Com DNA da região, animação brasileira será lançada pela FOX
A animação brasileira “Lino – O Filme” conta com vozes de Selton Mello, Paolla Oliveira e Dira Paes
“É Walbercy. É como se fosse Walt Disney, mas é com ‘B’”, diz a secretária do estúdio de animação Start Anima, ao passar o e-mail do fundador do estúdio, Walbercy Ribas. A produtora lança em setembro, a animação “Lino – O Filme”, dirigida pelo filho de Walbercy, Rafael, conta com dublagem do ator Selton Mello, e será distribuído pela FOX.
“Lino – O Filme”, conta a história de um animador de festa de crianças, que não gosta da profissão, e procura um feiticeiro para mudar de vida. Só que o bruxo o transforma em um gato, assim como a fantasia que Lino, que é dublado por Selton Mello, usa para animar as festas.
A personagem é baseada em um amigo do diretor Rafael, que uma vez fez bico em uma festa de aniversário vestido de Pantera Cor de Rosa. “Ele me disse ‘você não sabe o quanto me bateram. Puxaram meu rabo e me chutaram’, e sempre guardei isso comigo”, conta o diretor do filme, que começou a pensar em como poderia contar essa história no cinema.
O estúdio que Rafael atua com o pai, o Start Anima, que fica em São Paulo, existe há mais de 50 anos, e já lançou dois longas, “O Grilo Feliz” e “O Grilo Feliz – E os Insetos Gigantes”, o que atiçou a vontade de Rafael em fazer algo com a cara dele e desbravar o mundo. Ele se inspirou em produções da Disney, da Pixar e da Dreamworks.
“Esse é um filme muito pensado, mais do que simplesmente um sonho. Ele se aproxima muito em qualidade de uma produção norte-americana. Em nossa equipe tem gente que trabalhou na produção de ‘Moana’ e ‘Era do Gelo’, pessoas experientes. Queremos que seja um marco para as animações brasileiras”, comenta Rafael.
E o trabalho foi duro. Foram três anos de mão na massa, outros três correndo atrás de dinheiro para financiar a animação. Até o convite a Selton Mello foi o próprio Rafael quem fez, quando “Lino” era apenas um teaser. O ator que se dispôs a dublar a personagem ainda na apresentação. “Senão fosse ele, não existiria o ‘Lino’, não ia ter vida. Ele não dublou, ele deu vida à personagem”, elogia Rafael. A animação ainda conta com as vozes das atrizes Paolla Oliveira e Dira Paes.
DNA na região
O fundador da produtora, Walbercy, é nascido na Fazenda Guatapará, na região de Ribeirão Preto, e foi lá que adquiriu a paixão pelo cinema, herdada do pai, que ia até Ribeirão para comprar os filmes da época estrelando Oscarito e Grande Otelo, Roy Rogers, os Três Patetas e Charles Chaplin, entre outros, para passar no cinema da fazenda.
“Era meu Cinema Paradiso”, recorda o artista, que tratou de contar as histórias para o filho, que décadas depois se prepara para lançar a animação. Mas ele também lamenta. “Hoje lá só deve ter cana de açúcar. A mente humana é predadora, destrói culturas. Somos pobres”, completa Walbercy, que trata de melhorar o humor para demonstrar o orgulho que sente pelo filho.
“Este momento é dele. Foi ele quem deu a alma pra este filme sair. Sem a dedicação dele, este longa não seria possível. O filme está no nível das produções estrangeiras, mas com muito pouco dinheiro, porém com muito talento, raça e alma”, realça Walbercy.
Rafael não é de Ribeirão Preto, é nascido em São Paulo, mas conhece tudo o que o antecedeu, por isso o que vem pela frente o deixa mais animado. “Hoje pela manhã [terça-feira, 6] fui ao cinema para ver o filme acabado. O filme passou rápido. Foi divertido, o pessoal da produção e da FOX gostou muito”, comemora o rapaz, que agora passa a trabalhar no trailer da animação, que será lançada em setembro.
Imagem: Divulgação
