Competição nacional de patinação em Sertãozinho coleciona histórias de superação
Fernanda deixa a dor para trás e é uma das principais atletas do Brasil na modalidade, com Mundial no currículo

Competição nacional de patinação em Sertãozinho coleciona histórias de superação

Taça Brasil acontece neste fim de semana e reúne competidores de diversas regiões do País

Sertãozinho recebe, neste fim de semana, a Taça Brasil de Patinação, que reúne atletas e histórias de todo o Brasil. E se essa competição fosse definida em uma palavra, ela seria superação - seja da dor, da experiência ou da qualidade de vida.

Entre os competidores está o diretor de contas Roberto Marinho, que aos 55 anos compete nas categorias máster, e viu no esporte a oportunidade de mudar de vida e reencontrar uma velha paixão.

Ele começou a patinar há apenas 1 ano, tempo suficiente para revolucionar a vida. Roberto enumera os benefícios que o esporte trouxe para a saúde, que vão desde a perda de 15 quilos, até diminuição de taxas de gordura e glicose no corpo. E pensar que tudo começou em uma viagem à Europa, onde viu pessoas da faixa etária dele praticando a atividade.

“Mudou por completo a minha vida. Quando vi aquelas pessoas na Itália andando de patins, aquilo ficou em mim, deixou de ser uma vontade que tinha quando criança, e passou a ser uma vontade minha de adulto. Tive o incentivo da minha esposa de comprar os patins e entrar no esporte”, conta Roberto, que lembra do tombo que tomou em sua primeira aula.

“Cheguei no Parque Villa-Lobos [em São Paulo], e procurei o pessoal que pratica o esporte. Assim que coloquei os patins, cai de bunda no chão. Aí o meu treinador me chamou e me falou: ‘eu te ensino a andar de patins e você me ensina a cair’, a partir daí foi outra vida”, lembra o executivo, que tem outra paixão: o jornalismo, que largou há 15 anos por falta de perspectivas, mas que voltou a encontrar justamente por meio do esporte.

Após passar por redações de grandes veículos de comunicação, ele espera em breve retornar a profissão, só que dessa vez dedicado exclusivamente à patinação. “Uma paixão levou a outra, por causa do esporte”, deleita-se o simpático senhor, que faz questão de conversar com todos os competidores, desde aqueles de apenas 4 anos, até os mais velhos.

Superando a dor para ganhar o mundo

Outra história encontrada é a da competidora Fernanda Alexandre, que já defendeu a seleção brasileira em campeonato Mundial – em Sertãozinho ela briga para ser a representante do Brasil no Sul-Americano -, e que, além das outras patinadoras, tem de superar o próprio corpo.

Ela sofre com a condropatia patelar, que é o desgaste da cartilagem do joelho. Para resolver o problema, Fernanda precisa passar por uma cirurgia, porém, o procedimento é arriscado e pode afastá-la do esporte, por isso tem sido adiado. “Para mim, a dor é um limitante. Não tem muito tratamento, mas o esporte me proporciona coisas únicas, que não quero perder”, conta a atleta, que veio de Brasília e desde 2014 faz parte da seleção brasileira.

Para não deixar que a dor vença, ela precisou adaptar algumas características. Fernanda é especialistas em provas de fundo – aquelas de longa distância -, porém as provas a têm exigido muito, e por isso optou em se preparar para disputar competições rápidas, que exigem velocidade, com particularidades bem diferentes.

O júnior que ganha dos adultos

Outro destaque da Taça Brasil é o patinador Gabriel Félix, um dos principais nomes que têm se apresentado em Sertãozinho, e que está em disputa ferrenha para ser o representante brasileiro no Sul-Americano, que acontece em dezembro, na Colômbia.

Também de Brasília, ele tem 19 anos, idade que ainda o permite disputar na categoria júnior, mas optou pelo adulto, para ser mais competitivo. “No Brasil, a maioria dos atletas do júnior começou a praticar patinação há pouco tempo, então eu tenho mais bagagem do que eles e as provas não são tão fortes”, conta Gabriel, que começou nos patins, aos 9 anos de idade, após ver uma reportagem na televisão sobre um grupo que treinava na Capital Federal.

Ele é bem polivalente e dedicado ao esporte. Os treinos são diários, começam às 6h e duram 1h30. Depois, Félix vai para a faculdade, parte para o estágio e, à noite, pratica mais treinos, entre as 19h e 21h. Além disso, ele pratica ciclismo e natação, para aprimorar o condicionamento na patinação.

“Tudo começou porque eu era uma criança muito hiperativa e minha mãe me fazia praticar um esporte para gastar a energia. Fiz de tudo, mas fiquei nesse, porque era o que eu mais gostava. Agora, isso deixou de ser apenas uma diversão”, resumiu o competidor. Ele está em disputa ferrenha para ser o principal nome da Taça Brasil em Sertãozinho e conta até com o apoio do irmão, Neto, que também vai para a pista.


Foto: Tamiris Dinamarco/Express 21 Sports

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