Centro Ann Sullivan do Brasil é referência em Ribeirão Preto

Centro Ann Sullivan do Brasil é referência em Ribeirão Preto

Com o lema ‘Trata-me como pessoa educa-me com a vida’, ONG oferece aos usuários tratamento gratuito e diferenciado

Com o objetivo de promover a cidadania e a inclusão social, o Centro Ann Sullivan do Brasil Ribeirão Preto (CASB-RP) atende 125 alunos com diferentes tipos de diagnóstico, como deficiência intelectual, transtorno do espectro do autismo, paralisia cerebral, distúrbios da comunicação e deficiência múltipla com comprometimento nas habilidades adaptativas.

No Brasil, o primeiro Ann Sullivan foi fundado em 1997, em Ribeirão Preto, pelas profissionais da área de saúde Margherita Midea Cuccovia, Cátia Figueiredo Walter e professora Carmen Lúcia Martins Ragazzi, onde implantaram a metodologia do Currículo Funcional Natural, que consiste em ensinar conceitos e habilidades necessárias à autonomia do usuário, que possam ser úteis ao longo da vida, como convivência familiar e cultural.

A entrada dos usuários na ONG é gratuita e acontece por meio da Secretaria de Educação, que é conveniada ao Centro Ann Sullivan do Brasil.

De acordo com a diretora e psiquiatra da ONG, Margherita Midea Cuccovia, mais conhecida como doutora Maghi, o processo para o aluno entrar na instituição é feito em primeiro lugar por uma professora de escola regular, que analisa o comportamento do aluno. Caso seja necessário e os pais queiram, é feito o encaminhamento especial para dar entrada ao Ann Sullivan.

Atualmente, a instituição conta com 30 profissionais, que atuam com assistência social, psiquiatria, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, fisioterapia, nutricionista, professor de educação física, assistentes de sala e odontologia em diversas especialidades.

Doutora Maghi explica que o processo de desenvolvimento dos alunos é acompanhado por profissionais, que, se necessário podem fazer intervenções junto aos usuários, como os indivíduos que estão na escola regular, e frequentam a ONG no período contra turno.

“Cada pessoa que entra aqui tem um dever a cumprir, seja uma mãe, um funcionário ou um usuário. Todos nós temos uma missão a ser feita, com um bom serviço de qualidade para o atendimento transdisciplinar”, diz.

A psicóloga Jacqueline Aparecida Bobato conta que o seu trabalho é realizado junto a uma equipe transdisciplinar. “A filosofia da instituição é trabalhar em sala, com todos os profissionais, o que acaba sendo uma forma diferente, com as atividades de percepção corporal, de laço e contato”, comenta.

Ela afirma também que cada sala tem atividades diferentes, de acordo com os interesses das crianças.



Interação Social

Em entrevista ao Portal Revide, pais de usuários relataram as suas experiências, após a entrada de seus filhos na instituição.

A dona de casa Elaine Cristina Pereira da Silva conta que o Centro Ann Sullivan proporcionou à sua filha Leticia, de seis anos, um tratamento diferenciado.

“Eles ensinam as crianças a ter um pouco a mais de independência e nós, pais, também somos educados para fazer o mesmo processo de autoindependência em casa”, relata.

Matheus, de sete anos, filho da Rosangela Lopes Pereira, também passou por um processo de adaptação, pois, quando começou a frequentar o Centro há dois anos e meio, tinha dificuldades na convivência social.

“O Matheus não sabia lidar com ele mesmo e nem com as pessoas em volta. Ele tinha medo de andar nas ruas, usava fraldas e tinha dificuldades na escola. Os profissionais do Ann Sullivan fizeram um trabalho diferente com ele, com orientações, adaptações e tratamentos necessários”, afirma.

Ela frisa que atualmente Matheus consegue ser o mais independente possível, mesmo com todas as dificuldades.

Transtorno do Espectro do Autismo

Considerado como um transtorno comportamental, o autismo ou o Transtorno do Espectro do Autismo acomete crianças de todas as classes sociais, mais os meninos do que as meninas, e é marcado por três características: inabilidade para interagir socialmente, dificuldade no domínio da linguagem para comunicar-se ou lidar com jogos simbólicos e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

Mãe de trigêmeos, Fabiana Ferreira de Menezes Marques Nunes, dona de casa, aponta que a maior dificuldade para as crianças autistas é aceitação deles nas escolas.

“A primeira dificuldade é a aceitação com o autista, pois por eles serem especiais as pessoas generalizam, acham que eles não são capazes de fazer as atividades”, destaca.

Fabiana completa que o seu filho Miguel, de cinco anos, é um exemplo, pois, mesmo com o transtorno do espectro do autismo, ele consegue realizar diversas tarefas sozinhas e tem uma boa interação entre as pessoas.

Educação

No CASB-RP, as pessoas com diversos diagnósticos podem apoiar em habilidades acadêmicas funcionais, como atividades de vida diária, passeio e higiene pessoal, tarefas do cotidiano, cuidar do ambiente para valorização da participação parcial e melhor convivência familiar, atividades ao talento individual por meio de práticas artísticas e culturais, interface fisioterapia, fonoaudiologia, dança e expressão, entre outras atividades.

Doutora Maghi completa que a inclusão fez o mundo se adaptar aos cuidados especiais. “Nós da educação especial precisamos estar a serviço da educação, como um todo, para que as pessoas  estejam envolvidas com a leitura, escrita e comunicação alternativa”, conlui.

Ela finaliza que a atitude do professor é a maior acessibilidade, pois o incentivo da criança também vem do profissional.


Foto: Divulgação

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