Rato virtual substitui animais vivos em testes da USP RP
Rato virtual é opção para substituir cobaias vivos em testes

Rato virtual substitui animais vivos em testes da USP RP

De acordo com pesquisadores, os ratos virtuais são capazes de simular ansiedade

Com base numa equação matemática, pesquisadores da USP em Ribeirão Preto dão um importante passo para a substituição dos animais em pesquisas, pelo menos nas que avaliam ansiedade em ratos em um labirinto.

Os pesquisadores do Departamento de Computação e Matemática e do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto criaram um programa de computador que, com base numa equação matemática, é capaz de reproduzir comportamentos de ansiedade e medo de ratos em testes de psicologia experimental.

O modelo simula, inclusive, efeitos de drogas ansiolíticas e ansiogênicas, que, respectivamente, reduzem e aumentam a ansiedade do animal. Esse é um novo modelo virtual desenvolvido no Brasil, o país que mais tem estudado esse problema no mundo, assegura Ariadne de Andrade Costa, que trabalhou no novo sistema sob orientação do professor Renato Tinós.

O rato virtual, desenvolvido por Ariadne, na verdade é uma rede neural artificial (uma estratégia de Inteligência Artificial, inspirada no funcionamento de redes de neurônios do sistema nervoso), que foi avaliada em um “labirinto de cruz elevado” –
instrumento utilizado em pesquisas que avaliam ansiedade e defesa de ratos e camundongos em laboratório.

A importância do modelo que criou, diz a pesquisadora, vai além da redução do uso de animais em experimentos. Ela garante que modela “um rato muito parecido com um rato médio, capaz de se comportar como um rato real” nesse labirinto. Com ele, “é possível predizer efeitos de dosagens diferentes de drogas ansiogênicas e ansiolíticas”.

Os resultados foram comparados com informações de ratos reais, de estudos realizados no laboratório do professor Silvio Morato de Carvalho, do Departamento de Psicologia da FFCLRP. Para isso, os pesquisadores propuseram a elaboração de equações matemáticas para verificar diversas variáveis envolvidas no modo como o rato se comporta no labirinto.

Até o momento, segundo o professor Tinós, os modelos de ratos virtuais apresentados eram limitados. “A comparação com ratos reais mostrou que o rato virtual consegue reproduzir diversos comportamentos com ‘significância estatística’”, comemora Ariadne.

"se um ansiolítico novo precisa ser testado, os ratos em labirinto são muito usados para saber se a droga cumpre sua função; nesses casos, podemos usar rato virtual para predizer os efeitos da droga no comportamento do animal”, diz. Para a pesquisadora, essa inovação pode dispensar, em partes, o uso de animais e seus sacrifícios, pois as respostas podem ser verificadas por análises virtuais.


Foto: Divulgação

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