Apesar da melhora, desde 2013 região de Ribeirão extinguiu 11 mil postos de trabalho
Especialistas apontam que Ribeirão Preto não consegue suprir a oferta de mão de obra; veja infográfico interativo

Apesar da melhora, desde 2013 região de Ribeirão extinguiu 11 mil postos de trabalho

Dados do Caged apontam que o município abriu 1.299 postos de trabalho em janeiro de 2018

Apesar de Ribeirão Preto ter aberto 1.299 vagas de emprego em janeiro deste ano, saindo de um saldo negativo de -753 vagas em 2017, a Região Metropolitana (RMRP) ainda não recuperou o número de postos de trabalho que tinha antes de 2013. Os dados estão no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, divulgados no início de março.

Em 2013, a RMRP gerou 16 mil postos de trabalho. Após três anos consecutivos de quedas, no início de 2018 o índice caiu para 4.900 vagas. Foram cerca de 11 mil postos de trabalho extintos - uma diminuição de 71%.

Além disso, os empregos estão concentrados em Ribeirão Preto e Sertãozinho. Quase 53% de todos os postos de trabalho criados estão aglutinados nos dois municípios, os outros 47% estão divididos entre as outras 32 cidades.

Na região, o setor que mais contratou no início de 2018 foi o da indústria de transformação, criando 2.500 vagas, e o que mais demitiu foi o comércio, que fechou janeiro com um saldo de -191 postos de trabalho.      

 

Análise

Segundo levantamento realizado pelo professor do curso de administração do Centro Universitário Moura Lacerda, Antônio Marcelo Brandão, o salário de admissão, ou seja, o salário que as empresas pagam na contratação do empregado, indicam um pequeno crescimento, abaixo do índice de inflação. O salário médio saiu de R$ 1.448,68, em 2017, para R$ 1.506,12 em janeiro 2018 - um aumento de 3,96%.

“O crescimento salarial ficou abaixo da proporção do crescimento de emprego. Aumentamos o número de pessoas trabalhando com carteira assinada, mas o valor pago a esses trabalhadores não seguiu o mesmo ritmo”, destaca Brandão.

O professor ainda comenta que os setores que mais geraram empregos são responsáveis pelas médias salariais mais baixas. “O setor dos bares e restaurantes pagam salário médio menor que a média salarial da cidade, R$ 1.300,18”, pontua.

Já para o economista da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), Gabriel Couto, apesar do ritmo lento, já é possível assegurar que a cidade ruma para uma recuperação da crise. “Janeiro é tradicionalmente um mês de contratações, mas, se comparado o mês de janeiro de 2018, com o de 2017 e 2016, vemos uma melhora no período”, comenta o economista.

Apesar disso, segundo os dados do Caged, é possível analisar que Ribeirão Preto “sente” mais a crise do que as outras cidades da região, demorando mais para se recuperar. De acordo com Couto, esta demora pode ser atribuída ao custo da mão de obra na cidade. “O custo para a demissão de um funcionário e a dificuldade em reposição deste profissional é o que dificulta o mercado de se recuperar rapidamente em Ribeirão Preto”, esclarece.

Oferta maior que a demanda

Estudo realizado pela Acirp, usando o cruzamento dos dados de emprego do Ministério do Trabalho com as projeções populacionais feitas pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mostra que, nos últimos dez anos, ao menos 5 mil pessoas que atingiram a idade ativa não conseguiram emprego.

 

O cálculo é uma subtração simples entre o número de vagas criadas e a quantidade de pessoas economicamente ativas adicionadas na população entre 20 e 64 anos. Este número já leva em conta o contingente de indivíduos inativos nessa faixa etária. “Isso mostra que, apesar do aumento no número de postos de trabalho, Ribeirão não consegue absorver toda a mão de obra no mercado”, revela Couto.

Sob supervisão de Marina Aranha.


Foto: Julio Sian/ Arquivo Revide

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