Estudantes realizam velório simbólico contra os cortes na Educação, em Ribeirão Preto
Desde o início do ano, o governo "congelou" 8 mil bolsas de pesquisa científica no País

Estudantes realizam velório simbólico contra os cortes na Educação, em Ribeirão Preto

O protesto ocorreu na manhã desta quinta-feira, 12, no campus da USP do município

Estudantes, pesquisadores e professores realizaram um protesto em forma de velório simbólico contra os cortes na Educação superior promovidos pelo governo federal. O ato ocorreu no prédio central da Universidade de São Paulo (USP) nesta quinta-feira, 12.

No dia 2 de setembro, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) anunciou o corte de 5,6 mil bolsas de mestrado e doutorado. De janeiro até o início de setembro, 11,8 mil bolsas foram congeladas.

Contudo, nesta quinta-feira, 12, o governo recuou e divulgou o “descongelamento” de 3,1 mil bolsas. Com isso, o órgão mantém 8,7 mil bolsas paralisadas. Atualmente, há 211 mil bolsas ativas no País; sendo 92 mil de mestrado e doutorado, nos valores de R$ 1,5 mil e R$ 2,2 mil, respectivamente.

Segundo dados do MEC, hoje, a pasta tem R$ 5,8 bilhões contingenciados, de um orçamento total de R$ 149 bilhões. Do valor congelado, R$ 1,7 bilhão recai sobre o ensino superior federal.

O montante corresponde a 3,4% do orçamento total das universidades federais, e cerca de 23% da verba discricionária.  São considerados gastos discricionários: contas de luz, água, compra de materiais, manutenção de equipamentos, serviços terceirizados, entre outros.

O doutorando em química medicinal Raí Campos estuda a utilização de técnicas computacionais que aceleram a corrida para descobrir um novo medicamento que se propõe a curar a leishmaniose. “Esses cortes representam um colapso da educação superior brasileira, da pós-graduação e, consequentemente, da ciência", afirmou o pesquisador.

O doutorando em neurociência e presidente da Associação de Pós-Graduandos (APG), Rodrigo Campos Cardoso, veio de Belo Horizonte para estudar em Ribeirão Preto. Assim como os outros pesquisadores, Cardoso abriu mão de um salário maior na iniciativa privada, para receber R$ 2,2 mil de bolsa.

“Eu uso minha bolsa para pagar aluguel e as contas da casa, como luz e internet, além de passagem de ônibus e alimentação. Após pagar as despesas básicas, pouco sobra, já que moramos em cidades distantes das nossas famílias, geralmente”, explicou Cardoso. 


Foto: Luan Porto

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