Oscar 2022 e a representatividade para a comunidade surda
No Ritmo do Coração saiu com três estatuetas, incluindo o de Melhor Filme

Oscar 2022 e a representatividade para a comunidade surda

A 94ª edição da cerimônia foi marcada por polêmica de Will Smith e o filme "No Ritmo do Coração" levando o prêmio mais importante da noite

O Oscar 2022 ocorreu na noite do último domingo, 27, no Dolby Theatre, em Los Angeles. A grande surpresa da cerimônia ficou para o longa “No Ritmo do Coração”, filme da AppleTV e disponível no catálogo da Amazon Prime Vídeo, levando prêmios importantes como Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator Coadjuvante para Troy Kotsur – sendo o primeiro Oscar para um ator surdo – e, também, o prêmio mais importante da noite: o de Melhor Filme.

O filme retrata a vivência de uma família com deficiência auditiva que comanda um negócio de pesca. Ruby (Emilia Jones), a única pessoa da família que escuta, ajuda os pais e o irmão surdo com as atividades do dia-a-dia. A personagem fica num abismo entre ajudar a sua família ou correr atrás do seu sonho: a música. Protagonizado por atores surdos, o longa traz uma representatividade para a comunidade nunca vista antes nos filmes.

Para a pedagoga e intérprete de libras Rosana Ávila de Oliveira, o fato do filme vencer um Oscar fortalece ainda mais a comunidade. “O filme é uma importante representatividade para a comunidade surda, uma vez que por décadas houve várias conquistas alcançadas. Com o Oscar, acredito que haverá mais filmes e séries para uma maior visibilidade para essa causa”, relata a intérprete.

Elenco de "No Ritmo do Coração" fazendo o sinal de "Eu te amo" após vencer o prêmio de Melhor Filme. Foto: Brian Snyder/Reuters

Principais vencedores

A premiação foi marcada por diversos acontecimentos que ficaram na memória do público, como Will Smith dando um tapa no comediante Chris Rock, e o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante para a Ariana DeBose, sendo a primeira afro-latina a ganhar a estatueta e a primeira vez que uma personagem feminina conquista o prêmio com duas atrizes diferentes. A outra atriz foi Rita Moreno, que venceu, também, como Melhor Atriz Coadjuvante, em 1961, pelo papel de Anita - mesmo papel de Ariana DeBose - em Amor, Sublime Amor.

A 94ª edição da mais tradicional premiação de filmes contemplou Duna com seis estatuetas – das dez que concorreu –, em praticamente todos os requisitos técnicos da cerimônia. Para Cid Machado, professor em Produção Audiovisual do Centro Universitário Barão de Mauá, Duna consegue criar climas envolventes e imersos, por isso ‘varreu’ todos os quesitos: “Denis Villeneuve (diretor do longa-metragem) é um nome forte nos últimos anos. Ele consegue unir uma visão dramática profunda das personagens à escala épica de superproduções”, comenta o professor.

Will Smith (King Richard: Criando Campeãs) e Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye) levaram os prêmios de melhor ator e melhor atriz, respectivamente. Cid declara que ambos eram favoritos para suas indicações e que mereceram levar a estatueta. “Esta temporada é de Smith, que apesar da polêmica em que se envolveu na cerimônia, levou os principais prêmios possíveis para um ator. Em Os olhos de Tammy Faye, Chastain emula com brilhantismo a primeira estrela gospel da mídia estadunidense”, finaliza o especialista.

Will Smith emocionado no seu discurso após vencer o prêmio de Melhor Ator. Foto: Brian Snyder/Reuters

 

 


Foto: Brian Snyder/Reuters

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