As cores da brasilidade de Vitor Maciel

As cores da brasilidade de Vitor Maciel

Artista plástico homenageia o povo brasileiro em exposição inclusiva e acessível

Dar cor, vida, significado, visibilidade às pessoas, especialmente as minorias, como negros e indígenas, é uma das abordagens da exposição “As Cores do Brasil”, do artista plástico, jornalista e arquiteto/urbanista Vitor Maciel. A mostra individual está em cartaz na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) até o início de junho.

 

“Nós, brasileiros, passamos por um período em que nossas cores foram praticamente sequestradas. Quando pinto pessoas negras com cores é para assumir a nossa brasilidade. O Brasil é de todos. Precisamos assumir mais nosso espaço como cidadãos e isso acontece a partir do momento em que conhecemos nossos direitos”, afirmou.


Além de propor a valorização da cultura brasileira por meio da arte, Vitor Maciel acredita que a curadoria é um aspecto pouco valorizado no cenário artístico brasileiro, mas que possui extrema importância.

 

 

“A exposição trata, acima de tudo, sobre a importância da curadoria na arte e na educação. Minhas principais inspirações foram Emmanuel Araújo, o primeiro curador a fazer a compilação dos artistas negros invisibilizados no século passado; e Jaider Esbell, que, há dois anos, pouco antes de seu falecimento, realizou uma bienal com vários indígenas, apresentando arte contemporânea de autoria dos povos originários”, comentou. Ambos os nomes citados são homenageados nesta exposição.


Juntamente com a questão da representatividade, a exposição busca, também, a inclusão de pessoas com deficiência visual por meio da leitura de QR Codes que desbloqueiam a audiodescrição dos quadros. A ideia surgiu a partir de um trabalho realizado, em 2020, com a Associação dos Deficientes Visuais da Região de Ribeirão Preto (Adevirp). O artista escreveu os roteiros e gravou audiodescrições de 67 obras de Candido Portinari para um projeto de acessibilidade do Museu Casa de Portinari, na cidade de Brodowski.  


Para Heloisa Espada, curadora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), as artes visuais são, a princípio, pensadas e aprendidas pelo olhar, mas, cada vez mais, um museu não é apenas um lugar de contato visual e sim do aprender sobre visualidade. “As cores, formas e materiais empregados em determinada obra de arte têm um significado. Cabe aos artistas e também aos espaços expositivos, como os museus, fazer essa transposição necessária para que todas as pessoas possam ter acesso àquele trabalho”, ressaltou.

 

 

Trajetória


Vitor Maciel nasceu na cidade mineira de Campos Gerais. O contato com a arte começou cedo, aos cinco anos, quando desenhava, com carvão, os bois do avô Romão, na fazenda Morro Cavado. Aos sete anos, foi morar com a tia Orozina, matriarca da família e também a principal incentivadora de Vitor no universo artístico.

 

Ele se mudou para Ribeirão Preto em 1999 e, em 2004, foi morar em Londres, onde passou a visitar museus de arte como a National Gallery e o Tate Modern. Em 2014, voltou a morar em Ribeirão Preto. Em 2021, o artista pintou a mãe, Anésia Maciel. A tela é uma das obras analisadas na banca do comitê nacional da Associação Internacional de Artes Plásticas (Aiap-Unesco). No mesmo ano, ingressou na Associação dos Artistas Plásticos Internacionais, com sede em Paris. 


Fotos: Larissa Navarro/Alesp

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