Capitã Altamira foi uma das 73 mulheres de Batatais na Segunda Guerra Mundial
Altamira recebeu medalhas pelos seus feitos durante e depois da Segunda Guerra

Capitã Altamira foi uma das 73 mulheres de Batatais na Segunda Guerra Mundial

Mulheres da região fizeram parte das "Febianas", enfermeiras enviadas junto aos soldados brasileiros

Entre julho de 1944 e o final da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1945, 73 mulheres saíram voluntariamente de Batatais para prestarem auxílio médico na Força Expedicionária Brasileira (FEB). Dentre elas, a Capitã Altamira Pereira Valadares é lembrada pela atuação durante o conflito e por serviços prestados à classe militar após a guerra.

Nascida em Batatais, no dia 15 de julho de 1910, Altamira já era enfermeira há uma década antes do estouro da segunda grande guerra. Segundo Alessandra Baltazar, pesquisadora cultural do Centro de Documentação de Batatais, a profissão de enfermeira naquela época era exclusiva pra mulheres.

“Para ir à Segunda Guerra Mundial, o Brasil levou soldados e tinha que enviar um grupo médico junto. Todas as enfermeiras que foram eram voluntarias. E elas tinham de realizar treinamento militar para saber se virar no campo de batalha”, explica. Por se unirem à FEB, essas mulheres ficaram conhecidas como as "Febianas".

Segundo a pesquisadora, as Febianas passavam por treinamentos no qual precisavam rastejar por baixo de arame farpado e aprender a correr carregando um corpo nas costas em meio ao fogo cruzado, entre outros.

Altamira serviu a Primeira Divisão Brasileira integrada ao Quinto Exército Americano sob comando do general Mark W. Clark, atuando principalmente em solo italiano. Além de salvar a vida de vários soldados brasileiros, a capitã também foi responsável por ajudar prisoneiros nazi-fascistas feridos. Alessandra explica que a função das enfermeiras na guerra era ajudar os feridos, independente do lado em que estivessem lutando.

A Capitã Altamira recebeu medalhas e honras pelos seus feitos durante e depois da guerra

Lutas após a Guerra

No período pós-guerra, não houve um planejamento por parte das autoridades militares brasileiras da época, em relação a uma política de assistência e reintegração social dos combatentes. Com isso, conforme explica Alessandra, muitos soldados, incluindo as Febianas, foram desligados do quadro militar nacional.

E foi ai que Altamira iniciou uma nova batalha: a pelo respeito e a preservação da história dos que estiveram representando o país na guerra. Depois de muita reivindicações e lutas, Altamira foi reformada, em junho de 1949 como capitã, recebendo a Medalha de Guerra e a Medalha de Campanha do Exército Brasileiro.

Altamira ainda ajudou a implantar, com recursos do próprio bolso, o Centro de Documentação de Batatais, responsável por preservar a memória dos que lutaram na Segunda Guerra e, principalmente, das Febianas.

Ao longo da vida, a capitã continuou a carreira na enfermagem, ministrou palestras sobre a experiência em guerra e ainda escreveu uma biografia sobre as 73 bravas mulheres batataenses.  Altamira faleceu aos 94 anos, em 2004, em Batatais.

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Fotos: Centro de Documentação de Batatais

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