Empresários se articulam para eleição na Associação Comercial e Industrial
Disputa entre chapas, fato raro em 112 anos de Acirp, deve dar o tom da eleição interna de 2017
Com o discurso do “novo”, as eleições municipais de 2016 apresentaram um número considerável de empresários querendo participar da vida política do País de maneira mais direta. O movimento foi intensificado após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que tinha entre os principais opositores justamente os grupos empresariais, por meio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), presidida por Paulo Skaf, derrotado nas eleições para o governo de São Paulo, em 2014.
Em São Paulo, principal cidade do País, a prefeitura, logo no primeiro turno, caiu justamente nas mãos de um empresário, João Dória (PSDB), que é fundador de um grupo de líderes empresariais, e que carregou como principal lema “não ser político” e ser “novo” neste cenário.
Em Ribeirão Preto, uma situação parecida acontece, já que o vice da chapa de Ricardo Silva (PDT), Guilherme Feitosa (PMDB), é diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), e inclusive trouxe para a campanha Skaf, do mesmo partido, para apoiá-lo. O discurso da novidade é o mesmo.
Além disso, outros empresários em Ribeirão Preto resolveram estar mais ativos nas decisões do município, tanto que, na última terça-feira, 25, foi lançado o grupo Movimenta Ribeirão, que aponta que tem o objetivo de “defender os interesses da cidade”. Veja fotos na galeria.
“Pois, se tudo isso que está acontecendo na cidade, nós também temos culpa, devemos ter mais envolvimento com a situação de Ribeirão Preto”, disse o empresário Francisco Pinghera, que participa do movimento. “Queremos pensar tudo que está acontecendo na cidade, pois nós temos sentido que há necessidade de um envolvimento maior dos empresários nas decisões tomadas no município”, completou.
Porém, além da participação política mais efetiva, o grupo tem outro interesse, também: montar uma chapa para a disputa das eleições da Associação Comercial e Industrial (Acirp), em 2017, que se houver a participação da atual diretoria, criará um cenário poucas vezes visto na história da entidade, que este ano completou 112 anos de fundação, já que na maioria dos pleitos a chapa vencedora foi escolhida por aclamação.
Situação vivida pelo atual presidente da entidade, Antonio Carlos Maçonetto, eleito em chapa única, em 2014. “Queremos uma gestão forte, participativa, atuante e mais transparente para uma nova Acirp”, ressalta Dorival Balbino, empresário e líder do movimento, que se diz insatisfeito com a atual gestão.
Maçonetto considera a disputa à diretoria da entidade válida, importante e democrática. “Em uma entidade com cerca de 6 mil associados, divergências de opinião são normais, saudáveis e necessárias”, porém ele lembra que a inscrição para as chapas à disputa da presidência ainda não foi aberta.
Para ele, a participação do empresariado na política de maneira mais direta representa a participação na democracia, assim como outros setores profissionais devem e participam. “É importante que todas as categorias profissionais participem e, porventura, candidatem-se a cargos públicos. A proposta de uma gestão mais profissional conta muito, sim, referente à experiência bem sucedida como empresário”, comentou.
Foto: Luiz Cervi
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