Conheça ribeirãopretanas com mais de 50 anos que decidiram entrar na faculdade
Três mulheres que resolveram voltar aos estudos contam suas histórias ao Portal Revide

Conheça ribeirãopretanas com mais de 50 anos que decidiram entrar na faculdade

No Brasil, existem mais de 180 mil pessoas acima dos 50 matriculadas no ensino superior

No Brasil, existem mais de 180 mil pessoas com mais de 50 anos matriculadas no ensino superior, segundo a Sinopse Estatística da Educação Superior de 2016, feita pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No Estado de São Paulo, o número é de 45.292. O mais famoso desses mais de 45 mil alunos deve ser o morador de Ribeirão Preto Carlos Augusto Manço, ou "Juventude", que cursa Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto.

Como ele, há milhares de exemplos de persistência e perseverança. Nágila Zein Zeit, de 58 anos, técnica em nutrição e dietética, resolveu cursar o ensino superior em Nutrição na Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), após o curso técnico. "Vislumbrei um leque de oportunidades para atuação na área", comenta Nágila. A futura nutricionista também é formada em administração de empresas e faz parte da primeira empresa júnior da Unaerp - Nutri Jr.

Para ela, o aprendizado nunca é demais e o estudo é uma maneira de não ficar ociosa. Após se mudar a Ribeirão Preto, três anos atrás, sentiu dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho. Eram diversos motivos: qualificada demais por conta da experiência, deveria já estar pensando na aposentadoria, ou tinha opções de salários baixos. "Saia bem frustrada de entrevistas pelo fato dessa colocação negativa no âmbito profissional", diz.

Apesar da dificuldade para conciliar os estudos com o trabalho atual, a experiência está sendo positiva. "Minha experiência é maravilhosa, porque o aprendizado nunca é demais e o conhecimento é algo que ninguém tira de você", comemora. O apoio familiar e a relação com os colegas de classe são considerados, por ela, muito importantes. 

Também no time da Nágila está Vera Lúcia da Silva Santana, nascida em São José do Rio Preto, de 65 anos, já aposentada e que, até então, só havia feito cursos profissionalizantes, como gestão de eventos. E foi por conta deste curso que resolveu entrar no Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto e cursar Gestão de Recursos Humanos. “Eu me interessei pela pós-gradução em Gestão de Eventos, porém, para fazê-lo, eu precisava de uma graduação”, explica Vera.

Por conviver com pessoas mais jovens e lidar com o uso de muitas tecnologias do mundo universitário, a experiência tem sido desafiadora. “Mas a troca tem sido muito boa. O apoio dos alunos é fundamental e eles admiram meu esforço”, comenta. Além disso, em matéria que tem mais dificuldade, como cálculo, recebeu aulas extras como auxílio, também para não atrapalhar o andamento dos alunos mais jovens.

Víuva há 24 anos, não pode estudar enquanto estava casada, pois o marido era ciumento. Quando se mudou para Ribeirão Preto para a ajudar a filha, queixou-se da falta de oportunidades. “Ficar apenas assistindo tevê e vendo a correria da minha filha, sem conseguir ser mais útil, estava me deixando um pouco desanimada “. Foi, então, convencida pela filha a ingressar no curso superior. Hoje, Vera vive como uma universitária. Durante o dia, faz as tarefas, à noite vai à faculdade e, no final de semana, volta à cidade natal. 

Por ser a mais experiente da turma, Vera costuma ser consultada em relação a problemas amorosos ou opinião sobre assuntos diversos. É também respeitada. “Quando eu levanto a mão, todos param para ouvir a pergunta”. No aniversário dela, por exemplo, foi recebida com presentes por algumas alunas. “A relação com meus colegas do curso é muito boa”, diz. Dos oito irmãos, apenas um conseguiu se formar em curso superior, e após os 40 anos, e o apoio de todos é unânime. “Estão todos ansiosos para minha formatura”, adiciona.

Vania Lopes decidiu fazer letras no Centro Universitário Barão de Mauá por conta da paixão pelo Inglês. “Pretendo ser tradutora juramentada, mas a faculdade me permitiu apreciar todas as outras disciplinas”, comenta. Antes disso, apenas tinha feito cursos de pequena duração, como noções em Recursos Humanos, Contabilidade, etc. Sempre havia sonhado em fazer faculdade desde que havia saído do ensino médio, porém a oportunidade só veio agora. 

A aluna diz que a rotina é difícil: são nove horas do dia no estágio, entrando no trabalho às 9h e saindo às 19h, e indo direto para faculdade, das 19h às 22h30. “É cansativo, mas é uma rotina deliciosa, pois a tudo que me dedico é com muito amor e perseverança”, expressa Vânia. Mesmo assim, o apoio da família e dos colegas de curso é constante.


Fotos: Julio Sian e Ibraim Leão

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