Vereador quer que escolas públicas tenham sala voltada para eventos religiosos em RP
Projeto dispõe sobre a destinação de espaço em escolas públicas para realização de eventos ecumênicos

Vereador quer que escolas públicas tenham sala voltada para eventos religiosos em RP

Na justificativa do projeto, declarou que local proporcionará aos estudantes momentos de comunhão com Deus

Foi protocolado na última terça-feira, 3, na Câmara dos Vereadores de Ribeirão Preto, um projeto de lei que dispõe sobre a destinação de sala ou espaço nas escolas públicas municipais para eventos ecumênicos.

O autor da proposta, o vereador Rodrigo Simões (PDT), escreveu na justificativa do projeto que um evento ecumênico é “a oportunidade de as pessoas refletirem, agradecerem e se conectarem com sua fé, junto a representantes de várias religiões”.

Mais adiante, no mesmo texto, Simões declara que esses eventos proporcionarão aos alunos e professores “momentos de reflexão, oração e comunhão com Deus”.  

O projeto orienta que o evento ecumênico deve ser realizado em local que preserva a diversidade religiosa, por isso, não recomenda que seja feito em um templo religioso.

“Peço aos nobres vereadores e nobre vereadora o voto favorável ao projeto, para que possamos possibilitar o fortalecimento do lado espiritual dentro das escolas da rede pública municipal, bem como promover o devido respeito às escolhas religiosas de cada um”, concluiu o vereador.

Confira a íntegra da proposta neste link.

Opinião

A professora de história Cleide Maurer, destaca que, apesar da laicidade do estado, atos ecumênicos já são realizados de maneira costumeira em escolas.

"Em formaturas, bailes e até, homenagens magna ou póstumas. Este ano, tivemos atos ecumênicos em escolas após fatos que abalaram a nossa sociedade, como o caso em Suzano", explicou.

Para a professora, o projeto de lei não enfatiza a dominância de uma doutrinação, mas a comunhão entre pessoas, com o propósito de valores pessoais e respeito à diversidade religiosa.

"Podemos analisar que, se o projeto entrar em vigor, a escola proporcionará aos alunos e aos demais da comunidades, a reflexão enquanto indivíduo, bem estar físico e espiritual, e formação integral do cidadão, enriquecendo suas ações e cidadania", avaliou Cleide.

Já o professor e historiador José Antônio Lages, pondera que a que a escola pública não é o espaço adequado para práticas religiosas. Lages estudou, durante o doutorado, o ensino religioso nas unidades de ensino.

Se, por um lado, o professor defende que a escola não é lugar de nenhum tipo de doutrina religiosa, por outro, pondera que a religião como forma de conhecimento e cultura deve ser abordada.

"Escola é um espaço de conhecimento e manifestações culturais. E a religião é uma manifestação cultural. Mesmo assim, é um espaço de manifestações a serem estudadas. Não acho que a escola seja o ambiente propício para espiritualidade ou oração", avalia Lages

Sobre o espaço destinado a práticas ecumênicas, o historiador se mostrou contrário. "Não acredito que essa seja a necessidade premente das escolas. Esse é o problema mais sério que as escolas tem para resolver hoje? Criar uma sala ecumênica?", criticou.

Para Márcio Silva, professor e presidente do Conselho Municipal de Educação, não há a necessidade de um projeto de lei que regulamente tal atividade.

“As unidades escolares podem ceder as suas dependências para diversas atividades de natureza cultural, desde que aprovado pelo Conselho de Escola. Portanto, o projeto de lei é inócuo e desnecessário”, declarou.


Foto: Divulgação /CCS

Compartilhar: