MEIs resistem para superar crise causada pelo coronavírus em Ribeirão Preto e região
Denise Nunes, microempreendedora de Sertãozinho, cria alternativas para seguir com o negócio mesmo com a crise

MEIs resistem para superar crise causada pelo coronavírus em Ribeirão Preto e região

Nos últimos dois meses, foram 1.358 novas inscrições no programa nas cidades de Ribeirão e Sertãozinho; números positivos mesmo com isolamento social

Após atuar por 30 anos no setor sucroalcooleiro, Denise Nunes decidiu transformar o hobby em negócio próprio. Neste ano, ela havia programado investir na Personalize bordados, com formalização pelo programa Microempreendedor Individual (MEI) e dedicação total ao ateliê que montou na garagem de casa, em Sertãozinho, Região Metropolitana de Ribeirão Preto. 

Os planos da artesã, porém, sofreram mudanças por conta do cenário trazido pela pandemia do novo coronavírus. “Como já estava programado, fiz a minha inscrição no MEI, e continuei o trabalho com os bordados, que sempre foram uma opção de renda e um hobby. Decidi me formalizar, mas as coisas mudaram bruscamente e estou tentando me adaptar a esse cenário, porque também não podemos ficar parados”, conta a empreendedora.

Assim como Denise, outros 1.357 MEIs se formalizaram em Ribeirão Preto e Sertãozinho nos últimos dois meses, mesmo após o início da quarentena. Segundo Adriana Carvalho, responsável pela Sala do Empreendedor de Ribeirão, o volume de atendimentos caiu, até por conta das novas normas e do distanciamento social, mas os microempreendedores seguem buscando alternativas. “Sentimos que, mesmo com a crise, as pessoas estão na tentativa, se adaptando, fazendo mudanças nos negócios para não parar”, conta.

Ao todo, Ribeirão Preto tem 48.173 MEIs cadastrados em atividade. Em Sertãozinho, são 7.406.

Segundo os dados da Sala do Empreendedor de Ribeirão, foram feitos 100 atendimentos de inscrições no programa em abril, média menor do que foi registrado em março, de 685. No Portal do Empreendedor, foram 406 MEIs abertos em Ribeirão Preto no mês de abril, contra 700 em março. “Mas, não temos um número forte de encerramentos, até por conta do momento de incerteza. Vemos que os empreendedores buscam alternativas para movimentar o negócio”, diz Adriana.

Para Denise, a alternativa foi a solidariedade. Com tudo preparado, ela aproveitou a estrutura de seu ateliê para criar o projeto Máscaras que Alimentam, de confecção de máscaras que são trocadas por alimentos para quem precisa neste momento. “É muito legal fazer algo que ajude o próximo e tire essa carga negativa que a atual situação traz. Não ficamos parados e ajudamos o próximo”, contou. Já foram produzidas cerca de 1.200 máscaras dentro do projeto, que também ajudou a empreendedora a manter o ritmo. “Por conta do cenário, não consegui investir mais no negócio, como havia planejado. O faturamento caiu vertiginosamente. Mas, por outro lado, não dá pra parar”, conta a artesã que reforçou a presença nas redes sociais e que, apesar do ritmo menor, recebe encomendas de empresas e clientes de Sertãozinho, região e todo o País.

Projeto Máscaras que Alimentam foi criado pela artesã Denise Nunes

Obstáculos

Ela destaca que o acesso ao crédito é um dos principais obstáculos da crise. Segundo Adriana Carvalho, esse é um dos pontos mais comprometidos com o cenário da pandemia. O analista de negócios do Sebrae Ribeirão Preto Lederson Schwab Morais diz que o risco é um dos motivos para essa dificuldade na liberação do crédito pelas instituições. Ele também destaca que esse é um dos principais desafios neste momento.

“Mas temos muitos empreendedores buscando alternativas, cursos e orientações com o Sebrae. MEIs que buscam incluir mais atividades para expandir a área de atuação. Também notamos um avanço muito grande em relação aos negócios digitais”, destaca o analista.

Lederson conta que houve um avanço muito grande de micro e pequenos negócios em relação à presença digital das marcas. “Tivemos um impacto nos negócios de MEIs em Ribeirão Preto por conta da natureza de atuação, a maioria no setor de beleza e também comércio. Isso mudou formas de atendimento e canais de relacionamento”, conta.

No Sebrae-SP, os atendimentos eletrônicos no estado passaram de 9.900 para 10 mil, pois toda a equipe passou a trabalham em home office por conta da pandemia. Por dia a audiência nas lives feitas no canal do serviço passou de 1.900 para 226 mil. “É o canal de relacionamento que agora temos com os empreendedores”, disse o analista. O Sebrae tem cursos, orientação em geral, consultorias e projetos como o Sebrae Enfrentar, que traz uma série de cursos para ajudar os empreendedores a superar esse momento. O serviço também lançou a campanha “Reinvente, Repense, Recrie”, com orientações sobre linhas de crédito, o auxílio emergencial do governo e dicas para os negócios.


Fotos: Arquivo Pessoal

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