Sertãozinho serviu de inspiração para uma das maiores escritoras brasileiras
Escritora comemorou 95 anos de idade neste mês de abril; Sertãozinho serviu de inspiração para seguir sua vocação

Sertãozinho serviu de inspiração para uma das maiores escritoras brasileiras

Lygia Fagundes Telles passou parte da infância na cidade da região de Ribeirão Preto

Embora tenha nascido em São Paulo, a escritora Lygia Fagundes Telles, que completou 95 anos no dia 19 de abril, passou parte da infância em Sertãozinho, na região de Ribeirão Preto.

Mesmo que tenha sido uma passagem efêmera – morou na cidade por volta dos quatro anos de idade -, ter vivido em Sertãozinho ajudou a escritora se inspirar. Isso porque ajudou a autora a ter forças para ser uma das primeiras mulheres a se formar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, uma das mais conceituadas no País, nos anos 1940.

Em diversas entrevistas, como uma concedida para o Programa Roda-Viva, da TV Cultura, ela explicou o termo “mulher-goiaba”, cunhado por ela, para explicar o fato de ter tomado iniciativa e ter saído do “determinado” na época para as mulheres, como a tradição de serem donas de casa.

Em outro depoimento para a Revista Brasileira de Psicanálise, em 2008, ela explica a ligação do termo com Sertãozinho. Já que ela se recordava de, enquanto criança, colher goiabas no quintal de casa para a mãe, que era pianista, poder fazer doces.

“O que é mulher goiaba? É a mulher caseira, antiga ‘rainha do lar’ que sabe fazer a melhor goiabada no tacho de cobre. A minha mãe, uma excelente pianista, não prosseguiu na carreira que começou na adolescência porque estava dentro da mentalidade preconceituosa de seu tempo e também minha avó, minhas tias lá longe... Mulheres sem condições de ousar a profissão, sem coragem de atender ao chamado, vocare em latim. A vocação, a paixão. Eu me lembro, era menina quando ia com a cesta para colher goiabas no quintal da nossa casa lá em Sertãozinho e onde meu pai era promotor. Minha mãe seria mais feliz se fosse pianista? E se ela continuasse estudando e compondo naquele antigo piano preto com os quatro castiçais, hein? Mas esta seria uma extravagância, uma ousadia e em vez de abrir o álbum de Chopin ela abria o caderno de receitas”, afirmou à época.

Em outra passagem da escritora, em reportagem do caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, Lygia lembra que, ao morar em Sertãozinho, a mãe lhe contou uma história sobre uma bisavó, que se passou justamente na cidade da região de Ribeirão Preto. Ela teria morrido após sofrer de amor, só que não havia flores na cidade para cobrir o túmulo. Eis que apareceu um anjo com ramo de lírios recém-colhidos para suprir a ausência dos ramos.


Foto: Divulgação/ Companhia das Letras

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