Artista de Ribeirão Preto usa arte para debater a epilepsia
Músico e artista plástico utilizou técnica stop motion na montagem, que demorou dois meses para ser concluída

Artista de Ribeirão Preto usa arte para debater a epilepsia

Nacca está lançando o webclipe de Elétrico Epilético

O músico e artista plástico ribeirãopretano Nacca acredita que a arte é uma boa oportunidade para se chegar a um entendimento melhor e para se encontrar soluções para problemas encontrados no dia a dia. E para debater a epilepsia, ele está lançando o clipe da música Elétrico Epilético, que pode ser conferido no Youtube.

Nacca sofre de epilepsia desde os 14 anos de idade, e conta que a ideia de criar algo sobre o tema partiu de pesquisas sobre os procedimentos para um paciente epiléptico obter medicamentos no Brasil a base de Canabidiol. “Vi que não era nada simples e que esses procedimentos eram altamente burocráticos. A partir dai, criaram-se algumas dúvidas na minha interpretação sobre esse assunto”, comenta.

Entre essas questões levantadas por ele, são referentes ao tabu que ainda existe sobre a cannabis, a famosa maconha, que apesar de ser usada como medicamento no tratamento de algumas doenças, sofre o preconceito por ser associado à droga ilícita. “Acredito que essas foram as principais diretrizes para se pensar na letra dessa música”.

“A grande maioria desses pacientes levam uma vida de rotina normal à base de medicamentos convencionais, como é o meu caso. Mas quando esses pacientes buscam novas alternativas de tratamento e controle, são barrados nas questões burocráticas que ainda impendem o fácil acesso no Brasil”, declara.

Além da música, o webclipe é uma obra de arte a parte. Nacca utilizou a técnica stop motion para a montagem. O processo é parecido com o utilizado em animações, como O Estranho Mundo de Jack (Henry Selick, 1994) e A Fuga das Galinhas (Peter Lord, 2000). O artista demorou dois meses para montar frame por frame do webclipe.

“Eu gostaria que o clipe tivesse essa característica lúdica dos desenhos animados feitos em massa para modelagem nos anos de 1980 e 1990. Esses desenhos eram muito comuns quando eu era criança. Junto com esse motivo, vêm os números de pacientes crianças diagnosticados com epilepsia no Brasil, que são consideráveis. Achei que através da animação dos desenhos, poderia atingir e dialogar diretamente com esse público de uma forma mais descontraída”, explica o artista, que também modelou as personagens.

“Essa é a primeira vez que faço um trabalho em stop motion, apesar de ser um processo demorado e muito trabalhoso, acho que vale a pena o resultado. E nesse caso, é notável que o clipe não possui um mega orçamento, e que, todos os recursos ali utilizados, são formas simples de execução”, conclui.

 


Foto: Daniela Risk - divulgação

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