Perdas do comércio de RP com feriados serão 8% menores neste ano
Com menos feriados prolongados, varejo da região de Ribeirão Preto terá perdas 8% menores neste ano, em relação a 2023; para a indústria impacto também deve ser menor
Com mais feriados aos finais de semana em 2024, comércio varejista da região de Ribeirão Preto terá um impacto 7,8% menor nas perdas em comparação a 2023. Apenas um feriado caiu em um domingo no ano passado (dia 1º de janeiro), já neste ano, a são quatro feriados nacionais aos finais de semana (Tiradentes, Independência do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, Finados) – a cidade ainda teve o dia do padroeiro, São Sebastião, em um sábado. Segundo uma estimativa é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), os feriados nacionais e as pontes deste ano podem ocasionar uma perda total de R$ 1,12 bilhão ao comércio da região de Ribeirão, ante R$ 1,21 em 2023. “O principal motivo para o impacto menor é que, neste ano, quatro feriados cairão em fins de semana, reduzindo também o número de ‘pontes’”, explicou a FecormercioSP em nota.
Para Paulo César Garcia Lopes, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP), apesar de algumas exceções, os feriados acabam tendo impacto mais negativo para o comércio tradicional. “Caso o feriado caia próximo a uma data sazonal como dia das mães, especialmente em um sábado, é uma oportunidade de os consumidores usarem o horário especial para irem às compras, o que é positivo para o varejo tradicional, de rua. Mas olhando para o ano inteiro, no geral é negativo tanto para os empreendedores, que faturam menos, quanto para os colaboradores que, tendo as comissões de vendas como parte de sua renda, também acabam ganhando menos”, diz.
FLUXO E VENDAS
A empresária Sandra Brandani Picinato, presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), diz que abrir em feriado sempre gera uma despesa extra significativa para as empresas. “O principal custo da abertura do comércio nos feriados é com a mão de obra e setores que empregam maior número de trabalhadores, como supermercados, e que pagam um salário médio maior, como a indústria automotiva. Muitas vezes, abrir nestas datas acaba por causar prejuízos aos lojistas, porque as vendas nem sempre compensam o custo das horas extras a serem pagas à equipe. Ainda assim, o calendário deste ano deve ser mais favorável para o comércio que o de 2023, porque teremos menos dias úteis comprometidos. Na prática e segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), isso pode representar uma queda de até 4% nas despesas extras anuais das empresas”, diz.
INDÚSTRIA MENOS IMPACTADA
Além do comércio, a indústria também deve sentir menos os efeitos dos feriados neste ano. Segundo o gerente regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em Ribeirão, Marcelo Maçonetto, a indústria vê com bons olhos o menor número de feriados em dias úteis. “Muitos feriados prolongados e em dias de semana atrapalham o planejamento e o processo produtivo das indústrias. Algumas indústrias têm algumas características de produção, como as que produzem por lote em sistemas contínuos, que não conseguem desligar máquinas durante o feriado. Sem os feriados, as empresas conseguem cumprir com mais facilidade o objetivo de produção, sem aumentar o custo, como demandar horas extras, por exemplo”, diz.
O coordenador jurídico e de Relações Institucionais da Acirp Igor Lupino, explica que a remuneração em feriados é estipulada conforme as convenções coletivas de trabalho de cada categoria. Mas, em geral, em feriados é pago 100% da hora trabalhada, ou seja, o dobro em relação aos dias normais. “Com mais feriados de semana, aumentam os custos, o que impacta no faturamento. O custo para o funcionamento é mais alto, em média, a estimativa é que haja uma queda de 1,2% no faturamento em cada dia de feriado”, explica.
IMPACTO PARA OS TRABALHADORES
O economista Edgard Monforte Merlo, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), explica que há, sim, uma tendência na redução dos custos das empresas com menos feriados em dias de semana. Mas, ele diz não acreditar que a menor quantidade de feriados em dias de semana tenha um forte impacto para o aumento do PIB, principalmente na indústria. “Claro que existe uma diferença, pois os feriados impactam no custo de produção, volume e faturamento. Mas, ainda não vejo que haverá neste ano um impacto muito significativo, pois não estamos em um momento da economia de plena produção”, diz.
A mesma coisa ele afirma para os trabalhadores, que tendem a ganhar menos horas extras. “Não acredito num impacto muito grande na geração de renda por conta das horas extras, pois existem sistemas de banco de horas e compensações que já abatiam o pagamento de horas em diversas categorias.”
Foto: J. F. Pimenta
