Jornalista Marcelo Canellas apresenta palestra em Ribeirão
Evento contará com a presença do jornalista Sidney Barbalho e faz parte das comemorações de 30 anos da Revide
Em comemoração aos 30 anos da Revista Revide em Ribeirão Preto, nesta quinta-feira, 28, às 19h30, no auditório da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP), será realizada uma palestra com os jornalistas Marcelo Canellas e Sidney Barbalho.
O tema da conversa será a trajetória do repórter especial da Rede Globo que trabalhou em Ribeirão Preto no início de sua carreira. Outro destaque do encontro será a biografia profissional ‘Marcelo Canellas, por um jornalismo humanista’ (In House), escrita por Barbalho.
Para Canellas, voltar a Ribeirão Preto é reviver uma época bastante intensa de sua vida. “Meus laços afetivos com a cidade nunca se desfizeram. Fiz amigos queridos, com quem mantenho contato até hoje. Eu tinha 22 anos quando cheguei, em 1988, com uma experiência de apenas seis meses de trabalho em televisão trazida do Rio Grande do Sul, onde me formei e comecei na profissão. Portanto, quase todos os fundamentos da reportagem de televisão eu aprendi com os colegas da então TV Ribeirão, hoje EPTV, sob a supervisão de jornalistas talentosos como Rosana Zaidan, João Garcia Duarte Neto e Rubens Volpe”, comenta Marcelo Canellas sobre seu retorno a Ribeirão Preto.
Segundo a diretora da Revide, Isabel de Farias, receber o Marcelo Canellas e o Sidney Barbalho é um grande presente. “A proposta do bate-papo e a escolha dos palestrantes não são por acaso. O Canellas, no início da sua carreira, trabalhou aqui. Já o Sidney fez um excelente trabalho sobre a trajetória profissional do jornalista. Durante o encontro, as transformações do jornalismo nos últimos 30 anos, alinhadas à idade que a revista está completando, serão destaques”, enfatiza Isabel.
Na obra ‘Marcelo Canellas, por um jornalismo humanista’ é resgatada a trajetória de um dos jornalistas brasileiros mais premiados na cobertura em defesa dos direitos humanos. Com a leitura é possível descobrir como nasceu o contador de histórias de segmentos sociais excluídos e ignorados do nosso País. Barbalho passou 365 dias apurando cada fase da carreira do repórter e realizou dezenas de entrevistas com amigos, familiares, ex e atuais colegas de trabalho do jornalista.
Sobre ter a sua história abordada em um livro, Marcelo Canellas comenta que tem sentimentos contraditórios. “De um lado, sinto-me tremendamente lisonjeado por ter minha carreira contada em uma biografia profissional tão bem escrita. Mas, por outro lado, a gente tem de ter cuidado para não se levar a sério demais. A função de um repórter é apenas sua obrigação. É preciso relativizar o peso de um profissional diante da grandeza insuperável do jornalismo”, comenta.
Barbalho diz que não conhecia Canellas pessoalmente, só por meio de suas matérias na televisão. A ideia da obra surgiu durante o seu trabalho de conclusão de curso. “O jornalismo possui tantas especificidades e vertentes. Entre todos esses segmentos possíveis, está timidamente a área voltada aos direitos humanos. Um tipo especial e delicado que se debruça e se preocupa, basicamente, com os dramas da humanidade: fome, exploração infantil, falta de saneamento básico, de água, de escolas adequadas ou de material decente para que hospitais funcionem. Podemos dizer que Marcelo Canellas é aquela luzinha vermelha de alerta que pisca quando as coisas não vão bem, a voz de quem não tem voz”, explica.
Para escrever, Barbalho fez mais de 760 horas de entrevista, com mais de 50 entrevistados, em sete cidades diferentes ao longo de 12 meses. “A pesquisa foi muitas vezes cansativa, mas conforme ia me aprofundando no tema, me via mais envolvido e mais fascinado com a carreira do Canellas e com as possibilidades do jornalismo de direitos humanos. No fim, nasceu esse livro, o qual eu espero que venha preencher uma lacuna na literatura sobre esse nicho específico”, diz.
Na memória do jornalista Ribeirão ocupa parte generosa de seu baú de lembranças. “Como esquecer do calorão, do chope no Pinguim, das pescarias no Rio Pardo, dos passeios no Bosque da Cidade ou no campus da USP. Além do sorvete na Praça XV, das corridas de Trólebus (que pena que acabou), das mangueiras carregadas, do macarrão com frango nos fins de semana, das peladas com os amigos na Cava do Bosque, das viagens pela região, de Sertãozinho a Brodowski, de Mococa a Serrana, de Santa Rosa de Viterbo a Jaboticabal. Tenho saudade do ano e meio em que esquadrinhei a região de Ribeirão Preto fazendo reportagens. Mas tenho, principalmente, nostalgia do tempo em que me reunia com os amigos para jogar conversa fora num ‘pé-sujo’ de esquina qualquer”, relembra.
As principais mudanças da comunicação nos últimos 30 anos também estarão na pauta da palestra. “O jornalismo passou por uma verdadeira revolução tecnológica nas últimas três décadas. Em nada se parece, do ponto de vista da carpintaria técnica do ofício, com o que se fazia há 30 anos. Mas se há uma certeza que veio com as mudanças, ao contrário das predições catastrofistas, é a de que a reportagem de qualidade nunca foi tão imprescindível, independentemente da plataforma em que for gerada”, comenta o repórter.
Sobre os obstáculos da profissão, Canellas acredita que talvez o principal desafio seja o de lidar com a notícia sem a contaminação de teses à primeira vista. “Tento manter o espírito livre, e me despir de meus preconceitos e ideias preconcebidas, para desfrutar do grande tesouro da reportagem: o privilégio de se surpreender com a vida”, afirma.
Em seus 28 anos de televisão foram muitas as reportagens importantes de sua carreira. “Talvez um divisor de águas tenha sido a série sobre a fome no Brasil, que fiz para o Jornal Nacional e que foi veiculada, em cinco episódios, no ano de 2001”, comenta Canellas.
A entrada será dois litros de leite que serão destinados a Organização Cidadania Ativa (OCA). A troca pelo convite pode ser feita na Revide (Rua Heitor Chiarello, 882), de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
Serviço
Palestra com Marcelo Canellas e Sidney Barbalho
Quando: Nesta quinta-feira, 28 de abril, às 19h30.
Onde: Auditório da AEAARP (Rua João Penteado, 2237).
Quanto: dois litros de leite que serão destinados a Organização Cidadania Ativa (OCA).
Foto: Divulgação
