Livro de educação sexual propõe nova metodologia para as escolas

Livro de educação sexual propõe nova metodologia para as escolas

A proposta do livro é abordar a educação sexual resgatando o sentido do amor

Ainda vista como um tabu, a educação sexual continua gerando grandes polêmicas nos dias atuais. Diante das relações afetivas superficiais e do consumismo sexual precoce, a pediatra Marina Lemos Silveira Freitas, do Instituto de Educação e Cultura Viktor Frankl, propôs uma nova abordagem sobre o tema, por meio de seu livro “Educação integradora da sexualidade humana – resgate do sentido do amor”, em que aborda a educação sexual por meio do amor.

Marina explica que, a abordagem feita no livro é centrada no sentido do amor, fundamentada no pensamento de Viktor Frankl.  ”Começo com uma visão do cenário atual da vivência da sexualidade, com a análise de artigos atuais, onde é constatado um esvaziamento e uma fragmentação desta vivência, acabando no que o sociólogo Bauman chama de “amor líquido” e Frankl de “inflação da sexualidade”. Considero, a partir dessa constatação, a necessidade de uma educação integradora da sexualidade humana, fundamentada no estudo do homem, que aprecie a pessoa humana por suas qualidades, nas dimensões biológica, psicológica ou espiritual”, comenta.

Para a pediatra a educação não deve somente transmitir conhecimentos, mas aguçar a consciência para que cada pessoa saiba fazer suas escolhas com liberdade e responsabilidade. Sendo assim, o principal objetivo da educação integradora da sexualidade humana é instrumentalizar cada estudante para que possa fazer as escolhas segundo sua própria consciência, de forma livre e responsável atingindo uma vivência plena e feliz da sua sexualidade.

Para isso, Marina propôs no livro 34 encontros semanais de 50 minutos, dentro da grade curricular dos alunos do 6ºano do Ensino Fundamental, com tema, objetivos e estratégias para cada encontro. O conteúdo é distribuído em cinco módulos: 1º- Conceito de pessoa segundo Viktor Frankl; 2º- Como melhorar minha autoestima; 3º- Crescimento e desenvolvimento saudáveis; 4º- Relacionamentos; 5º- Sexualidade integrada e sexo seguro. Os encontros oferecem um espaço para que os alunos participem e reflitam sobre sua vida, esclarecendo dúvidas e apresentando suas visões sobre o tema.

A autora afirma que escrever o livro foi uma experiência gratificante e plena de sentido. “Não entrei em polêmicas, mas procurei apresentar uma proposta de educação sexual e resgate do sentido do amor que é válida para toda pessoa que busca a felicidade. Nas “Palavras iniciais”, descrevo o percurso que fiz ao escrever o livro”, explica.

“Quando comecei a escrever este livro, senti-me uma escultora. Era como se esculpisse uma obra não no mármore, mas no barro, na qual colocava uma parte, apreciava, depois removia do lugar ou mudava a forma. No início, não tinha a visão total da obra, mas estava imbuída de tal força de sentido, de tal convicção de que falar do sentido do amor é importante, urgente e necessário, e que a aplicação desse fundamento na educação sexual é vital, que fui-me deixando guiar pela consciência.

Depois de um tempo, percebi-me como uma artesã de patchwork pelo tanto de citações que coloquei. Vi-me coletando retalhos brilhantes, tecidos por artistas, que mereciam ser vistos e apreciados pelas pessoas”, reprodução do livro da autora.

O livro é indicado para educadores, instituições de ensino, pais de crianças, jovens e adolescentes.

Experiência

O método proposto por Marina, já é usado há 10 anos no Colégio Viktor Frankl. Os professores, estagiários e toda a equipe do colégio, também já estudou o livro. De acordo com a autora os resultados são positivos até mesmo com os adultos. “Uma vez escutei uma estagiária confidenciar que, se tivesse tido acesso a estas informações antes, teria feito melhores escolhas em relação à sua vida afetiva. Também escutei professores dizendo como a orientação para o sentido, não só no campo da sexualidade, mudou sua visão de mundo e a forma de educar não somente os alunos, mas principalmente seus próprios filhos”, comenta.

Marina afirma ter apresentado o método para os pais e que percebeu um interesse e um acolhimento por parte deles, mesmo percebendo o grande desafio que é essa proposta.Quanto aos alunos, a autora explica que o retorno é mais direto.

“Percebemos em suas falas, algumas descritas no livro, à alegria de se perceber pessoa e não objeto sexual. O entusiasmo em compreender que a verdadeira autoestima não é dada pela marca da bolsa ou do tênis, mas pelas escolhas que faz, pelo conceito que tem de si mesmo, o contentamento em conhecer as fases de seu desenvolvimento adolescente e a satisfação em tirar suas dúvidas e encontrar um espaço de reflexão sobre relacionamentos e vivência sexual”, finaliza.

Revide On-line
Gabriela Maulim
Fotos: Divulgação

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