Especialistas analisam impactos econômicos da guerra na Ucrânia
Conflito entre Rússia e Ucrânia pode afetar o preço de alimentos, petróleo e gás natural
Na madrugada da quinta-feira, 24, a Rússia invadiu a Ucrânia. Segundo especialistas, o conflito pode encarecer alimentos e reduzir perspectivas de crescimento econômico em todo o território brasileiro.
Segundo o assessor de investimentos da Blue3, Higor Vieira, o confronto entre os países pode afetar a economia brasileira, uma vez que a Ucrânia é responsável pela venda de 17% do milho no mercado mundial.
“A Ucrânia e a Rússia exportam, juntas, 30% do trigo comprado pelo resto do planeta. Além dos grãos, a guerra na Ucrânia afeta também os preços do petróleo, gás natural e óleo de cozinha. Como resultado, pode encarecer alimentos também no Brasil, onde os preços da indústria já estavam pressionados por causa do dólar muito caro até dezembro e pela escassez mundial de insumos”, explica Vieira.
Para o especialista, ainda é cedo para definir como ficará a economia daqui pra frente. "Mas podemos afirmar, a depender do tamanho da guerra, que o impacto pode ser grande e se estender, talvez, por alguns meses, reduzindo as perspectivas de crescimento econômico e esse reflexo acontece em todo o país”, completa o assessor de investimentos.
De acordo com a avaliação do economista e professor da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), Luciano Nakabashi, o conflito gera uma postergação de investimentos em escala global. “Quando se decide, de fato, invadir a Ucrânia, há um aumento na incerteza em escala mundial. E essa incerteza é muito negativa para investimentos, os investidores tendem a esperar o que vai acontecer, deixar a poeira baixar para decidir se vão ou não investir, então há uma postergação de investimentos em escala global".
“Nós não sabemos até que ponto essa guerra vai acabar envolvendo outros países e se isso vai acabar se espalhando ou ficará contido ali entre Rússia e Ucrânia, nesse caso os efeitos acabam sendo maiores naquela região. Aqui na nossa região diretamente, o impacto é pequeno, a menos que se envolvam outros países, o que deixaria a questão muito complexa e perigosa em termos econômicos e o potencial negativo seria muito grande", completa o economista.
Foto: Marcos Côrrea - Agência Brasil
