A grande missão de educar: 10 dicas para auxiliar os pais

A grande missão de educar: 10 dicas para auxiliar os pais

A psicóloga Ana Flávia de Oliveira Santos conversou com o Portal Revide e listou 10 dicas para ajudar os pais na educação dos filhos

Educar e cuidar de uma criança requer dedicação, amor, cuidado e atenção. O caráter e a moral dos pequenos são formados nessa fase, em que a maneira como os pais se comportam e tratam os filhos tornam-se cruciais para o desenvolvimento e comportamento das crianças.

A psicóloga Ana Flávia de Oliveira Santos afirma que educar uma criança não é tarefa fácil. "Os adultos que desempenham a função de cuidado e referência em relação à criança encontram inúmeras dúvidas e dificuldades nessa missão, especialmente no que diz respeito ao comportamento apresentado pelos pequenos, como educá-los e como lidar com eles”, diz.

Pensando no bem estar dos pais e de seus filhos, o Portal Revide convidou a psicóloga Ana Flávia de Oliveira Santos para nos indicar 10 dicas que vão auxiliar os adultos nos cuidados, na atenção e educação dos pequenos. Confira as dicas abaixo:

1. O adulto precisa organizar a rotina da criança em seu cotidiano, trazendo-lhe regularidade, o que favorece sentimentos de segurança e estabilidade;

2. Dizer "não" a uma criança, apesar de poder ser muito difícil, é importantíssimo ao seu desenvolvimento. Oferece um limite, um contorno, que lhe proporciona sentimento de segurança e continência;

3. Oferecer limites à criança propicia o desenvolvimento de tolerância às frustrações, o que é imprescindível para o seu desenvolvimento. Essa capacidade só pode ser desenvolvida na própria experiência de frustração, que será vivenciada em muitos outros momentos ao longo de toda a vida do indivíduo. É essa tolerância que proporciona que a criança aguente a falta, a espera, permitindo que os pensamentos possam surgir;

4. O adulto precisa refletir a respeito do comportamento da criança antes de agir, afinal, ele é o adulto da relação. Atribuir a um comportamento inadequado apresentado pela criança o sentido de "chamar a atenção" muitas vezes desperta intolerância e irritabilidade no adulto, determinando o seu comportamento em relação aos pequenos, não sendo raras as atitudes de ignorá-los. No entanto, a criança pode estar pedindo ajuda para lidar com algo que ainda não consegue suportar sozinha, necessitando do adulto para construir condições de ampliar sua capacidade de lidar com situações difíceis e angustiantes;

5. A criança precisa da ajuda do adulto, o que não significa fazer as coisas por ela, quando já é capaz de realizá-las.  É diferente de um bebê, que necessita da ajuda do outro para tudo. Fazer pela criança não é ajudá-la, mas sim retirar dela a possibilidade de se desenvolver. O adulto precisa oferecer condições para que a criança se desenvolva, amparando-a, consolando-a e a incentivando;

6. O adulto precisa lidar com a angústia de não poder proteger a criança em todos os momentos e isso significa deixar a criança crescer e se desenvolver. Por exemplo, uma criança que começa a dar os primeiros passos e que o adulto não pode evitar que um tombo ocorra em algum momento. O adulto precisa permitir que o movimento e o esforço da criança apareçam e tenham seu lugar. Isso significa acreditar no potencial da criança para o amadurecimento, confiando em sua capacidade de aguentar sofrer suas angústias, lidar com erros, falhas e frustrações, de lidar e aprender com suas emoções;

7. Colocar a criança para pensar como uma forma de punição e sozinha após a realização de um comportamento inadequado, como bater no irmãozinho, contar uma mentira, não fazer a lição, é exigir algo para o qual seu aparelho mental pode ainda não possuir recursos e funções para tanto.  O funcionamento da mente da criança é diferente do apresentado pelo adulto, não sendo possível esperar o mesmo discernimento e compreensão. A criança necessita da intervenção do adulto para desenvolver funções relativas à discriminação, compreensão e pensamento, ajudando-a a pensar, refletindo com ela sobre que está errado, o porquê e o que seria esperado dela;

8. O adulto precisa estar atento ao seu próprio comportamento em relação à criança, pois é considerado um modelo para ela, sendo assim, não apenas o que diz, mas o que faz e como o faz possui relevância e lhe indica como se comportar. Dessa forma, por exemplo, gritar com a criança dizendo-lhe para não gritar não atingirá o resultado pretendido. A criança capta as inconsistências, anulando o efeito esperado pela repreensão do adulto e, pior, imita-o;

9. É importante conversar com a criança e lhe explicar sobre as coisas que a cercam e lhe acontecem. Há assuntos mais delicados, como aqueles que envolvem morte, separação, adoção, etc. Há um pensamento corrente de que o pequeno não entende, o que justificaria não conversar com ele. No entanto, a criança entende do modo dela, o que se modifica ao longo das diferentes fases de sua vida. O não conversar, muitas vezes, está mais ligado à dificuldade do adulto em lidar com situações difíceis e angustiantes. Já elas captam que algo vivido internamente não corresponde ao que lhe é mostrado externamente. Não conversar sobre a verdade retira a possibilidade de poder lidar com suas emoções e com a verdade, com dor, tristeza, raiva, o que, por outro lado, não anula a história verdadeira. É necessário contar a verdade à criança de modo que consiga acompanhar, sem invadi-la com conteúdos que não consiga digerir;

10. Por fim, é importante refletir sobre o que orienta a conduta do adulto em relação à criança: se o se adaptar às necessidades, rotina e facilidades do e para o adulto ou se às necessidades da criança e se é bom para ela. O primeiro, ainda que se tenha que considerar, pode funcionar de modo intrusivo, sem respeitar o ritmo e as possibilidades da criança, atravessando-a. Já o segundo, ao considerar a criança em seu processo de amadurecimento, possibilita identificar os limites e potencialidades dos pequenos, o que é e o que não é apropriado para eles naquele momento de seu crescimento, o que consegue e o que ainda não lhe é possível; nem além nem a quem, mas ao lado da criança, acompanhando-a, prezando, assim, pelo seu desenvolvimento. 


Revide On-line 
Gabriela Maulim 
Fotos: Arquivo Revide e Divulgação

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