Pais reclamam que Metodista não devolveu dinheiro de matrícula e mensalidade
Instituição de ensino era centenária em Ribeirão Preto e suspendeu as atividades em 21 de janeiro deste ano

Pais reclamam que Metodista não devolveu dinheiro de matrícula e mensalidade

Três semanas depois do fechamento do colégio, pais de ex-alunos contam que escola de Ribeirão Preto não cumpriu prazo para devolução do dinheiro. Há casos que o valor ultrapassa os R$ 2 mil

Pais de ex-alunos do Colégio Metodista de Ribeirão Preto reclamam que, três semanas após o fechamento repentino da escola, ainda não receberam de volta o dinheiro pago para a matrícula e a mensalidade de janeiro. Há casos em que os valores passam de R$ 2 mil. De acordo com eles, a instituição de ensino havia dado um prazo para devolver a quantia, mas o período já teria passado e eles ainda não foram ressarcidos.

É o caso da assistente social Francisca Rosilda Silva Leme. Seu filho de 15 anos estudava na escola há seis anos e estava matriculado no primeiro ano do ensino médio quando o Metodista anunciou o fechamento.

“Ele entrou lá na quarta série, junto com minha filha mais velha, que na época cursava o terceiro ano do Ensino Médio. Nunca atrasei uma mensalidade. No início da pandemia pedi desconto, pois diminuiu muito a minha renda, e só me deram 10% de desconto. Já havia pago a matrícula e a mensalidade de janeiro de 2022. Após o fechamento, fui à escola pegar a transferência e pedi o ressarcimento. Eles deram um prazo de 10 dias úteis, que venceu em 14 de fevereiro. Desde então, tenho ligado todos os dias e eles só enrolando, dizem que será resolvido até o final do dia e nada”, conta.

Ela ainda detalha que teve que matricular o filho em outra escola e pagar nova matrícula e mensalidade. “Isso descontrolou minhas finanças, pois minhas condições financeiras estão sempre no limite, não posso ter um prejuízo de mais de R$ 2.200. Já pago escola com sacrifício e início de ano temos muitos gastos extras”, ressalta Rosilda.

A professora Lidiane Cleufes Dandrea passa pelo mesmo problema e recebeu o mesmo prazo de 10 dias úteis para a devolução dos valores já pagos neste ano.

“Eu ligo na escola todos os dias, eles pegam os meus dados, falam que vão passar para o financeiro e o jurídico não me deixa falar com ninguém. Eles falam que vão fazer o reembolso, mas que agora não tem prazo. A gente ficou sabendo que a escola não iria mais funcionar no dia 21 de janeiro e as aulas teriam início no dia 24 de janeiro. Ficamos sabendo disso através de uma reunião pela internet e simplesmente falaram que não poderiam mais continuar, por conta de uma crise financeira. Em um primeiro momento, me disseram que o reembolso seria no mesmo mês, ou seja, até 31 de janeiro. Depois que preenchi toda a documentação, falaram que seria em até 10 dias úteis. Venceu o prazo, já procurei o Procon e fiz uma denúncia, agora vou registrar um boletim de ocorrência e, se for necessário, vou procurar um advogado também”, afirma. A filha de 14 anos estudava no colégio desde o primeiro ano do Ensino Fundamental e agora iniciaria o ensino médio.

O técnico em Enfermagem Leandro dos Santos Pereira tem um filho de 13 anos que estava matriculado no oitavo ano do Ensino Fundamental do Metodista. Segundo ele, em 21 de janeiro, a direção da instituição de ensino avisou que estava em uma situação financeira muito difícil e que iria fechar as portas.

“Eles até anunciaram uma ‘pseudossolução’, que fizeram uma parceira com outro colégio e, quem quisesse ficar, iria estudar nessa outra escola. Para mim ficaria inviável, por ficar muito longe da minha casa. A outra solução era devolver o dinheiro da matrícula e da mensalidade. Eu já tinha comprado também uniforme e material didático. Eles disseram que em 10 dias devolveriam a quantia. Fomos à escola, fizemos um cadastro e uma solicitação de devolução desse dinheiro, mas eles vêm enrolando a gente. Eu até acho que esse dinheiro a gente nunca vai reaver, a sensação é que passaram a perna na gente. O que nos deixa indignados é isso acontecer em uma instituição que prega valores cristãos de disciplina, ordem e hierarquia. Foi bastante triste”, finaliza.

Outro lado

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Colégio Metodista informou, em nota, que negocia diretamente com os pais a devolução das matrículas e que, no dia 24 de janeiro, em reunião presencial com os responsáveis dos alunos, anunciou a suspensão das atividades escolares.

Atualização

Após a publicação da matéria, Lidiane e Rosilda receberam os valores devidos pela escola ainda nesta segunda-feira, 14. Já Leandro Pereira teve os valores estornados na manhã desta terça-feira, 15. 

Colégio centenário

Uma das mais antigas instituições de ensino de Ribeirão Preto, o Colégio Metodista foi fundado no dia 5 de setembro de 1899 pela missionária americana Leonora Dixon Smith e funcionava, inicialmente, nas dependências da Igreja Metodista da cidade. Em 1914, a escola mudou para o prédio na Rua Florêncio de Abreu, no Centro da cidade, onde permaneceu até este ano, após 122 anos de atividade

Em nota, o Colégio informou que suspendeu suas atividades devido ao agravamento da sua situação financeira e que todo apoio escolar e administrativo está sendo prestado às famílias e alunos. 


Foto: Divulgação

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