Alunos da rede pública de Ribeirão têm nível insuficiente em matemática e português
Dados do MEC mostram que 4 em cada 10 alunos do ensino fundamental não conseguem identificar elementos básicos de um texto

Alunos da rede pública de Ribeirão têm nível insuficiente em matemática e português

Levantamento do Seab mostra que, apesar de estar acima da média nacional, a cidade tem muito o que melhorar

Cerca de 40% dos alunos de escolas públicas de Ribeirão Preto não conseguem identificar elementos básicos em um texto. Os dados são do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), apresentados na última quinta-feira, 30, pelo Ministério da Educação (MEC).

Apesar de estar melhor do que a média nacional, na qual cerca de 70% dos estudantes que concluíram o ensino médio no País apresentaram resultados considerados insuficientes em matemática e português, Ribeirão ainda tem muito o que melhorar.

Em Língua Portuguesa, a média das escolas estaduais e públicas de Ribeirão foi de 221 pontos até o 5º ano do fundamental, e 257 no 9º ano. Com isso, os alunos do 5º figuram no nível  2, de um índice que vai até 9. No nível 2, os alunos não são capazes de localizar informações explícitas em textos e reportagens, tampouco reconhecer relação de causa e consequência em poemas, contos e tirinhas.

Já os estudantes do 9º ano aparecem no nível 3, o que significa que não conseguem localizar informações explícitas em artigos de opinião e crônicas. Além de não serem capazes de identificar finalidade e elementos da narrativa em fábulas e contos

Em matemática, o quadro também é delicado. Os alunos do 5º ano aparecem no nível 5, em uma escala que vai até 10. E os do 9º ano, no nível 3, na mesma escala. No nível 3, alunos do 9º ano tem dificuldades em associar dados apresentados gráficos e tabelas e converter unidades de medidas de comprimento, de metros par centímetros.

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Na média, as escolas municipais têm indicadores melhores do que os apresentados pelas estaduais, em Ribeirão Preto. Porém, os resultados ainda não são satisfatórios. Os números do 9º ano do município também estão abaixo do esperado. 
Questionada sobre os resultados, a Secretaria Municipal da Educação respondeu a equipe da pasta realizará a análise dos dados para verificar os resultados dos trabalhos até a última apuração e quais as estratégias para que possam atingir as metas propostas para 2019.

Opinião

Para a pedagoga Elaine Assolini, não há um único culpado para os baixos indicadores em todo o país. Segundo ela, são vários os fatores que influenciam tanto os alunos quanto os professores.

"A sociedade mudou. O sujeito contemporâneo tem novas formas de lidar com a informação, e as escolas não estão sabendo se atualizar e lidar com as novas exigências. Há uma grande diferença entre informação e conhecimento. A informação está aí, disponível em todos os lugares, na internet, no Google e na palma da mão. O conhecimento é outra coisa. Conhecimento é essa informação elaborada, ressignificada, é a informação apreendida", explica Elaine.

A pedagoga também aponta para a dificuldade em aplicar esta nova dinâmica de ensino, com didática diferenciada para cada área do conhecimento. "A sociedade mudou. O sujeito contemporâneo tem novas formas de lidar com a informação e as escolas não estão sabendo se atualizar e lidar com as novas exigências", afirma.

Por fim, Elaine ressalta que a culpa não deve cair somente sobre os professores. "Os professores também sofrem o impacto da sua época. A forma de lidar em sala de aula, a pedagogia e o próprio ensino que ele recebeu. Tudo isso precisa ser atualizado. Os professores precisam passar por um novo processo de preparação profissional para lidar com os educandos contemporâneos", conclui.


Sob supervisão de Marina Aranha.


Foto: Diogo Moreira | A2img

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