Preto Zezé, da CUFA, fala sobre conscientização de agentes políticos sobre as favelas do Brasil
Potências empresariais de favelas e territórios periféricos foram pauta da conversa
"Empresário, ativista social, líder de agendas positivas e potentes das favelas do mundo. Ex-lavador de carros". É assim que Francisco José Pereira de Lima se apresenta nas redes sociais. Preto Zezé é presidente global da Central Única das Favelas (CUFA) e escritor referência quando o assunto é territórios periféricos.
Numa conversa mediada por Marcivan Barreto, presidente da CUFA do estado de São Paulo, os dois falaram para um público atento e que veio para discutir as potências empresariais das favelas e o empreendedorismo nas comunidades.
Já no início da conversa, Preto Zezé abordou o encarceramento em massa, citando que as pessoas precisam entender que quem custeia essas ações são os próprios cidadãos, através do pagamento de impostos. "O Governo é capaz de gastar R$4 mil por mês para manter um preso na cadeia, mas não é capaz de gastar R$2 mil com o custeio mensal de um projeto social", disse ele.
"Hoje, o trabalho que a CUFA desenvolve é de resgate em 5 mil favelas de todo o Brasil", disse Marcivan que, recentemente, foi garoto propaganda do Corinthians e acredita que deve servir de exemplo para que cada vez mais a "favela chegue ao asfalto". Ele ressaltou que, no período de pandemia, eles conseguiram atender 16 milhões de brasileiros, através da movimentação de R$800 milhões de reais enquanto a OMS pedia isolamento, que não era possível dentro dos territórios periféricos. "O que nós fizemos foi arregaçar as mangas e ir para a rua. Por exemplo, entregamos 500 mil unidades de chips de telefonia celular com internet banda larga de qualidade para as mães, com dados móveis que duravam uma semana, às vezes um ou dois dias, com os filhos que precisavam estudar on-line. Foi isso que a CUFA fez."
O diálogo seguiu pelo caminho de que não é necessário tirar de um para dar ao outro, mas que devem coexistir, que os diálogos com os agentes políticos e grandes empresários deve existir, a fim de trazê-los para perto, para que vejam os empreendimentos que podem surgir destes territórios. "Eu pensava que este movimento de trazer a favela para o asfalto era para aparecer, mas, conforme fui conhecendo, vi que eles de fato querem ajudar. Encontrei várias pessoas que vi que dá para fazermos coisas juntos. Encontrei também muita gente de favela que queria chegar nos empresários e que não sabia como. Claro que deve ter quem só quer aparecer, mas tem quem está com a gente desde antes, durante e pós pandemia. É com esses que eu conto.", disse Preto Zezé, que concluiu dizendo ser muito importante a visibilidade que a CUFA ganhou durante a pandemia, trazendo, também, mais responsabilidade, mais trabalho mas que fica feliz com a boa ajuda que chegou.