Vendas de maio indicam recuperação no comércio de Ribeirão Preto
Vendas de maio indicam recuperação no comércio de Ribeirão Preto

Vendas de maio indicam recuperação no comércio de Ribeirão Preto

Indicador da FecomercioSP revela queda na rotatividade de funcionários no varejo local

As vendas do comércio de Ribeirão Preto caíram 1,56%, em maio de 2017, na comparação com o mesmo período do ano passado, quando a variação foi de 3,98% negativos. No entanto, apresentaram recuperação em relação ao mês anterior (abril), quando a variação negativa foi de 1,78%. A tendência é de retomada do crescimento, segundo a pesquisa Movimento do Comércio, realizada mensalmente pelo Sincovarp – Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto e Região.

Entre as empresas entrevistadas, 54,1% declararam que as vendas de maio de 2017 foram piores do que em maio de 2016, enquanto 41,7% consideraram o contrário e para 4,2% das entrevistadas as vendas nos dois períodos foram equivalentes.

Quatro setores apresentaram crescimento de vendas em maio: Vestuário (1,70%), seguido por Calçados (1,68%), Tecidos/Enxoval (1,36%) e de Presentes (0,87%). As variações negativas ficaram por conta do segmentos de Livraria/Papelaria (–5,44%), Móveis (–4,88%), Ótica (–4,43%), Cine/Foto (–3,84%) e de Eletrodomésticos (–1,02%).

Emprego

Com relação ao emprego, apesar da redução média apurada em maio ser de 1,16% no número de postos de trabalho do comércio em geral, apenas um setor declarou ter demitido - Tecidos/Enxoval com redução média nos quadros funcionais de –10,47%. Entre as empresas pesquisadas, 95,8% mantiveram os postos de trabalho inalterados, enquanto 4,2% declararam ter demitido e nenhuma das entrevistadas declarou ter contratado.

“Esse comportamento tem sido recorrente. Apesar de serem poucos os movimentos de demissão, não têm sido registradas contratações por parte das empresas, o que acaba acarretando reduções pequenas, porém sucessivas no número de postos de trabalho do comércio em geral”, explica Marcelo Bosi Rodrigues, economista do Sincovarp, responsável pelo estudo.

Para Rodrigues, o quadro geral da economia do país ainda é complexo. “É incrível a contaminação que o ambiente político tem tido sobre a economia, com uma infindável capacidade de gerar novos fatos negativos e de os agentes políticos não terem a sensibilidade de perceber que o ambiente está se transformando e que é preciso mudar a velha forma de fazer política. Infelizmente todo esse processo não é rápido e muito menos indolor. Qualquer análise puramente econômica não será capaz de identificar a complexidade existente por traz do cenário econômico do Brasil atual”, comenta.

“O que esperar, então, da economia? Arriscamo-nos a dizer que estamos em recuperação, é para lá que os números apontam, mas trata-se de uma recuperação lenta e hesitante. Os primeiros setores a apresentarem melhora são os que vendem produtos de menor valor unitário, ninguém se atreve a fazer grandes gastos, muito menos a contrair novas dividas. No início do ano, nos perguntávamos se tínhamos atingido o fundo do poço da crise econômica, a resposta hoje é: sim, atingimos o fundo do poço, estamos um pouquinho melhor, mas ainda estamos dentro do poço”, analisa Rodrigues.

Segundo estudo da assessoria econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, as variações anuais da taxa de rotatividade profissional no comércio varejista da cidade tiveram queda.

Um dos maiores desafios do mercado de trabalho formal brasileiro são as altas taxas de rotatividade da mão de obra. Conhecida também como “turnover”, a rotatividade é a movimentação de trabalhadores medida por determinado período, em relação ao estoque de vínculos celetistas de uma economia ou setor, em local específico.

De forma bem direta, a rotatividade significa custo. São custos para o recrutamento e seleção, custos administrativos para admissão, treinamentos e integração e também aos desligamentos. Para o comércio, além do preço pago pelos processos descritos acima, é muito comum, pela atuação profissional calcada na prática imediata das funções, que um colaborador já estabelecido no quadro de funcionários da empresa seja direcionado por uma ou duas semanas para aplicar treinamento básico a um novo colaborador admitido. Isto é, acrescenta-se aos custos de admissão e desligamentos, a “perda” das funções produtivas de um funcionário para temporariamente treinar outro. Tal realidade é comum ao setor, principalmente quando o mesmo é composto em 97% por empresas com até 20 trabalhadores em seu quadro funcional.

O cálculo anual da taxa de rotatividade, segundo o próprio Ministério do Trabalho, é obtido utilizando o menor valor entre o total de admissões e desligamentos sobre o total de empregos no 1º dia do período avaliado. Pesquisas da própria FecomercioSP mostraram que o comércio varejista possui uma das maiores taxas de rotatividade de mão de obra formal no Estado de São Paulo. Ficando por muitas vezes aos patamares mensais de 4% ou próximo aos 50% anuais. Como referência, os líderes são Construção Civil e Agropecuária, com taxas mensais que rondam, respectivamente, 6,5% e 4,5%. Porém, nestes casos, a sazonalidade é uma característica intrínseca aos setores, de modo que a intensa movimentação de trabalhadores também é uma consequência endêmica a eles.

No comércio varejista de Ribeirão Preto, o turnover atingiu seu ápice anual em 2011, aos 63,9%. Depois deste ano há uma derrocada para os 45,5% do ano passado. Em 2017, pelos dados disponíveis, não parece que o indicador será muito distinto dos dois últimos anos.


Foto: Arquivo Revide

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