A poesia sem palavras das músicas da Dresden

A poesia sem palavras das músicas da Dresden

Banda de Ribeirão Preto mistura música a malabares, dança, teatro e projeções audiovisuais em lançamento do primeiro disco nesta sexta-feira, 11

“Mulheres Sozinhas Cheirando a Flores Mortas”, primeiro disco da banda de rock instrumental Dresden, será apresentado em um show de lançamento na noite desta sexta-feira, dia 11 de março, no Teatro Municipal de Ribeirão Preto.

Para a apresentação, marcada para as 20 horas, o quarteto, formado pelos guitarristas Rafael Dorado e Ted Alves, o baterista Leandro Barcellos e o baixista Marcus Maximos, optou por um formato em que diversos segmentos artísticos convergem no palco. De certa forma, segundo os integrantes, o show é um simulacro do que a internet possibilitou para a comunicação, e para a música, unindo texto, vídeo e imagem promovendo a interatividade.

“Fazia tempo que tínhamos a intenção de realizar um show neste formato e reunir os representantes das diversas formas artísticas da cidade”, comenta Rafael Dorado, um dos guitarristas, em um Café, no centro de Ribeirão Preto.

Acompanhe o canal da Banda Dresden pelo youtube
 
Espetáculo

Na noite desta sexta-feira, a banda funde seu rock instrumental a número de malabares, dança contemporânea, teatro, artes plásticas e projeções audiovisuais  para criar uma experiência sensorial que vai além de um show comum. 

A proposta para o novo formato da apresentação foi feita pelo baixista Marcus Maximus, que entrou recentemente para a banda. “É uma proposta inusitada. Nenhuma banda realizou algo do tipo. Podem até ter feito com alguns dos elementos que usaremos, mas, não dá maneira como o espetáculo será apresentado”, conta o músico.

A criação do espetáculo foi feita de maneira coletiva e colaborativa, contando com artistas da cidade, tendo como colaboradores as bailarinas Ana Luiza Yosetake e Isabela Pessotti, a bamblista  Sabryna Murali, o malabarista Mamute, o ator Luiz Gustavo Porto e a artista plástica Marina Pontin. No audiovisual a banda contará com a psicodelia projetada dos parceiros Correria Filmes e Imagem Sonora e com o olhar do fotógrafo Raphael Inácio.

Trilha Sonora

Fãs de trilha sonora, os músicos explicam que o projeto tem como ideia principal instigar a imaginação e a sinestesia por meio da harmonia musical, ou, como destacam os integrantes do quarteto, por meio de “frases sem palavras”.

O quarteto conta que o título do disco faz referência ao romance “Cem anos de solidão”, do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez; em uma passagem do livro um personagem entra em um prostíbulo e ao descrever o local e o ar presente diz haver “mulheres sozinhas cheirando a flores mortas”.

O fato é que, segundo os integrantes da banda, as músicas possuem letras, no entanto, não são cantadas. Rafael Dorado, além de músico e psicólogo, também é escritor. E nesta sexta-feira, durante o evento, também estará à venda o livro “Desanovelar”. Segundo o guitarrista, muitas músicas do disco foram compostas como trilhas sonoras para os poemas do livro.

Momento da música

Em produção desde 2013, a banda já divulgava algumas de suas músicas por meio das redes sociais e se apresentava em festivais como o Se Vira Ribeirão e o Grito Rock. Os músicos analisam o momento atual em que vive a música e afirma que a divulgação virtual é importante. “Quase todo mundo está no Facebook. Estas pessoas criam uma demanda para as bandas que, quando surgem, têm que ter bastante material. Não adianta apenas estar lá com as gravações da sua banda. Além das apresentações, a galera quer vídeo no youtube, quer o streaming para a sua música, quer camiseta”, destaca Dorado.

Mais força

Além do apoio que a internet proporciona para a disseminação de conteúdo, Marcus Maximus que também é integrante do Conselho Municipal de Cultura, acredita que a mentalidade dos organizadores dos grandes festivais que acontecem na cidade deveria mudar. “O João Rock lança este ano o palco ‘Fortalecendo a cena’. Qual cena?”, questiona Maximus, em relação a ausência de bandas da cidade no line up do festival ribeirãopretano de rock.

“Hoje investem em banda independente, não por gostarem de banda independente, mas por estar na moda. E a verdade é que não há espaço para bandas da cidade. E quando há esta abertura eles colocam a banda tocando em uma latinha. É desmerecer a banda. É torna-la menor”, critica Maximus.

Aos que insistem em dizer que o rock morreu, o guitarrista Rafael Dorado dá um recado. “Se o rock está morto, então ele é um zumbi. Precisa deixar de lado este purismo, este saudosismo. As pessoas dizem que o estilo morreu porque ele já não está mais na televisão, ele já não tem mais este lugar. Mas, se você procurar na internet e acompanhar os festivais que acontecem pelo Brasil, tem muita banda foda de Rock

Na verdade, o que morreu foi o rockstar. Antes haviam as gravadoras, que formavam uma grande indústria que transformavam estes músicos em milionários. Então você tinha estas personalidades quebrando instrumento no palco, destruindo hotéis e hoje já não te mais isso. O músico deixou de ter o financiador para ser seu próprio investidor e de maneira independente”, completa Marcus.
 
Serviço

‘Mulheres sozinhas cheirando a flores mortas’ 
Local: Teatro Municipal (Praça Alto do São Bento s/nº) Ribeirão Preto SP.
Horário: 20h
Convite: R$10,00

Pontos de venda
- Coletivo Fuligem (Travessa Tuiutí, 55, Jardim República - 16 36206369)
- Retroq (Rua Iara, 204, Jd Paulista)
- Pasck Tattoo (o estúdio fica dentro do Goa Lounge, Rua Comandante Marcondes Salgado, 1621)
- Memorial da Classe Operária- UGT (Rua José Bonifácio, 59)
- Porto Açaí Barão (Rua Ramos Azevedo, 389, Jd Paulista, ao lado do Centro Universitário Barão de Mauá) 

Foto: Raphael Inácio

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