OAB ouve estudantes favoráveis e contrários à ocupação em Sertãozinho
Advogado conta que estudantes estão “bem” e que não encontrou depredações e atos de vandalismo; contrários ao movimento reclamam de paralisação dos estudos
Um representante da Comissão de Cidadania e Ação Social Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) esteve nesta semana na ocupação de estudantes no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), no campus de Sertãozinho, e, segundo ele, os alunos no local estão “bem” e mantendo a organização do prédio. O advogado também diz que conversou com alunos contrários à ocupação para evitar conflitos.
Desde segunda-feira, 24, estudantes do ensino médio do IFSP estão dormindo e realizando atividades no prédio. O motivo da ocupação é um protesto contra a aprovação na Câmara dos Deputados do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 241, que limita o orçamento do Governo Federal, que eles acreditam que pode diminuir os gastos na educação, e também contra medida provisória apresentada pelo Ministério da Educação, que reforma o ensino médio.
O advogado Leonardo Gutierrez esteve na ocupação na última terça-feira, 25, após os estudantes pedirem auxílio à OAB. Ele se diz contrário a esta forma de manifestação, mas afirma que busca garantir o direito, desde que de forma pacífica, e sem prejuízo ao bem público e a integridade das pessoas.
Gutierrez relata que os estudantes estão bem, têm comida, dormem com razoável conforto e se revezam nas funções, inclusive com atividades de lazer e reuniões diárias, além de não ter constatado atos de vandalismo ou depredação. “Uma organização até impressionante considerando a situação”, analisa, embora ele pondere que exista o apoio externo de movimentos estudantis.
O advogado também conta que se encontrou com estudantes contrários ao movimento, que se dizem prejudicados com a paralisação das aulas, e de outras atividades, como desenvolvimento de projetos e avaliações – atividades administrativas por parte do instituto continuam.
“Ouvi as reclamações, as justificativas e ponderei com todos os direitos de cada um. Expliquei como se deu a ocupação, que qualquer tentativa de entrar ali a força, que foi uma das ideias levantadas por eles, seria uma invasão, e que não os ajudaria em nada, ao contrário. Porém, eles disseram que não se trata de violência, mas apenas a contrariedade ao que se pratica”, explicou.
Apesar de acompanhar a situação dos estudantes, o advogado considera que é difícil dizer sobre possíveis efeitos da ocupação com relação a pauta defendida, embora acredite que possa chamar a atenção dos políticos.
“Infelizmente o Congresso não responde precisamente aos clamores sociais, outros interesses estão em jogo. Não vejo, no atual momento político que atravessamos que os governantes ignorem esse ato instaurado e organizado por todo o país”, completou.
Foto: Leonardo Santos