Audiência na Câmara Municipal vai discutir escola cívico-militar em Ribeirão Preto
Pelo projeto do governo estadual, militares da reserva desempenharão o papel de professores nas escolas a partir de 2025
Documento protocolado recentemente na Câmara Municipal de Ribeirão Preto definiu audiência pública no próximo dia 21 de agosto para debater a implementação do modelo de escola cívico-militar, projeto do governador Tarcísio de Freitas, na cidade.
A audiência está marcada para as sete horas da noite, no plenário do Legislativo. O evento é aberto ao público e todos podem participar.
Segundo o documento que solicita a audiência, a intenção é ouvir a população sobre o tema, uma vez que o Governo do Estado iniciou na rede estadual o processo para manifestação de escolas interessadas em aderir ao projeto.
O projeto pretende transformar até 100 escolas estaduais de ensino médio em unidades cívico-militares a partir de 2025. Pelo projeto, sancionado no início do ano, militares da reserva desempenharão o papel de professores nas escolas.
Consulta em andamento
Em Ribeirão Preto, a Escola Estadual Guimarães Junior já está em fase de convocação para consulta pública. Esta é a segunda etapa do processo de escuta que a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo está promovendo sobre o tema. Entre os dias 21 e 28 de junho, os diretores de todas as unidades da rede pública paulista opinaram sobre a adesão ao novo modelo. Nesse período, 302 diretores manifestaram interesse em atuar no modelo das escolas cívico-militares.
De acordo com o vereador e presidente da Câmara, Isaac Antunes, a ideia da audiência pública na Câmara Municipal é justamente ampliar a discussão e iniciar o processo para que o município também possa aderir ao projeto.
“Eu creio que o modelo deve ser adotado pela nossa cidade na rede municipal. Temos ótimos exemplos de sucesso espalhados pelo país, em cidades que aderiram ao método. Agora, nossa intenção é justamente dar voz à população para que a iniciativa popular corrobore com a nossa vontade pela implantação do modelo cívico-militar”, disse Issac.
Por outro lado, professores e diretores expressam preocupação com a militarização do ambiente escolar. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) entrou na Justiça contra o programa. "Vamos empregar todos os recursos possíveis para impedir que essa imposição ilógica seja efetivada", prometeu Fábio Moraes, presidente da Apeoesp. “Vamos nos mobilizar para impedir a transformação de escolas regulares em escolas cívico-militares ou a criação dessas escolas com recursos da educação; para que não sejam pagos salários superiores aos de professores para militares aposentados; e para que não sejam formatadas as mentes de nossas crianças e jovens de acordo com o pensamento único do militarismo”, informou uma nota divulgada pelo sindicato.
Em março desse ano foi protocolada uma indicação ao prefeito Duarte Nogueira para que a rede municipal aderisse ao projeto. A Prefeitura ainda não se manifestou sobre o assunto.
Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil