Bandas de Ribeirão Preto dão indicações do que ouvir neste Dia do Rock
Portal Revide reuniu membros de oito bandas da cidade para falarem um pouco sobre as influências e a cena autoral no município

Bandas de Ribeirão Preto dão indicações do que ouvir neste Dia do Rock

Bandas de vários estilos e idades dão dicas de novas músicas e de outras bandas na cidade

Neste dia 13 de julho é celebrado o Dia Mundial do Rock. Apesar do nome, a data é comemorada apenas no Brasil, como uma homenagem a uma desejo do músico Phill Collins, que gostaria que a data do show Live Aid ficasse conhecida como “Dia do Rock”. Com shows simultâneos na Europa e nos Estados Unidos, o evento reuniu os grandes nomes da música, em 1985. Participaram das apresentações Led Zeppelin, Queen, The Who, David Bowie, Dire Straits, Black Sabbath, Paul McCartney, Eric Clapton, entre outros.

Paralelamente, a cena do Rock em Ribeirão Preto começava a tomar forma na mesma época. Por conta do caráter “do it yourself” (faça você mesmo), o Punk Rock foi um dos principais gêneros dentre os jovens dos anos 80, dentre eles, a banda Desemprego se destacava, tocando em praças e pequenas apresentações. Mais tarde, a banda mudaria de nome para Distúrbio Mental, que segue na ativa até hoje.

Na sequência, nos anos 90 e 2000 marcaram a consolidação do cenário na cidade. Com a criação de bandas como Necrofobia, Abiosi, Lifetimes, Darkager, Verbo Perfeito e a Mano Pinga e Seus Comparsas. Além do fortalecimento de eventos como o Metal Rebellion e o Arena Rock; e das casas de shows como o Porão, Mogiana, Bronze e Paulistânia.

Para entender como está a cena atual do Rock, o Portal Revide ouviu membros de oito bandas de Ribeirão Preto. Eles contaram um pouco sobre suas histórias, inspirações e também recomendaram músicas de outras bandas da cidade. A playlist completa no Spotify você pode conferir no final da matéria.

Cativeiro das Ideias

Gênero: Hardcore/Punk

Fundação: 2009

O vocalista Bruno Zaqueu, o “Brunão, e o guitarrista Wesley “Miojo” eram amigos desde a infância. A relação dos dois ficou mais distante quando Miojo se mudou para o Japão com a família, em 1999. Contudo, dez anos depois, em meio à crise, a família do guitarrista voltou para Ribeirão Preto.

Tão logo Miojo retornou, ele já foi reencontrar o amigo com a ideia de formar a banda, que completou dez anos agora em 2019. Para o vocalista, a cena ainda tem muito o que crescer em Ribeirão Preto. Todavia, o potencial da cidade é enorme, com muitos músicos criativos e pessoas interessadas em eventos.

Sobre as influências, Brunão comenta que é difícil definir um consenso entre a banda. “Todos os integrantes tem uma influência pessoal que acaba criando vida nas composições”, explica. Apesar disso, os integrantes concordam que o gosto deles está no cenário Hardcore, Punk, Thrash e Heavy Metal. Gostam de bandas como Sepultura, Ratos de Porão, Black Sabbath, Bad Religion, Dead Fish, Nofx, entre outras.

Sugestões de músicas: Como Cães (Cativeiro das Ideias), Escravo da Ilusão (Tormenta) e Periferia (Abiosi). Sobre a última indicação, Brunão comenta: “É na periferia que começa tudo né, mano. É na periferia que o moleque vê desde cedo que o mundo não é um parque de diversão. E que se ele não lutar, se ele não estudar ele não vai ‘vencer’ na vida”.

Tormenta

Gênero: Thrash/ Heavy Metal

Fundação: 1998

A Tormenta fui criada de uma das formas mais tradicionais para uma banda de Rock. O guitarrista e vocalista, Rogener Pavinski deu início à banda com um anúncio em uma revista de rock. “Procura-se um baterista”.  O primeiro show do grupo foi realizado em 2000, e em 2006 oi lançado o primeiro trabalho de estúdio, o EP “Tormenta”.

Com influências que vão de Jimmi Hendrix, Slayer, Metallica e Dorsal Atlântica, a banda sente na pele as dificuldades de tocar em uma cidade onde o Metal não é o gênero predominante.

 “O mercado impõe a necessidade de tocar cover, fazendo com que o Rock seja apenas entretenimento, o que em essência não o diferencia muito, por exemplo, do sertanejo universitário em festas de rodeio”, declara Pavinski. Para o líder da banda, fazer parte da cena do Metal, mesmo estando à margem do que as grandes gravadoras desejam, dá mais liberdade artística e de criação para os músicos.

Sugestões de músicas: Degeneração (Abiosi), Apostasy (Lusferus) e Na Lata (Chavala Talhada). Para Pavinski, a mistura de Rock com outros estilos traz uma sonoridade interessante e muito brasileira para a Chavala.

Lusferus

Gênero: Black /Death Metal

Fundação: 2007

Outro modo muito comum das bandas de Metal serem criadas é após a dissolução de outras bandas. No caso da Lusferus ela foi formada por membros da Dark Dimension e da Agabahan. Na Dark Dimension, Ivaldo Abreu, o Ivåder, tocava guitarra e fazia os vocais. Ao formarem a Lusferus, ele migrou para a bateria, instrumento que também dominava.

O Black Metal, gênero executado pela Lusferus, faz parte dos gêneros conhecidos como “Metal Extremo”. Dentre as influências da banda, a maioria são de grupos escandinavos, berço dos pioneiros deste estilo. Dissection, Gorgoroth, Hypocrisy e Sacramentum são algumas da bandas mais ouvidas pelos membros. Todavia, por tocar um gênero considerado “extremo”, Ivåder avalia que muitas casas de shows tem receio de abrirem suas portas.

"Atualmente temos improvisado, tentamos encontrar uma solução para tocar. Infelizmente não são todos que estão dispostos a trabalhar com esse tipo de música. Muito por questões comerciais", comenta.

Sugestões de músicas: Ascension (Dysonomia), Reality show de Execuções (Abiosi) e Spectre of a Human Mind (Inanimalia). Ivåder enaltece o trabalho feito pela Inanimalia, "São jovens e muito criativos. Eles trazem uma esperança para o metal na nossa cidade".

Distúrbio Mental

Gênero: Punk/Hardcore

Fundação: 1993

Uma das mais tradicionais e lembradas bandas do underground de Ribeirão Preto. A Distúrbio Mental surgiu misturando o Pré Punk e Hardcore com a performance e o vocal "excêntrico" de Kelsen Bianco, vocalista e fundador da banda. Em 2016 foi lançado um CD Tributo com diversas bandas de Rock nacional tocando versões dos clássicos da banda. Atualmente a banda está em turnê comemorativa de 25 anos de carreira.

O guitarrista e backing vocal Tom Coala está há quatro anos na Distúrbio Mental. Ele lembra que sempre foi fã do grupo. "Quando o Kelsen me chamou para tocar guitarra na banda foi uma grande realização. É muito gratificante estar na estrada, tocando em tantos lugares e conhecendo tantas pessoas que gostam das nossas músicas", diz Coala.

Para o guitarrista, não existe, exatamente, uma cena de Rock, Punk ou Metal em Ribeirão Preto. "Acredito que existam algumas bandas na cidade buscando mostrar o seu som, mas para que exista uma cena é necessário organização e união. Temos algumas iniciativas de produtores de eventos e coletivos que tem buscado essa organização e união. Eu torço e luto para isso", declara.

Sugestões de músicas: Não, não, não, não (Justu), Vou ascender (Chavala Talhada), Dead Soul (Necrofobia).  A Necrofobia também é uma das bandas mais lembradas e aclamadas do público ribeirãopretano. “Uma das bandas mais antigas e importantes do Rock e Metal de Ribeirão Preto. Recentemente, eles lançaram um novo álbum que está incrível”, elogiou Coala.

The Distance Apart

Gênero: Emo/Alternativo

Fundação: 2017

A The Distance Apart começou em julho de 2017 reunindo ex-membros de duas bandas autorais de Ribeirão Preto: a Anissa, na ativa desde 2012 e atualmente em hiato, e a PAW, que esteve em atividade na cena autoral entre 2012 e 2016. A ideia era juntar a identidade de duas bandas bastante distintas na busca por uma sonoridade intermediária entre ambas.

As principais influências da banda são bandas de Hardcore, Post Hardcore, Emo e Pop Punk da última década. Porém, as influências pessoais dos membros da The Distance Apart são variadas, vão desde Metal Progressivo e Jazz à MPB e Rap.

Já sobre o espaço que as bandas tem para tocar na cidade, o guitarrista Vitor Pavani avalia que o cenário diminui em relação à última década.  "A cena autoral ultimamente respira por aparelhos. Embora ainda tenhamos boas bandas fazendo um bom trabalho, o público anda mais escasso e aquele que ainda é fiel ao underground é carente de mais eventos", declara Pavani.

Sugestões de músicas: A Estrada (Verbo Perfeito), Correção monetária (Cativeiro das Ideias) e Oceano (Anissa). "A Anissa viveu um momento muito importante na história da cena autoral da cidade entre 2013 e 2017 sendo uma das bandas que atraía o maior público tocando somente músicas autorais quando esse tipo de show estava ficando cada vez mais raro", relembra Pavani.

Necrofobia

Gênero: Thrash Metal

Fundação: 1994

O Necrofobia foi formado em 1994 por Romulo Felicio, Cláudio Mussalam e Eduardo de Nóbrega. Na época, os amigos que se conheceram no colégio Marista se reuniam para tocar as músicas de suas bandas favoritas, como o Sepultura, Ratos de Porão e Slayer. Porém o talento dos jovens fez com que eles migrassem dos covers, para as composições próprias.

Desde então, a banda já passou por várias formações, com ingresso e saída de muitos membros, e com o triste falecimento de um guitarrista em 2013, Raphael Guzzardi (R.I.P.), consolidando a atual formação: Romulo Felicio (Voz e Guitarra Base), André Faggion (Bateria), João Ricardo Manechini (Contrabaixo) e Rodrigo Tarelho (Guitarra Solo).

Para o baixista, atualmente, o espaço para a música pesada em Ribeirão Preto diminuiu. “Em comparação com as décadas passadas, quando ainda existiam eventos e locais que agitavam o cenário do Rock e Metal, hoje Ribeirão tem uma cena bem menos articulada”, comenta Manechini.

Contudo, o músico atenta para o fato de que o Metal Rebelion, evento muito importante no cenário underground, retornou com dois eventos que ocorreram neste ano.  “Dessa forma, vários produtores independentes, e mesmo bandas locais se veem revigorados para manter um circuito de eventos e festivais que contemplam o gênero”, conclui.

Sugestões de músicas: Alarme (Tormenta), The throne (Lusferus), Pedra brita (Abiosi). Os membros do Necrofobia se consideram fãs de carterinha das bandas dos amigos. Como não conseguiriam citar todas, optaram por indicar os músicos que estão em processo de produção, gravação ou lançamento de novos materiais e que sempre estiveram ao lado do Necrofobia.

Violência Moral

Gênero: Heavy Metal / Hardcore

Fundação: 2015

O Violência Moral foi formado no final de 2015 com uma junção de amigos com gostos musicais e sonho parecidos, A intenção era levar a música autoral para todos os cantos da cidade e do país. Segundo o guitarrista João Oliveira, os gostos musicais dos membros são variados, mas o que acaba falando mais alto quando o assunto é inspiração, são sempre os veteranos, como o Sepultura, Slipknot Lamb of God e Pantera.

O guitarrista acredita que o cenário musical na cidade cresceu se comparado com os últimos anos. "Tivemos alguns lançamentos de bandas consagradas da cidade como Necrofobia, Abiosi e Tormenta que sempre fizeram essa cena acontecer junto com várias outras bandas veteranas da cidade como Cativeiro das Ideias e Disturbio Mental", afirma Oliveira

Sugestões de musicas: Apatia Social (Necrofobia), Ameaça fardada (Abiosi) e Em nome de Deus (Tormenta).

Abiosi

Gênero: Thrash Metal /Hardocre
Fundação: 2001

A Abiosi foi formada na periferia de Ribeirao Preto em abril de 2001, pelo guitarrista Celso, pelo baixista e vocalista Thiago Orlando e o vocalista Carlos Alexandre. "Nosso sonho, como a maioria dos moleques roqueiros, era ter uma banda. Nós sempre estivemos envolvidos com o Rock, com influências dentro de casa e de amigos próximos", declara Celso Almeida. Segundo o guitarrista, existem grandes bandas em Ribeirão Preto, mas que carecem de apoio e incentivo, inclusive de órgãos como a Secretaria da Cultura. 

"Hoje a cena em Ribeirão está voltando aos poucos, mas houve um tempo em que era muito forte. No inicio dos anos 2000 foi uma época de ouro; havia o Live Power Rock, o famoso Porão, e também havia o Festival Metal Rebellion que trazia bandas de todo Brasil", lembra o guitarrista. Atualmente o Porão fechou as portas e o Metal Rebellion retornou depois de um longo hiato.

Sugestões de musicas: Apatia Social (Necrofobia), Apostasy (Lusferus) e Reféns do Medo (Tormenta). "Em Ribeirão temos grandes bandas, extremamente profissionais e que devem ser valorizadas e apoiadas. Gostaria de indicar essa três bandas que fazem parte da historia do Rock de Ribeirão", declarou Celso.

Confira a playlist com bandas de Ribeirão Preto e região:


Fotos: Divulgação / Bruno Zaqueu / Marcos Weiske / João Molina / Lucas Velloso

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