Produtor de Ribeirão Preto integrou equipe de 'Ainda Estou Aqui'
Produtor ribeirãopretano Lourenço Sant'Anna com a primeira estatueta do Oscar entregue a um filme brasileiro

Produtor de Ribeirão Preto integrou equipe de 'Ainda Estou Aqui'

Primeiro Oscar da história do cinema nacional teve a presença de um ribeiraõpretano

O filme brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional na 97ª edição da premiação, realizada em 2 de março de 2025, no Teatro Dolby, em Los Angeles. Esta vitória representa a primeira estatueta do Brasil na história do Oscar.

 

Além de Melhor Filme Internacional, Ainda Estou Aqui recebeu indicações em outras duas categorias de destaque: Melhor Filme e Melhor Atriz, pela atuação de Fernanda Torres. Embora não tenha vencido nessas categorias, a presença do filme entre os indicados reflete o reconhecimento internacional da qualidade do cinema brasileiro.

 

O enredo de Ainda Estou Aqui aborda a história de uma família lidando com o desaparecimento do pai, Rubens Paiva, durante a ditadura militar no Brasil, destacando questões de direitos humanos e memória histórica. A vitória do filme foi celebrada por autoridades brasileiras, que parabenizaram a equipe pela conquista histórica.

 

O presidente Luís Inácio Lula da Silva parabenizou a vitória em nas redes sociais. “Hoje é o dia de sentir ainda mais orgulho de ser brasileiro. Orgulho do nosso cinema, dos nossos artistas e, principalmente, orgulho da nossa democracia [...]”, escreveu. O presidente também ligou para Walter Salles após a premiação parabenizando o diretor e a equipe pela conquista.

 

DE RIBEIRÃO PRETO PARA O TAPETE VERMELHO

 

O longa contou com a produção executiva do ribeirão-pretano Lourenço Sant'Anna. Além de Ainda Estou Aqui, outros trabalhos que tiveram o envolvimento de Sant'Anna já chegaram ao Oscar, como O Farol (2019) e Me Chame Pelo Seu Nome (2017). Para o produtor, primeiro Oscar brasileiro é um reconhecimento da dedicação e do talento de toda uma indústria, da paixão e do trabalho sério da equipe e elenco envolvidos na produção.

 

Natural de Ribeirão Preto, o produtor executivo Lourenço Sant’Anna se destacou a recepção calorosa do público com o filme

 

“Foi uma honra ter contribuído com o filme e ter acompanhado a trajetória única que todos os brasileiros viram e torceram tanto nos últimos meses”, comemorou. “Ter o filme abraçado da forma que foi pelo público, foi muito especial. Pessoas falando que tinham ido duas, três vezes aos cinemas assistir e se emocionavam todas as vezes. Quando foi a última vez que um filme fez isso?”, acrescentou.

 

Sant’Anna também destacou a maestria da condução do diretor Walter Salles, conseguindo extrair o melhor de cada um envolvido com a produção. “Ver o cinema como instrumento de união e motivo de orgulho para todos nós brasileiros é absolutamente incrível, uma emoção inigualável.” , conclui o produtor.

 

 

POTÊNCIA CULTURAL

“O Oscar revela a qualidade das produções brasileiras, do cinema nacional e de toda a cadeia produtiva do nosso audiovisual, desde os atores, técnicos de luz e som, roteirista, diretores, tudo! Ainda Estou Aqui mostra para o mundo que o Brasil é uma potência cultural cinematográfica. E, além disso, traz uma conquista inesquecível  com genialidade ao retratar um momento histórico do Brasil que não pode ser esquecido para que nunca seja repetido.", Maria Eugênia Biffi, secretária municipal de Cultura e Turismo.

 

MEMÓRIA E HISTÓRIA

“A conquista do Oscar de melhor filme internacional pelo filme Ainda Estou Aqui tem uma importância enorme para todos nós brasileiros. Em primeiro lugar, importância cultural pela belíssima produção artística  de Walter Salles, com destaque para Fernanda Torres. Mas também importância histórica pelo necessário resgate de um dos momentos mais perversos da trajetória de nosso país. Não podemos esquecer daquelas páginas sombrias retratadas pelo Ainda Estou Aqui para que elas não mais se repitam. O sucesso de crítica e de público mas também o reconhecimento com diversos prêmios, além do Oscar, refletem a importância do filme em um contexto social e político complexo não só no Brasil mas em todo o mundo. Ainda Estou Aqui é um alerta e um apelo para todos nós no sentido da urgência de defendermos os direitos humanos, a  cidadania e a Democracia diante da avalanche da mentira, do ódio e do retrocesso”, José Antônio Lages, professor e historiador.

 

VISIBILIDADE

“A vitória do Brasil no Oscar com o filme Ainda Estou Aqui é um marco histórico para o nosso cinema. Além de conquistarmos o Oscar de Melhor Filme Internacional, o filme concorreu na categoria Melhor Filme, sendo reconhecido como um dos melhores do ano nos Estados Unidos, o que traz uma visibilidade imensa para o cinema brasileiro. Para mim, essa é uma grande evolução, e espero que essa conquista motive empresários a investirem mais no audiovisual, principalmente por meio da Lei do Audiovisual. Essa vitória precisa abrir os olhos para a importância de investir em cinema, porque, se Ainda Estou Aqui tivesse sido feito exclusivamente com recursos nacionais, o patrocinador da marca poderia agora estar dizendo: ‘Minha marca chegou no Oscar’. Também acredito que essa vitória deve incentivar mais diversidade de gêneros no nosso cinema e que as pessoas entendam que o cinema brasileiro não se resume ao eixo Rio-São Paulo, nem a um grupo específico.” André e Marcos de Castro, os "gêmeos do cinema".

 

IMPORTÂNCIA REGIONAL

“A vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar fortalece o cinema brasileiro e impulsiona o país como um polo atrativo para novas produções. Além da consagração artística, o reconhecimento internacional abre portas para investimentos e oportunidades no setor audiovisual. A Região Metropolitana de Ribeirão Preto tem grande potencial para se tornar um centro de produção cinematográfica. Com 34 municípios, cenários diversos, clima favorável e infraestrutura completa, a região oferece condições ideais para filmagens e sua alta taxa de luminosidade é um diferencial muito positivo”., Edgard de Castro, iretor Institucional da Film Commission de Ribeirão Preto. Vice-presidente da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.

 

INDICADOS

 

Outros filmes brasileiros já receberam indicações ao Oscar:

 

O Pagador de Promessas (1962) – Indicado a Melhor Filme Estrangeiro.

 

Central do Brasil (1998) – Indicado a Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (Fernanda Montenegro).

 

O Quatrilho (1995) – Indicado a Melhor Filme Estrangeiro.

 

Cidade de Deus (2003) – Indicado a Melhor Diretor (Fernando Meirelles), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem e Melhor Fotografia.

 

O Menino e o Mundo (2015) – Indicado a Melhor Animação.


Foto: Acervo pessoal

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