Especialistas dão dicas para quem está à procura de emprego

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O velho e bom currículo segue valendo, mas candidatos devem ficar atentos às conexões das redes sociais

A clássica prática de enviar um currículo - seja para quem está chegando ao mercado, em situação de desemprego ou apenas buscando trocar de empresa - não é mais a única forma de garimpar oportunidades. As mudanças nas relações de trabalho, promovidas pelo avanço da tecnologia e pelas transformações sociais, e aceleradas pela pandemia, desenharam um novo formato para os processos seletivos empresariais, desde a captação de candidatos potenciais até a entrevista para vagas disponíveis.

 


 

Avaliações mais práticas e valorização de competências comportamentais são agora as principais balizas utilizada por recrutadores, conforme esclarece Meire Marisa Pattini, gerente de operações de Recursos Humanos para a América Latina na Nestlé e ex-aluna do MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e Organizações Sustentáveis da Fundace. “Cada vez mais, as empresas têm evoluído nesse caminho, com uso maior de entrevistas e testes virtuais, buscando, inclusive, colaboradores que estão geograficamente longe, mas que possam atuar por teletrabalho”, ressalta a gerente, que tem mais de 25 anos de experiência em RH e formação em Serviço Social e Direito.

 


 

“As habilidades técnicas seguem como diferencial dependendo da posição buscada, mas pontos como inteligência emocional, resiliência, habilidades interpessoais, resolução de problemas e adaptação, são super importantes”, complementa. De acordo com a executiva, apresentar o currículo atualizado, objetivo, enxuto e pautado em informações verdadeiras é super válido e pode garantir a trilha até a entrevista. “No contexto atual, o currículo ajuda, mas as redes sociais, como Linkedin e plataformas de captação de talentos, são bastante utilizadas pelas empresas e recomendo que as pessoas estejam atentas às suas conexões. Indicações também continuam valendo”, alerta.

 


 

Conduta nas redes

Bárbara Lespinasse é professora da Fundace com mais de 15 anos de experiência em RH e doutoranda em administração pela FEA-RP/USP e Universidad de Barcelona. Ela alerta que existem empresas ou recrutadores que buscam informações também nas redes sociais como Facebook e Instagram para observar o comportamento dos candidatos. “Pesquisas comportamentais e de conduta sobre o candidato em avaliação são comuns, como por exemplo, se ele apoia causas ambientais e sociais, além de uma análise dos conteúdos em comentários postados nas redes, com o intuito de identificar se o candidato tem atitudes respeitosas e adequadas à cultura da empresa”, explica.

 


 

Currículo

Impresso ou em arquivo on-line. Não importa. Para garantir a chance de ter o currículo considerado pelos recrutadores, os candidatos precisam estar em dia com as tendências dessa comunicação. Nada de estender ou enfeitar demais o texto, nem inserir dados e ou informações que não sejam reais. “O currículo continua sendo muito importante para a etapa inicial do processo seletivo e é diferencial a maneira como a pessoa se coloca ali. O documento precisa refletir a verdade, mostrar os destaques das informações com palavras-chave para o que a empresa busca, e apresentar experiências focadas nas competências e habilidades que a vaga exige. É melhor ser conciso e focado”, ensina Meire Pattini.

 


 

Bárbara Lespinasse também dá dica sobre como cadastrar currículo nas plataformas de vagas e lembra que a maior parte da pré-seleção dos candidatos é realizada por robôs através da inteligência artificial. “Os robôs têm dificuldade em ler arquivos no formato PDF ou formatados em duas colunas. Por isso, quando for cadastrar seu currículo numa plataforma salve o arquivo em formato editável (como por exemplo word) e em uma única coluna”, previne a professora.

 


 

Na prática

Outro cuidado fundamental é em relação ao momento da entrevista. Vestimenta, posturas corporais e de fala, nível de conhecimento prévio sobre a vaga e a empresa e perguntas objetivas podem salvar ou enterrar a oportunidade. Meire Pattini chama atenção para deslizes como falar excessivamente de si próprio, não respeitar horários e o momento de abertura para perguntas, modo de sentar que revela desinteresse, uso de gírias e o que a recrutadora considera como pior erro: falar mal da antiga empresa, ex-chefes, colegas e líderes. “Isso é extremamente desrespeitoso e deselegante. O momento da entrevista é para o candidato mostrar tudo de melhor que ele tem e muito positivismo”, enfatiza.

 


 

Já Bárbara Lespinasse lembra de um detalhe importante: o celular, que deve estar no modo silencioso, evitado assim chamadas fora de hora. “Outra dica importante é ter em mãos uma garrafa d’água. É normal a boca ficar seca devido ao nervosismo e beber pequenos goles de água certamente irá ajudar na dicção e deixar o candidato mais relaxado”.

 


 

Mão dupla

Os novos tempos nas relações de trabalho anotam mudanças também na forma como o candidato avalia a empresa em que ele pode trabalhar. “É crescente o interesse dos candidatos pelo quanto há de conexão entre ele e o propósito da empresa. Isso é muito saudável porque o processo de recrutamento é de mão dupla, ou seja, o candidato precisa querer trabalhar naquela empresa e o lugar precisa ter interesse nas qualidades que ele entrega. Por isso, as perguntas de âmbito geral são bem-vindas. A entrevista é o momento de esclarecimentos de ambos os lados”, adverte Meire Pattini.

 


 

“O ideal é que o candidato se prepare e pesquise sobre a empresa antes da entrevista, para que mostre interesse e faça perguntas interessantes sobre a companhia”, conclui a professora Bárbara Lespinasse.

 


 

Como nada é padrão fechado, a recrutadora Meire lembra que alguns setores, como o de inovação e tecnologia - onde a atualização é muito dinâmica -, o de serviços e o de gestão estratégica, tendem a ter processos seletivos próprios e diferenciados para atender suas demandas específicas. “São áreas que pedem profissionais mais criativos, com diferencial de habilidade interpessoal”.

 


 

Outro destaque é a busca pela composição de equipes inclusivas e diversas, mais representativas e eficientes. “Diversidade geracional, cultural e de gênero podem levar muitos benefícios às empresas. O olhar empresarial para dados como idade, estado civil, maternidade/paternidade e local de residência têm sido desmistificados. Essas questões não são fator de corte”, finaliza Meire Marisa Pattini.

 


Foto: Freepik

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