Maioria dos universitários brasileiros precisa arcar com custos da educação, diz pesquisa
Segundo o levantamento, de cada 10 estudantes, sete estão matriculados em instituições da iniciativa privada

Maioria dos universitários brasileiros precisa arcar com custos da educação, diz pesquisa

O mesmo acontece em Ribeirão Preto, cidade repleta de instituições privadas de ensino superior

Uma pesquisa realizada pela Companhia de Estágios – assessoria e consultoria especializada em vagas de estágio e trainee – revela que, dos 74,4% de universitários que estudam em instituições particulares, apenas um quarto não tem qualquer gasto com educação, com custos pagos por terceiros. O restante precisa investir parte da renda para garantir a graduação.

O mesmo acontece em Ribeirão Preto, cidade repleta de instituições privadas de ensino superior que recebem alunos de toda a região. Leandro Figueira, estudante publicidade na cidade, afirma que a pesquisa serve como motivação.

“Bom, isso é o que faz valer todo esse sacrifício. Conseguir um estágio é bem legal, mas eu tive a sorte de entrar em uma agência de marketing digital e aprender mais sobre a profissão de redator publicitário, na qual pretendo seguir. Em um estágio, você aprende tanto quanto aprende na faculdade, por isso considero se tratar de uma coisa tão importante. Algumas pessoas não querem fazer estágio por achar que estão sendo exploradas ou pelo simples fato de receber pouco, mas pensar dessa forma é prejudicial. Quem se forma sem ter feito um único estágio terá muitos problemas para entrar no mercado de trabalho. Estou passando por essa fase difícil, mas isso logo vai acabar e eu poderei tocar meus projetos à vontade”, diz.

O levantamento anual feito pela recrutadora identificou que despesas com faculdade e/ou cursos extracurriculares comprometem um terço da renda de 21% dos alunos, enquanto, para outros 20%, os gastos consomem mais da metade do orçamento mensal. Contudo, os especialistas afirmam que, se o jovem quiser se destacar profissionalmente após a recuperação da economia do país, agora é a hora de investir.

“Sem a ajuda da minha família seria praticamente impossível. O valor da mensalidade da faculdade é maior do que a quantia que recebo estagiando, mas um grande problema é o transporte: ele é quem torna as coisas um pouco mais difíceis, já que preciso me locomover todos os dias de uma cidade a outra. Sempre procuro maneiras de não ter de gastar muito, ou seja, nada de viagens, barzinhos ou qualquer outra coisa do tipo neste momento”, finaliza Figueira.

Se antes a tradição era contar com o auxílio financeiro dos pais para bancar a faculdade, hoje esse cenário já é bem distante da realidade de boa parte dos brasileiros, especialmente depois da crise econômica que o país enfrentou nos últimos anos. Os estudantes, agora, não só participam do orçamento familiar, como também pagam para estudar.

Investimento a longo prazo

O estudo revela que mais da metade dos estudantes consegue fechar as contas do mês no azul, mas, em contrapartida, não sobra nenhuma quantia para poupar. Inclusive, boa parte deixou de fazer algum curso complementar, justamente por esse motivo. No entanto, Tiago Mavichian, diretor da recrutadora, alerta que o momento é crucial para quem quer construir uma carreira sólida e se estabelecer após a faculdade.

“Mesmo nos processos seletivos para estagiários, que não exigem experiência prévia, a concorrência está alta e aquele que investe em qualificação consegue se destacar dos demais. Apesar da oferta de vagas ter acompanhado o crescimento da demanda, a disputa ainda é acirrada e os recrutadores são criteriosos, portanto, quem investir em uma formação complementar tem grandes chances de sair na frente e garantir a vaga”, acrescenta Mavichian.


Colaboração: Leonardo Santos


Foto: Divulgação

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