Virada Cultural discute amor e problemas brasileiros

Virada Cultural discute amor e problemas brasileiros

Com público heterogêneo, e mensagens de amor de Verônica Ferriani, e reflexão de Marcelo Jeneci, Virada Cultural tem largada em Ribeirão Preto

Falando de amor, diversidade e mulher, começou neste sábado, 28, a Virada Cultural Paulista em Ribeirão Preto. Em palco montado no morro do São Bento, quase 5 mil pessoas acompanharam tributo aos Beatles, Verônica Ferriani, Mustache e os Apaches e Marcelo Jeneci.

Como era de se esperar, em função de atrações musicais tão diferentes, o público presente na Virada também foi bem heterogêneo no primeiro dia de apresentações. A começar por participantes da Marcha da Maconha, que também ocorreu neste sábado, 28, que tiveram como ponto de chegada o palco das atrações musicais.

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Além disso, muitas famílias também compareceram nas apresentações, como a família de Maya, de três anos de idade, que fez questão de definir o roteiro da noite dos pais. “Ah, quem trouxe nós até aqui foi a menina, primeiro levamos ao circo e agora trazemos ela para se enturmar com esse ambiente”, disse a empresária Natália Sussumo que, acompanhada do marido e músico Tiago Siqueira, aprovou a mistura de tribos no evento.

E haja diversidade. Os primeiros a subir ao palco foram os integrantes da banda The Fabfakes, que homenageiam The Beatles. O grupo agitou a galera que ia chegando ao morro com clássicos da banda de Liverpool, como Come togheter, Twisted and shout e Helter Skelter, trazendo logo de cara uma boa impressão para o público.

“É demais poder mostrar o nosso trabalho para aqueles que não nos conhecem, ainda mais ver que eles curtiram e pedem mais. E isso só um público bem diversificado pode trazer. Que Ribeirão Preto tenha mais oportunidades como essa, porque na situação que nosso país está, essa mistura de pensamentos é muito bem-vinda”, afirmou Marco Aurélio “Paul McCartney” Monteiro, baixista da banda.

E o agito levado pelos The Fabfakes não foi embora, isso porque a bela voz de Verônica Ferriani fez um grande show para aqueles esperavam uma boa música brasileira. Verônica diversificou os gêneros, e com presença de palco e voz afinada também não desanimou ninguém.

Um dos destaques da cantora, nascida em Ribeirão Preto, foi levar mensagem de amor e liberdade para a Virada. “Vamos falar de amor e de mulher, porque é disso que nós precisamos nestes dias difíceis que estamos vivendo”, apontou.

Depois de Verônica, quem subiu ao palco foi a banda paulistana Mustache e os Apaches, que com grande afinidade com diversos instrumentos fez um som bem animado para deixar a plateia aquecida para as apresentações que ocorreriam em seguida. Durante este show, houve até uma manifestação contrária ao presidente interino Michel Temer (PMDB).

“Nós não puxamos nada. Saiu de forma tão natural. Acho que o pessoal encampou a nossa adrenalina de tocar num espaço tão bacana, e se animou. Nós tocamos ainda muito tranquilos, embora agitados, já que nos apresentamos ontem, o que só deixa mais tranquilo”, comentou Pedro Pastoriz, vocalista do grupo.

Após os Mustaches, foi a vez de Marcelo Jeneci, que levou a vibe positiva para o público, e era a atração mais aguardada pela maioria dos presentes. Tanto que quando o repertório inicial terminou, os gritos de bis foram intensos, prolongando o show por mais 20 minutos.

Mas além da troca com os fãs, e das músicas, que mesclam do baião ao psicodélico, Jeneci não se esqueceu dos assuntos que movimentam o Brasil em maio, como o impeachment de Dilma Rousseff (PT), e o estupro coletivo, que uma jovem sofreu no Rio de Janeiro, na última semana.

“É um estupro o que essa menina sofreu. É um estupro as pessoas normatizarem isso. É um estupro os homens ficarem calados, mas também não podemos esquecer, que ignorar 54 milhões de votos é um estupro que nossa democracia sofreu”, enfatizou o músico.

Após Jeneci, ainda aconteceu a apresentação de stand-up comedy do humorista Marcelo Mansfield, que até brincou com o prolongamento do show de Jeneci, que o fez esperar atrás das cortinas por meia hora. O espetáculo terminou às 3h da manhã em ponto.


Foto: Walmir Guerra

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