Prefeitura estuda implantar projeto apelidado por servidores de “Uber da Educação”
Prefeitura estuda implantar projeto apelidado por servidores de “Uber da Educação”

Prefeitura estuda implantar projeto apelidado por servidores de “Uber da Educação”

A forma de contato com o professor para chamá-lo até a unidade escolar deve ocorrer por meio de tecnologias disponíveis no celular

A Prefeitura de Ribeirão Preto estuda implantar um projeto apelidado pelos servidores como “Uber da Educação” ou “Professor Delivery”. A ação se encontra em fase de elaboração pela Secretaria Municipal de Educação e é chamada pelo governo de Projeto Professor Substituto.

A ideia é pagar por aulas avulsas a docentes, sem ligação com o município, sempre que faltarem profissionais na rede municipal de ensino. A forma de contato com o professor para chamá-lo até a unidade escolar poderá ocorrer com utilização das tecnologias disponíveis pelo celular, o que segundo a prefeitura agregará agilidade a este processo.

O docente não teria vínculo empregatício com a prefeitura. Após receber a chamada, o professor teria apenas 30 minutos para responder se aceita a tarefa e uma hora para chegar à escola - caso contrário, outro seria acionado no seu lugar.

De acordo com a Secretária de Educação, o Projeto Professor Substituto está sendo construído democraticamente pela Comissão de Estudos de Atribuição de Aulas, que é composta por professores dos distintos segmentos da rede municipal de ensino. A administração também classifica o projeto como de "extrema importância", pois tem como objetivo solucionar a grave situação de ausências de professores em sala de aula, motivadas por faltas ou licença saúde, em período inferior a 30 dias.

A Coordenadoria de Comunicação Social da Prefeitura de Ribeirão Preto informa que os profissionais escolhidos para o projeto serão aprovados por processo seletivo e receberão atribuição de aulas por conjunto de escolas, formado por quatro ou cinco unidades.

Os escolhidos também receberão instruções de coordenadores sobre os projetos pedagógicos das unidades escolares. Ao ser chamado para atuar, o docente já terá um vínculo com a escola e com os superiores na unidade, que o assessorarão no trabalho.

As áreas de língua portuguesa e matemática serão as prioridades na substituição. A assessoria do prefeito Duarte Nogueira (PSDB) fala que houve uma análise, pois nove escolas da rede municipal de ensino registraram baixíssimo desempenho no último IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), sendo que 48% dos alunos obtiveram rendimento abaixo do adequado em língua portuguesa e 57% abaixo do adequado em matemática

A prefeitura diz que o projeto tem como objetivo cumprir os 200 dias letivos do calendário escolar impostos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96). Mesmo sem chegar oficialmente à Câmara da cidade, o projeto já foi parar no Legislativo neste mês. Um grupo de professores distribuiu aos vereadores cópia da proposta preliminar e reivindicou que a ideia seja barrada. Um dos argumentos é de que o projeto seria inconstitucional.

O Conselho Municipal de Educação (CME) fez parecer contrário à proposta do Executivo. Segundo a análise do órgão, a alternativa terá lacunas do ponto de vista qualitativo e criará regime laboral precário. O órgão recomenda estudos mais aprofundados antes do envio da matéria à Câmara. 

O sistema ribeirãopretano de ensino tem 3.159 professores, sendo 400 emergenciais, de acordo com dados da própria secretaria. São cerca de 48 mil estudantes matriculados.

O professor Fabio Sardinha fala que o projeto, se aprovado, possui teor de risco à educação. Em uma publicação em sua rede social, Sardinha diz que assim que o recesso da Câmara Municipal acabar, contrários à decisão farão de tudo para impedir que esse "ataque à educação" seja implementado.


Foto: Divulgação

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