Ribeirão Preto terá consulta sobre independência do Estado de São Paulo
Ribeirão Preto terá consulta sobre independência do Estado de São Paulo

Ribeirão Preto terá consulta sobre independência do Estado de São Paulo

O município é um dos 64 localizados no Estado que receberão consulta sobre a criação de um novo país em São Paulo

“Você gostaria que São Paulo se tornasse um país independente?”, os eleitores de Ribeirão Preto poderão responder essa pergunta no próximo dia 2 de outubro – mesmo dia das Eleições Municipais 2016 – em um plebiscito consultivo para avaliar como as pessoas enxergam a forma que o Estado de São Paulo está representado nacionalmente.

A consulta é uma proposta do grupo São Paulo Livre. Para eles, caso São Paulo fosse independente, seria mais fácil gerir os serviços públicos, já que o dinheiro dos impostos “ficariam por aqui mesmo”. Até o momento, 64 municípios contarão com uma urna usada para votação, que ficará em local que ainda será definido.

Um dos principais pontos de discordância dos integrantes do movimento é a distribuição do dinheiro dos impostos no País para cada unidade da federação. Para eles, São Paulo, que contribuiu em 2013 com R$ 453 bilhões para a União, de acordo com o Portal de Transparência da Receita Federal, deveria ter esse dinheiro aplicado na íntegra no próprio Estado.

“Ficaríamos até felizes em pagar para o Governo Federal, se esse nosso dinheiro fosse bem usado. Mas grande parte do que pagamos em impostos acaba sendo desperdiçado para cobrir o orçamento de 15 Estados que não conseguem nem pagar sozinhos suas próprias contas”, apontam.

Mas especialistas divergem da tese. Embora a Constituição Federal não considere movimentos separatistas crime, desde que não envolva violência, São Paulo perderia muito na economia, pois teria de iniciar negociações com o novo vizinho – o Brasil – para realizar exportações, por exemplo.

Caso São Paulo já fosse um país independente, a situação econômica poderia ser ainda pior do que atual, já que, em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado se retraiu 4,1%, de acordo com a Fundação Seade, enquanto a recessão nacional foi de 3,8%, segundo o IBGE.

“Fazer parte de um país significa ter acesso a todo o mercado da nação sem pagar impostos. Se você planta cana em São Paulo pode vender seu etanol para os postos do Mato Grosso, mas não para os dos EUA, que cobram taxas pesadas. Se o resto do Brasil levantar barreiras, São Paulo teria pouco acesso ao mercado”, aponta o jornalista Alexandre Versignassi, editor da Superinteressante, e autor do livro Crash: Uma breve História da Economia.

O economista Daniel Bellissimo aponta que apenas o fato de existir um tipo de movimento separatista como esse é um sinal das necessidades que precisam se revisar na sociedade, “valorizar mais fortemente nossa cultura enquanto povo brasileiro e valorizar nossa identidade nacional”, diz.

“O Brasil é a mistura, é a beleza da sinergia entre povos. São Paulo é uma representação disso, é só andar pelo Estado para ver isso, tornou-se o que é por causa dessa mistura. Acredito que um dos aspectos da problematização econômica que devemos fazer é como levar as inovações e indústrias de maior valor agregado para outras partes do País”, acrescenta Bellissimo, que defende que é preciso se livrar da identidade de um país que apenas exporta commodities.


Foto: Ciete Silvério

Compartilhar: