Mais de 50% dos microempreendedores de Ribeirão estão inadimplentes
Analista de negócios dá dicas para quem se encontra na situação e quer sair do vermelho

Mais de 50% dos microempreendedores de Ribeirão estão inadimplentes

Muitos dos MEIs sequer sabem que devem para a Receita Federal

A inadimplência dos Microempreendedores Individuais (MEIs) em Ribeirão Preto chegou a 56,51% em julho, segundo dados da Receita Federal. O número diminuiu com relação ao mês de junho, quando essa parcela chegava a 58%, porém, muitos dos devedores sequer sabem que estão com a dívida.

Como foi o caso da analista digital Patrícia Marcelino, que, ao decidir abrir o próprio negócio, descobriu que devia mais de R$ 5 mil para a Receita Federal, em razão da criação de um cadastro de Microempreendedor Individual (MEI), em 2011, apenas por curiosidade.

“E até eu pagar, meu nome fica sujo, mesmo eu nunca tendo usado”, lamenta Patrícia, que conta que só descobriu a situação quando foi ao contador para checar como andava a situação do cadastro, já que pretendia encerrá-lo. Ela fechou a MEI, e conseguiu um parcelamento liberado pelo Governo Federal para quitar a dívida.

A analista de negócios do Sebrae-SP Elisângela Doroteu Almeida conta que a situação é muito comum e que muitas pessoas só descobrem que devem para a Receita quando procuram orientação para ativar uma empresa e percebem a situação quando o valor devido já beira os R$ 7 mil.

“Muitos não tiveram a orientação alguma. Contraíram a dívida porque acreditaram que abrindo um CNPJ apenas por meios eletrônicos, sem precisar se deslocar para algum órgão, não deviam nada para a Receita. Porém, a partir do momento que deu baixa no CNPJ já começa a cobrança”, explica Elisângela.

Em média, o Sebrae faz o atendimento de 70 pessoas ao dia para orientar sobre o assunto em Ribeirão Preto. A maioria de comerciantes que acumularam custos em razão da crise.

A analista orienta sobre como proceder quando o empreendedor está nesta situação:

- Fechar a empresa caso ela não esteja em atividade, para a dívida não se acumular ainda mais;
- Parcelar. Dá para dividir em até 60 meses com taxa de juros Selic de 1%. A simulação de quanto ficaria as parcelas pode ser simulada no site do Sebrae. A parcela mínima é de R$ 50;
- Cancelar o CNPJ - lembrando que a dívida continua.

Porém, Elisângela conta que muitos optam por não adotar essa última opção. Isso porque ela aponta que muitos vão ao Sebrae-SP justamente para procurar orientação para abrir uma nova empresa. Ela diz que o movimento acontece em razão da mesma crise econômica que fez aumentar a dívida, pois muitos postos de trabalho formais foram fechados, o que obrigou os trabalhadores encontrarem soluções para o problema, como criar o próprio negócio.

 “Muitos não querem fechar porque querem voltar às atividades. Eles saíram do mercado de trabalho e decidiram empreender. Alguns segmentos têm respirado mais leve depois de muito tempo. Por isso tem crescido a quantidade de MEI’s. Mas eles têm de ficar atentos, porque estão desorganizados e sem orientação, então fazemos esse serviço para orientar no planejamento”, alerta a analista.


Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

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