Pesquisa quer resgatar história de escola ribeirãopretana para cegos dos anos 50
O estudo é realizado em parceria do Nieped, do PPGE e do Centro Universitário Moura Lacerda

Pesquisa quer resgatar história de escola ribeirãopretana para cegos dos anos 50

A instituição preparava deficientes visuais para o “ensino regular”

O Nieped (Núcleo Interáreas de Estudos e Pesquisas em Educação e Diversidade), formado por docentes do PPGE (Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado), do Centro Universitário Moura Lacerda, de Ribeirão Preto, desenvolve, com coordenadores, professores e estudantes dos cursos de Publicidade e Propaganda, Pedagogia e Letras da mesma instituição de ensino, um projeto de pesquisa que visa resgatar a história e a pedagogia utilizada na Escola para Cegos “Helen Keller”.

A entidade, fundada em 1954, tinha como objetivo preparar os alunos para completarem seus estudos em unidades de ensino “regulares”, no município e na região, ou em organizações específicas para pessoas cegas ou com deficiência visual – como é o caso, por exemplo, de uma de suas alunas que cursou o antigo 1º Grau no Instituto Padre Chico, em São Paulo.

O projeto, intitulado: “História, Memória e Cegueira: contribuições da Escola para Cegos “Helen Keller” de Ribeirão Preto (1954-1990) à Educação”, é coordenado por Daniela Leal, professora doutora do Mestrado. Considerada a primeira instituição de ensino para pessoas cegas e/ou com deficiência visual da cidade, ela funcionava na rua Lafaiete, 897, no Centro, utilizando dependências da Acerp (Associação dos Cegos de Ribeirão Preto), atualmente conhecida como Lar dos Cegos.

A sinergia entre o Nieped e os cursos do Moura Lacerda surgiu após Daniela Leal conhecer o trabalho realizado pelo Projeto de Extensão Universitária Publicitários Solidários, que coloca estudantes do curso em contato com entidades assistenciais da cidade para que, voluntariamente, atuem no sentido de auxiliá-las em seus processos de Comunicação.

“No dia da apresentação da nova logomarca à diretoria do Lar dos Cegos, Ana Paula de Souza Veiga Soares, neta do fundador da ‘Helen Keller’, José Ferreira Martins Júnior, nos contou que há muito tempo existia naquele espaço uma ‘escola de Braille’ para pessoas cegas e com baixa visão. Apesar de a escola deixar de funcionar em 1990, parte dos arquivos, como fotos e livros, foram mantidos no local e com a família”, conta Carmen Justo.

Alguns dias depois, ao comentar o ocorrido com a professora Daniela Leal, que é pesquisadora na área das deficiências, com ênfase em cegueira, o projeto começou a ganhar forma. O sistema Braille é um processo de escrita e leitura baseado em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas colunas de três pontos cada. Pode-se fazer a representação tanto de letras, como algarismos e pontuações.

Segundo Daniela Leal, o objetivo final da pesquisa será criar e compartilhar com a sociedade e com o meio acadêmico um acervo digital sobre a escola, contando sua importância à comunidade cega de Ribeirão Preto e demais cidades da região.

“Os dados e as informações sobre a instituição estão sendo coletados por meio de entrevistas com familiares do fundador, falecido em 28 de julho de 2001, com funcionários, ex-funcionários e ex-alunos. A busca em documentos disponíveis em diferentes espaços e fontes, como bibliotecas, arquivos pessoais e públicos, entre outros, são recursos utilizados por nós”, explica a docente.

 


Foto: Divulgação

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