Acirp: na vanguarda da mudança
Em seu 120º ano de atuação, a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto se impõe o desafio de seguir crescendo e se antecipando às tendências em prol de seus associados
Ciente do privilégio de celebrar o marco de 120 anos de atuação, a atual gestão da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp) encara como plano de presente e futuro o desafio de manter a entidade fazendo o que sempre fez de melhor – antecipar tendências, acompanhar e influenciar mudanças do mercado e na legislação para estar sempre atualizada e atualizar seus associados – em um mundo globalizado que gira cada vez mais rápido e no qual as novidades tecnológicas mudam hábitos sociais e de consumo em tempo recorde.
Em uma das provas mais recentes de que segue se reinventando e marcando épocas, a Associação assinalou outro importante marco em sua trajetória. Pela primeira vez em mais de um século de história elegeu uma mulher para ocupar seu mais alto cargo: a empresária Sandra Brandani Picinato, presidente por aclamação para o triênio 2023/2026.
Afiliada à Acirp há cerca de 40 anos e membro atuante do empresariado local em áreas tradicionalmente dominada por homens, Sandra já havia ocupado por duas vezes consecutivas a vice-presidência da entidade até ser aclamada para a presidência, em 3 de abril de 2023.
Firme, articulada e política, tem na ponta da língua a grande variedade de serviços que a entidade presta a seus associados e tem planos de ver mulheres cada vez mais atuantes no cenário empresarial. Entre as iniciativas de interesse específico do público feminino, ela destaca a abertura de espaço para a experiência e trajetória de profissionais de talento em eventos como o MEX. “Promovemos anualmente com foco em ampliar a atuação feminina na área de comércio internacional. No entanto, queremos ir além do destaque pontual, por isso temos incentivado, com descontos em mensalidades, que mais empresárias, de todos os segmentos, sejam associadas e atuantes na nossa entidade. É preciso fortalecer o caminho das novas empresárias e líderes”, declara.
Para Sandra, uma prova recente de como a Acirp se mantém constante mente alerta em prol de seus associados foi a forma como prestou suporte ao empresariado durante o evento mundial que absolutamente ninguém previa, que foi a pandemia mundial de coronavírus. “Na ocasião, criamos um boletim diário sobre a situação e trabalhamos pela flexibilização responsável segundo as regras sanitárias. Depois oferecemos crédito subsidiado e desburocratizado para giro e atuamos diretamente como parceiros do poder público e de outras entidades civis em questões que vão desde a revitalização da região central até segurança pública ou estímulo ao empreendedorismo local”, pontua.
Primeiro vice-presidente da atual gestão, Dorival Luiz Balbino era presidente à época e também se orgulha da atuação da entidade durante a emergência sanitária. “Ali nós tivemos embates muito sérios com o setor público. Brigamos, lutamos em favor dos nossos associados”, lembra.
REVOLUÇÕES
Empresário da Stecar Veículos, Ricardo Stefani, atual terceiro vice-presidente, é o primeiro a dizer que, como porta-voz dos empresários dos ramos de comércio e indústria de Ribeirão Preto, a Acirp mantém seu papel de acompanhar as mudanças. “Nesses tempos, em que estamos passando por uma revolução digital que a gente efetivamente não sabe onde vai parar, o que nós precisamos é antecipar tendências, acompanhar mudanças tanto do mercado quanto de legislações, nos atualizar e usar esse conhecimento e expertise para todos os associados”, opina.
Na visão dele, entre os desafios de atualização mais imediatos colocados para o empresariado hoje está a adaptação de todos ao comércio digital, os chamados marketplaces. “Não tem quem não compre pela internet hoje, mas a grande dificuldade do mercado eletrônico é a quantidade de golpes que a gente sofre. Eu entendo também que todos os empresários, comerciantes principalmente, precisam estar focados nesse formato de comercialização. O mercado físico nunca vai terminar, mas hoje a parte digital é uma comodidade muito grande buscada pelo consumidor”, afirma.
Paulo Tadeu Rivalta de Barros, segundo vice-presidente, cita como outra meta da atual gestão ampliar o número de associados, atualmente em 4.951. “Acho que, pela enorme capilaridade que a gente tem e deve manter, temos de perseguir aproximação com mais empresas de Ribeirão Preto, que tem mais de 100 mil no total. Isso dá pouco mais de 5% de associados conosco. A gente tem que buscar uma interação maior para poder levar a mais pessoas essa gama de serviços que a Acirp presta a seus sócios, seja na área de cursos, de serviços, de convênios e tudo o mais”, diz. Barros admite ser uma meta difícil, mas possível de ser atingida com divulgação e reforço de busca ativa feita pelos próprios associados atuais, que podem dar exemplos próprios do quanto “a união faz a força” do empresariado. “O ideal seria alcançar a marca de 7 a 8 mil sócios no advento dessa gestão, que tem mais dois anos pela frente. É uma meta ambiciosa, mas que a gente tem que procurar atingir”, afirma.
Dorival Balbino acredita que a entidade “sempre esteve na vanguarda” em se tratando de defender os interesses dos setores de comércio, indústria e serviços. “A Associação está sempre se adaptando aos momentos, sempre ligada ao que vem acontecendo na parte política da cidade, aos projetos que a Câmara propõe para votar, com uma atuação muito grande para que leis e projetos não venham a prejudicar nossos associados. Eu acho que a Acirp tem que cada vez mais prosperar nesse mesmo sentido”, declara.
De acordo com o empresário, ser centenária não implica apego a velhos métodos e, no caso da Associação, ocorre bem o contrário. “Uma entidade que já passou por ‘n’ pacotes econômicos, por duas guerras mundiais, uma revolução interna no Estado de São Paulo – a Constitucionalista de 1932 – e vários outros problemas se manteve firme exatamente por sempre ter estado na vanguarda de tudo”, afirma.
Outro exemplo de atuação da entidade destacado por Balbino ocorreu durante as discussões para aprovação da Lei de Uso e Ocupação do Solo em Ribeirão Preto. “O processo teve uma atuação intensa de nosso corpo jurídico, nosso engenheiro, enfim, de pessoas ligadas à Associação, que participaram praticamente de todas as audiências públicas em defesa da nossa cidade e dos nossos associados para que leis totalmente absurdas não se concretizassem. Na realidade, a Acirp só completou 120 anos porque tem uma lista de serviços prestados muito grande para todos os seus associados”, conclui o empresário.
Ao longo destas 12 décadas de atuação, a Acirp seguiu ampliando a prestação de serviços aos empresários, provendo e também protagonizando seu próprio crescimento, estruturação emodernização. Vital à sociedade ribeirãopretana tem sido seu envolvimento em causas políticas, econômicas e sociais importantes, como a redução no número de vereadores, na Câmara de Vereadores, o projeto Cidade Limpa, a revitalização do Centro e do Calçadão, a internacionalização do Aeroporto Leite Lopes, a vinda de universidades e centros de estudo para a cidade, a duplicação de rodovias e o incentivo ao Distrito Empresarial, entre outras melhorias infraestruturais.
SUPORTE
A força e importância da representatividade exercida pela Acirp é reconhecida por afiliados dos mais variados segmentos. Caso do comerciante Eurico Esmeraldino Cardoso, proprietário da loja de roupas com tamanhos especiais Super G, há 52 anos instalada à rua Tibiriçá, 542. Para ele, a Acirp sempre fez chegar ao empresariado “bastante esclarecimento em relação ao comércio e varejo”. “A gente escuta coisa boa e acaba fazendo coisa boa”, comenta em seu jeito direto e simples de ser e atender à clientela fiel.
Proprietário e diretor comercial do grupo de supermercados Mialich, Éder J. Mialich também é grato ao suporte que seu negócio sempre encontra na Acirp. “Somos associados há muitos anos e recentemente conseguimos benefícios fiscais graças a uma ação judicial impetrada pela Associação em nome de todos associados. Fomos assessorados a todo momento pela equipe para a execução”, afirma.
Levi Ceregato, proprietário da Gráfica Levi – fundada em 1969 e desde então afiliada à Acirp –, fala com muito orgulho, como empresário e como membro da entidade. Segundo ele, a Associação está sempre atendendo às empresas da indústria, do comércio e de prestação de serviços com um quadro de colaboradores “excelentes”, que respondem às necessidades das empresas, promovendo cursos e palestras de interesse que mantêm todos os afiliados atualizados. “Os conteúdos são sempre atinentes a nossos negócios. A Acirp tem sido, evidentemente, um guarda-chuva para nossa empresa e todas as outras de Ribeirão Preto, dando suporte jurídico, tributário, trabalhista e societário, além de informações atuais sobre a economia e o mercado local e nacional. Ainda promove eventos de natureza social para congraçamento dos associados. Enfim, é uma entidade muito atuante e uma das maiores do Brasil”, declara.
UM POUCO DE HISTÓRIA
A reconstituição da trajetória da Acirp, desde sua criação por um grupo de imigrantes e filhos de imigrantes em 8 de agosto de 1904 até hoje, guarda equivalência com o desenvolvimento da própria cidade.
A primeira diretoria foi formada pelos empresários Albano José de Carvalho, André Martins de Andrade, Antonio Garcia de Souza, Dib Khattar, Jerônimo Hipólito, João Beschizza, José Antunes Tavares Teixeira e Pedro Marzola, além dos dois filhos de imigrantes Antonio Diederichsen e José Osório de Siqueira – o primeiro presidente.
A estruturação que a entidade ajudou a prover aos setores de comércio, indústria e prestação de serviços garantiu passagem pela primeira grande intempérie – a crise mundial de 1929, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York – sem grandes prejuízos e muita resiliência.
As instalações físicas da Acirp, que evoluíram do funcionamento em sedes improvisadas, por toda primeira metade do século 20, até a inauguração do Palácio do Comércio e Indústria, em 1954, também refletiram o aumento no alcance da atuação da entidade ao longo dos anos. Entre as dezenas de sedes onde funcionou até 1954, a principal ficava localizada à rua Duque de Caxias, 78, na parte superior de um imóvel alugado do associado e diretor Angel Castroviejo. Ali a Acirp permaneceu de 1930 a 1939. Em fevereiro de 1938, o então presidente Gilberto Nóbrega adquiriu um sobrado em condições precárias, pertencente ao bispado de Ribeirão Preto. A Associação se mudou para o imóvel em março de 1939, onde ficou por 16 anos.
Amin Antônio Calil, lendário presidente por duas longas gestões (1941 a 1958 e 1962 a 1968), comandou uma das páginas mais importantes da história da Associação: a construção do Palácio do Comércio e Indústria, entre 1950 e 1954. A nova sede foi inaugurada em 8 de agosto de 1954, celebrando meio século da entidade. O prédio de linhas modernistas, projetado pelo engenheiro Armindo Paioni e construído pelo também engenheiro Carlos Zamboni, segue até hoje como sede da Acirp.
Luan Porto