Investimentos do IPM de Ribeirão Preto têm desvalorização de R$ 25 milhões

Investimentos do IPM de Ribeirão Preto têm desvalorização de R$ 25 milhões

Instituto de Previdência dos Municipiários possui recursos aplicados em fundos de investimento

O Instituto de Previdência dos Municipiários de Ribeirão Preto (IPM) registrou uma desvalorização de cerca de R$ 25 milhões em seus investimentos devido à crise causada pelo novo coronavírus em todo o mundo. 

Por lei, todos os Regimes Próprios de Previdência (RPPS) podem aplicar os valores arrecadados dos contribuintes em fundos de investimento com o objetivo de que o valor não seja corroído pela inflação anual.

Segundo nota do IPM, os valores investidos tem como origem o Plano Previdenciário, que possui uma reserva de cerca de R$ 450 milhões. Diferente do Plano Financeiro, que não recebe mais beneficiários e opera em déficit. 

Segundo o último balancete contábil divulgado pelo IPM, do mês de fevereiro, a desvalorização em investimentos e ações chegam aos R$ 25 milhões. Contudo, perdas em investimentos só são concretizadas quando há o resgate do dinheiro.

"O IPM não reconhece prejuízos ou perdas e sim desvalorização de ativos, continua com o mesmo número de cotas em Fundos de Investimentos: aplicações a médio e em longo prazo", declarou o Instituto em nota. A desvalorização ocorreu devido à natureza das ações nas quais o dinheiro do contribuinte ribeirãopretano estava investido.

Com uma queda acentuada da taxa selic nos últimos anos, de 14,25% em 2016 para 3,75% atualmente, o IPM teve de buscar novos investimentos que remunerassem melhor do que a selic.

"Sem opções diante do cenário atual, o IPM – de maneira cautelosa e gradual – iniciou um processo de diversificação dos investimentos em renda variável e títulos de longo prazo em busca da meta atuarial", declarou.

Se, por um lado os investimentos oferecessem maior rentabilidade, por outro, a volatilidade é maior. Apesar do risco, o instituto conseguiu bater a meta atuarial em 2019.

Um investimento, como feito pelo IPM, se dá pela aquisição de cotas de investimentos, ou seja, o Instituto compra um determinado número de cotas e mantém essa mesma quantidade até a venda, quando terá o resgate do valor.

"Mesmo com a variação nominal do valor das cotas, o IPM não fez nenhuma venda de cotas de fundos de renda variável, mantendo assim a mesma quantidade adquirida", acrescentou. Com isso, o órgão espera que as cotas voltem ao valor normal em breve para que não haja perda real de recursos. 

Análise de risco

Segundo o assessor de investimentos na BlueTrade, Eliseu Hernandes, o movimento de sair de investimentos em renda fixa, como tesouro e selic, ocorreu com a maioria dos investidores. "Não fazia sentido ter investimentos rendendo 4,25% ao ano. E faz muito menos ainda agora a 3,75% e que provavelmente deve cair mais", explicou.

Para o especialista, a questão a ser analisada é qual a qualidade desses ativos nos quais o IPM investiu. Se são empresas com boas avaliações de crédito e risco baixo, por exemplo.

"Se estiverem em ativos de qualidade, a hora que a poeira abaixar, os juros futuros se normalizarem e a economia voltar a andar, o prejuízo é recuperado. Cravar um prazo é difícil, mas podemos falar em algo de dois a três anos", avalia.

Todavia, se forem ativos ruins e houver um quadro de insolvência geral na economia e as empresas começarem a quebrar, o prejuízo pode demorar muito para ser recuperado ou até nunca mais ser recuperado.

"Acontece que a crise tem gerado oportunidades muito boas de novos investimentos. Se os gestores do recurso do IPM tiverem caixa para adquirir mais ativos, a recuperação pode se dar muito mais rápida em termos nominais", recomenda Hernandez.

Câmara não gostou

O vereador e presidente da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, Lincoln Fernandes (PDT) afirmou que a Câmara irá investigar os investimentos do IPM.

"E se a prefeitura precisar usar esse dinheiro agora? Explique, superintendente!", criticou Fernandes. Também foi protocolado um ofício pelo vereador Igor Oliveira (MDB) solicitando informações sobre o assunto.

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Foto: Acervo Revide

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