Vendas no comércio de Ribeirão Preto crescem pelo sétimo mês consecutivo

Vendas no comércio de Ribeirão Preto crescem pelo sétimo mês consecutivo

Taxa de empregabilidade no comércio e confiança dos empresários também subiu

Com crescimento médio de 2,6% em agosto, em relação ao mês anterior, as vendas no comércio de Ribeirão Preto protagonizaram a sétima alta consecutiva do ano, segundo levantamento do Centro de Pesquisas do Varejo (CPV), mantido por Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista) e CDL Ribeirão (Câmara de Dirigentes Lojistas). Na mesma pesquisa, a média de variação entre vagas de emprego abertas e fechadas, no comércio varejista da cidade, acusou pequena alta de 2% – com viés de estabilidade –, após ter crescido 5% em julho.


Diego Galli Alberto, pesquisador e coordenador do CPV explica que o comércio registrou um pico de vendas na primeira quinzena de agosto, por conta do Dia dos Pais, no entanto, ao longo do mês o fôlego foi diminuindo. “Mesmo assim a variação fechou positiva”, pontua. Galli também destaca que o alto nível de endividamento das famílias brasileiras e a instabilidade da economia nacional, reforçados pela recente onda de aumentos nos preços dos combustíveis, em especial no diesel, contribuíram para o resultado de agosto.

 

“É nítido que os consumidores estão mais cautelosos, até pelas últimas notícias sobre a economia brasileira. Enquanto junho teve deflação e julho uma pequena alta, em agosto o IPCA disparou 0,29%, segundo o IBGE. A taxa de juros deve parar de cair, ao contrário do que se esperava. Nesse momento a economia brasileira parece estar em um sobe e desce com mudanças rápidas de cenário. Muitos não se sentem seguros em assumir novas dívidas”, afirma.


A pesquisa também trouxe dados a respeito do emprego no setor, que também apresentou índices positivos. Em agosto, a média de variação entre vagas de emprego abertas e fechadas, no Comércio Varejista de Ribeirão Preto, teve alta de 2%, com viés de estabilidade, após ter crescido 5% em julho. “Considerando julho e agosto, até que a empregabilidade no Comércio Varejista local foi positiva. E de setembro em diante, com o início das contratações de temporários para o fim de ano, a tendência é melhorar”, projeta o pesquisador.


Apesar de apresentar crescimento por sete meses consecutivos e dos bons indicadores na empregabilidade, o indicador abaixo dos 5% esperados pelo varejo frustrou empresários. “O pessoal esperava um mês melhor, porque em agosto teve Dia dos Pais e foi período pós-férias, fatores que costumam dar uma aquecida nas vendas”, comentou Tarcísio Corrêa de Melo, proprietário da Agropet, loja de produtos veterinários. Ele atribui o desempenho “tímido” à incerteza política acerca das reformas tributária e trabalhista, que tem deixado cautelosos tanto empresários quanto consumidores.


Análise


Para o economista Edgard Monforte Merlo, professor da FEA-RP (Faculdade de Economia e Administração) da USP Ribeirão Preto, as variações nas vendas e na empregabilidade devem ser interpretadas como sinais positivos de uma recuperação econômica que começou lenta, no início deste ano, e seguirá gradativa ao menos até o final de 2023.


A mesma análise vale para outro dado levantado na pesquisa do CPV: o Índice de Confiança, que mede a expectativa dos negócios para os próximos três meses (no curto prazo) e para os 12 meses seguintes (longo prazo). No primeiro caso, o Índice Sincovarp/CDL de Confiança do Varejo ficou em 3,3 pontos, em agosto – considerando uma escala que vai de 1 a 5 pontos, na qual 1 significa “muito pessimista” e 5 “muito otimista” –, ante 3,5 registrados em julho. No segundo, ficou em 3,6 pontos, ante 3,5 pontos em julho.


Merlo explica que a recuperação econômica tem ocorrido lenta e gradualmente porque o Estado está com recursos limitados para atuar de forma a alavancá-la. “Não consegue investir o suficiente para gerar renda e mais dinamismo. Então, o que a gente acaba tendo é somente esse modelo de parcerias, de concessões à iniciativa privada, que podem trazer maiores investimentos que, aí sim, gerarão renda e empregos. Se o governo for bem-sucedido, teremos chance de um crescimento maior”, afirma.


Sua previsão é de que ocorra uma retomada mais firme do crescimento em 2024. “Este ano, a tendência para o segundo semestre é de um crescimento pequeno, dentro das possibilidades da retomada de renda e do próprio endividamento do governo. O que não é ruim”, conclui. 


Endividamento em queda


O número de moradores endividados de Ribeirão Preto também caiu, segundo levantamento do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil – Seção São Paulo (IEPTB/SP), que reúne os Cartórios de Protesto do Estado: 2,33% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 102.846 dívidas enviadas a protesto de janeiro a junho de 2023, contra 105.297 no período correspondente de 2022.

 

A somatória dos valores das dívidas, porém, aumentou 68,19%: de R$ 298.542.201,12 para R$ 502.133.044,41 no período pesquisado. A despeito dos valores, o economista Edgard Monforte Merlo considera a queda no número de famílias endividadas como um outro fator positivo da economia, ainda que de baixa magnitude. “Quando as famílias se reorganizam financeiramente, você tem a possibilidade de voltar a utilizar o crédito e a fazer compras, muitas vezes de valores maiores”, diz. 


Foto: Arquivo Revide

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