que pode evoluir para uma cirrose e o paciente precisar de transplante, ou pode causar até câncer de fígado. A vacina de febre amarela também é essencial e é indicada em todo o país atualmente, pois é uma doença que lesiona o fígado e pode levar a óbito. Todos esses imunizantes estão disponíveis nas unidades básicas de saúde”, ressalta.

Almeida também alerta que os idosos precisam garantir sua cobertura vacinal, porque é um público que fica com a saúde mais vulnerável conforme o avanço da idade. “A baixa natural da imunidade que ocorre com o envelhecer traz aos idosos um vasto número de doenças que são imunopreveníveis. Para essa faixa etária, destacamos a vacina duplo adulto. E, ainda, a vacina da gripe, pois é considerada uma doença de risco de evolução com mais gravidade para eles. O imunizante fica disponível nos períodos de campanha de vacinação”, finaliza.

Fernando Bellissimo Rodrigues e Daniel Cardoso de Almeida e Araújo

Cuidados

E quando o adulto perde sua caderneta de vacinação da infância? De acordo com o professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Fernando Bellissimo Rodrigues, uma possibilidade é procurar a unidade de saúde onde a pessoa foi vacinada e requerer a segunda via. “Se isso não for possível, alguns imunizantes vão ter que ser refeitos. Tem vacinas que se administra em crianças que não são indicadas para adultos, como a da poliomielite e a BCG, mas outras são recomendadas tanto na infância quanto na fase adulta. Se o adulto não tem comprovação da vacina da infância, ele acaba tendo que tomar de novo”, avisa.

Além disso, o professor lembra que o SUS oferece a maior parte das vacinas mais importantes para todas as pessoas. No entanto, existem alguns imunizantes que estão disponíveis apenas em clínicas privadas. “Entre eles, a vacina da herpes zóster, a do HPV – que está disponível no SUS apenas para crianças e adolescentes; para pessoas com HIV e outras doenças crônicas amplia-se a faixa etária – é indicada para adultos, desde que saudáveis, mesmo não tendo nenhuma doença crônica e tendo perdido a oportunidade de se vacinar no SUS quando adolescente. Existe também uma vacina ampliada contra meningococo disponível em clínica privada, a vacina da dengue também, mas a imensa maioria dos imunizantes mais essenciais já foi incorporada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI)”, explica.

Em relação ao recente movimento antivacina, que defende que os imunizantes são experimentais, perigosos e uma invenção da indústria farmacêutica para deixar as pessoas doentes, o professor da USP comenta. “Não procede que as vacinas são experimentais, porque para serem licenciadas por um órgão regulatório como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou como a FDA (agência federal estadunidense), precisam passar por vários experimentos anteriores e têm que ter comprovação de que são efetivas e seguras. Se as vacinas têm algum risco de reação adversa, é também válido pontuar que o risco que elas podem acarretar é muitas vezes menor que o que a doença causa. Hoje, por exemplo, o risco de morrer de Covid-19, mesmo sendo uma criança ou uma pessoa jovem e saudável, é inúmeras vezes maior do que o risco de ter uma reação adversa grave à vacina”, esclarece. 


Fotos: Revide

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