A influência da imigração italiana em Ribeirão Preto

A influência da imigração italiana em Ribeirão Preto

As lavouras de café do município foram o destino de muitos dos italianos que chegaram ao país

A influência da imigração italiana em Ribeirão Preto

Nesta quarta-feira, 21, é celebrado os 150 anos da Imigração Italiana no Brasil. Em Ribeirão Preto, os imigrantes tiveram um papel determinante na evolução da cidade, contribuindo não só com o trabalho e com a visão empreendedora, mas, também, com valiosas tradições culturais. A representatividade desse povo sempre foi bastante significativa e interferiu, diretamente, nos hábitos, nos estilos e na cultura da população local.
 

As lavouras de café de Ribeirão Preto foram o destino de muitos dos italianos que chegaram ao país. Aos poucos, transferiram-se para a área urbana e, como vários deles tinham um ofício, passaram a se dedicar a essas profissões, contribuindo de forma efetiva para o progresso da cidade. 
 

Essa influência italiana, que atingiu seu ápice de imigração no município entre o final do século XIX e o início do século XX, pode ser vista em diversos aspectos, seja ele na gastronomia, na arquitetura ou na cultura.  A cidade abriga uma variedade de restaurantes e cantinas com temática italiana. Isso sem contar as inúmeras pizzarias que têm o objetivo de transportar o ribeirãopretano para a Itália. Os moradores podem desfrutar, além de uma bela pizza, de um saboroso risoto acompanhado de um vinho, pratos que resgatam a influência europeia no município.
 

Tradição preservada
 

Ao caminhar pela cidade, é possível perceber a presença italiana, especialmente em edificações – de prédios e igrejas – que contêm traços típicos da Itália. O casarão de número 776 da rua Tibiriçá é uma das mais conhecidas da cidade. Instalada em posição privilegiada, bem ao lado da Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto, no Centro, a imponente construção guarda resquícios da época áurea do ciclo do café e lembranças de uma família italiana tradicional na cidade. A residência foi erguida em 1925, encomendada por Joaquina Evarista Meirelles, uma fazendeira da elite, e traz inspirações norte-americanas e europeias na arquitetura e na decoração.


Na década de 40, o imóvel foi comprado, de portas fechadas, por Pedro Biagi, avô de Maria Augusta Scatena Lopes, mais conhecida pelo apelido, Piccina, que viveu nesse endereço por 17 anos. “O nono veio da Itália com seis anos, acompanhando os pais, Natale e Elisabetta. Foram para uma fazenda em Atibaia e, depois, transferidos para Sertãozinho. Natale era oleiro, ou seja, produzia tijolos. O filho seguiu a mesma profissão. Pedro se casou com Eugênia e continuou trabalhando com o pai. Como as cidades estavam crescendo, o setor em que ele atuava se fortaleceu. O dinheiro conquistado serviu para ampliar e diversificar os negócios, sempre associado com outros italianos. Naquela época, essa prática era muito comum, por uma questão de confiança. Ele montou a primeira usina para refinar açúcar, a Barbacena, e permaneceu investindo nesse ramo após o declínio do café. Já consolidado, veio para essa casa, onde tivemos momentos de muita alegria”, comentou Piccina em entrevista à Revide em fevereiro de 2018.


Duas filhas do casal, Ângela e Ozônia, moraram nesse local até 2012. Quando morreram, ficou a dúvida sobre o que fazer com um patrimônio tão rico. Logo surgiu a ideia de abrir um museu que preservasse e difundisse não só essa história, mas diversas outras que ajudam a traçar o panorama da imigração italiana na cidade. Criou-se, em 2013, o Instituto Casa da Memória Italiana. A casa e as mobílias foram compradas e, em seguida, doadas por Maurílio Biagi Filho, também neto de Pedro, pela mãe de Maurílio, Edilah Biagi, e pela artista plástica Weimar Marchesi de Amorim.
 

Atualmente, o museu Casa da Memória Italiana funciona de quinta-feira e sexta-feira, às 15h, e aos sábados, às 10h e 11h30, com agendamento prévio. Mais informações por meio dos números: (16) 3904-2750 e (16) 99760-9946 ou no www.casadamemoriaitaliana.com.br.


Influência cultural

1- Na religião

As práticas religiosas, as festas e a devoção a alguns santos da Igreja Católica foram adotadas pelos brasileiros, incluindo o padroeiro de Ribeirão Preto, São Sebastião, um soldado romano cristão martirizado por professar e não renegar a fé.

2- Na gastronomia

O cardápio foi enriquecido com as massas em geral, a popular polenta frita, os embutidos, o consumo do vinho e o hábito de comer panetone no Natal. 

3- Na linguagem

Palavras, expressões e até o sotaque dos italianos influenciaram o dialeto da população local.

4- Nas artes

Livros, pinturas, esculturas, músicas e danças típicas serviram de inspiração e já foram até retratadas em obras televisivas e cinematográficas produzidas por aqui, como “Terra Nostra”, “Esperança”, “Passione”, “Tempo de Amar” e “O quatrilho”, entre outras.

5- No esporte

A criação do Palestra Itália, em 1914, teve o intuito de unificar os imigrantes que viviam em São Paulo. Por causa da Segunda Guerra Mundial, o clube foi forçado a trocar o nome para Sociedade Esportiva Palmeiras, sob pena de perder todo o patrimônio. Hoje, o time de futebol conta com grandes jogadores no elenco e fãs espalhados por todo o território nacional.
 


Imagem: Arquivo Revide

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