Apenas 37% dos docentes da Universidade de São Paulo são mulheres
Apesar dos números, aluna diz que se sente bem representada dentro do Campus

Apenas 37% dos docentes da Universidade de São Paulo são mulheres

Apesar de contar com mais de 88 unidades e órgãos pelo Estado de São Paulo, a USP ainda tem um número menor de alunas, professoras e funcionárias em relação à quantidade de homens nos campus

Por mais que os tempos tenham mudado, as mulheres ainda são pouco representadas em cargos públicos, empresas, diretorias, universidades e na sociedade em geral. Um dos locais que mostram que a força feminina precisa conquistar mais representatividade é a Universidade de São Paulo (USP) que em 2018, segundo o University Ranking by Academic Performance (URAP), foi considerada a melhor iberoamericana e está colocada na trigésima sexta posição no mundo.

Os últimos dados divulgados pelo “USP em Números”, com base no ano de 2017, mostra que há mais alunos, docentes e funcionários do que mulheres.

Apesar de contar com mais de 88 unidades e órgãos pelo Estado de São Paulo, a desigualdade de gênero é nítida quando se vê a quantidade de docentes mulheres nos campus. Segundo o anuário estatístico da instituição, apenas 37,61% são professoras. Além disso, o número de alunas e funcionárias também é menor em relação aos homens, com 47,52% e 47,05%, respectivamente.

Segundo o sociólogo Wlaumir Souza, dentre as formas de exclusão da mulher na história do patriarcado, que é responsável pelas raízes profundas do machismo, está a educacional. “À mulher foi proibido por séculos a frequência à universidade e isto tem um peso até os dias atuais. Embora, nos bancos acadêmicos seja crescente o número de mulheres em relação aos homens, em um espaço de tempo de aproximadamente 10 anos teremos uma inversão neste quadro de maioria masculina no controle dos postos universitários e na universidades”, comenta Souza.

Apesar dos números, a estudante do 3º ano de enfermagem Mellory dos Santos Almeida, de 22 anos, se sente bem representada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. “Como faço enfermagem, e há bem mais mulheres do que homens no curso, acabo não sentindo tanto a desigualdade de gênero. Em relação ao campus em geral, eu sinto que sou bem representada, pois vejo muitas mulheres à frente de projetos, equipes e esportes na universidade”, comenta a jovem.  

Em um vídeo divulgado pela universidade nesta sexta-feira, 8, Dia Internacional da Mulher, o reitor Vahan Agopyan disse que apesar dos avanços conquistados nas últimas décadas, o preconceito contra a mulher ainda não está superado. “Por isso, devemos considerar esta data como uma boa oportunidade para a reflexão. Em nossa comunidade universitária, ainda hoje deparamos com comportamentos inadmissíveis contra as mulheres”, disse o reitor.

Segundo Agopyan, a universidade luta diariamente contra esse preconceito e criou várias iniciativas para ultrapassar as barreiras de gênero e criar uma nova cultura dentro da universidade, especialmente no que se refere à repreensão de casos de violência.

“O desafio de criar um ambiente igualitário é diário e deve ser enfrentado por todas e por todos. Só conseguiremos superar e vencer estas dificuldades se nos unirmos para extirpar o preconceitos e atitudes ainda presentes no nosso meio. Não estou pedindo só as mulheres que continuem a luta, quero reforçar o pedido para que os homens participem dessa cruzada com maior dedicação. Quando nós, os homens, formos feministas, aí sim conseguiremos alcançar a igualdade de gênero em nosso ambiente”, afirmou o reitor no vídeo. 


Foto: Arquivo Revide

Compartilhar: