Olhos abertos para a superação

Olhos abertos para a superação

Estudante com apenas 5% da visão demonstra talento na arte; Ela pinta, grafita e sonha em ser tatuadora

Uma estudante em Ribeirão Preto tem provado que as dificuldades não impedem a conquista de objetivos. Letícia Voi, 18, é artista e futura tatuadora. O detalhe é que a garota sofre de uma doença degenerativa na retina, assim enxerga apenas 5% de uma pessoa qualquer. Ela ainda possui acromatopsia incompleta (confusão de cores) e fotofobia intensa (incômodo ao ser exposto sobre a luz solar).

Mesmo com uma deficiência que atinge uma pessoa a cada 500 mil, Leticia exalta seus dotes e como passa por cima de todas as dificuldades. “Eu sempre gostei de desenhar, desde pequenininha. Quando criança ficava na casa da minha vó, ela fazia quadros realistas e isso foi o que mais me influenciou já que eu adorava suas artes. Ao crescer, me formei no curso de desenho livre. Meu estilo é um conteúdo livre, sem regras que me atrapalhem”, conta.

Com seu estilo não regrado, a estudante faz muito trash pop (estilo de arte surrealista). “Faço estilo realista comercial e grafite. Não tenho muita técnica, apenas sigo sem direção. Adoro grafitar e tenho um objetivo que é me especializar em tatuagens, no entanto, neste momento penso nos vestibulares. A arte nanquim e aquarela são outros estilos que gosto”, afirma.

A garota conta que ainda existem alguns preconceitos ao seu redor ligados a tatuagem. Entretanto para ela é algo que deve se dissolver com o tempo. “O tema preconceito foi sempre presente em minha vida pelo fato de eu não enxergar de longe. Enxergo bem apenas um metro de distância. Pessoas conhecidas uns três metros, já as desconhecidas infelizmente não tem como. Então as pessoas que não me conhecem, me acham um pouco arrogante. Elas criam uma visão muito diferente do que sou. Eu não quero passar a visão, mas infelizmente passo. Eu não consigo atravessar a rua, se estou sozinha peço ajuda para as pessoas. Quando peço, as pessoas se assustam por que pensam que estou brincando. Algumas pessoas até ajudam, outras correm ao pensarem que é um assalto ou uma pegadinha”.

O que deve ser observado é que a cidade de Ribeirão Preto ainda possui algumas dificuldades no transporte infraestrutura para pessoas deficientes visuais. “Eu sempre me virei muito sozinha, já que não aceito muito bem minha deficiência. O que eu quero, vou atrás sem medo de opressão até conseguir. Pela pouca visão não significa que sou menor que os outros. O preconceito principalmente vem do medo. Ao serem reprimidos, as pessoas adquirem medo em se manifestar e na verdade esse medo não pode existir, pois você já concretizou o que te faz bem. Respeito gera respeito”, finaliza Letícia.

Revide On-line
Pedro Gomes
Fotos: Ibraim Leão

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