Conheça a história da atleta de Ribeirão Preto que correu na maratona de Chicago neste ano

Conheça a história da atleta de Ribeirão Preto que correu na maratona de Chicago neste ano

Com rotina pesada de treinos, Maria Fernanda Musa Cruz explica processo que levou mais de dez anos e fala sobre planos para os próximos meses no triatlo

Menos de 24 horas depois de participar da maratona de Chicago, nos Estados Unidos, uma das mais importantes provas da categoria no mundo, Maria Fernanda Musa Cruz – Mafe para os amigos – cumpria uma série de compromissos profissionais. Economista e administradora, ela trabalha em uma organização global sem fins lucrativos que apoia o crescimento de empreendedores de alto impacto. Há mais de dez anos, a ribeirãopretana descobriu uma nova paixão que transformaria sua vida: a corrida. Para chegar ao status de maratonista e triatleta, ela conta que foi preciso aprender a ter disciplina, mas que o mais importante é curtir o processo, mais até do que o objetivo final.

 

O INÍCIO DA JORNADA - Maria Fernanda sempre esteve conectada ao esporte, graças ao incentivo de sua família. Desde pequena praticou diversas modalidades, como tênis, basquete, circo e até atletismo, influenciada pelo avô, que era nadador, mas só na vida adulta encontrou na corrida um novo caminho. “Comecei há pouco mais de dez anos, influenciada pela minha tia e madrinha, que também é corredora e já foi triatleta”, conta. No início, a corrida não tinha grandes pretensões, era apenas uma maneira de Mafe manter-se ativa e cuidar da saúde. No entanto, ela logo percebeu que aquele simples hábito se transformaria em uma paixão que a levaria a novos desafios e, eventualmente, às maratonas internacionais.

 

PRIMEIROS PASSOS - Os primeiros treinos não foram fáceis. Como muitos iniciantes, Maria Fernanda sentiu na pele o peso de “ir com muita sede ao pote”. “Eu já queria participar de provas de 10 km, mas não tinha a preparação física adequada”, lembra. A falta de fortalecimento muscular e a ausência de um planejamento adequado resultaram em lesões, e foi aí que ela aprendeu uma das lições mais importantes da corrida: respeitar o processo. “Cada conquista vem com disciplina, paciência e a compreensão de que o progresso é construído passo a passo”, destaca.

 

TREINAMENTO E PREPARAÇÃO - Hoje, com uma rotina intensa de treinos, Maria Fernanda equilibra o triatlo e a corrida, dedicando cerca de 15 a 20 horas semanais à prática esportiva. “São quatro treinos de corrida, quatro de bike, quatro de natação e três de fortalecimento muscular.”, explica. A intensidade muda conforme a aproximação de uma prova. O compromisso com o treinamento foi essencial para sua evolução como atleta, mas o rompimento do ligamento cruzado do joelho, em 2017, fez com que ficasse mais de um ano sem poder correr. Nesse período que ela começou a entender que precisaria ter paciência. “Entendi também que é preciso se cercar de bons profissionais para termos a melhor evolução possível”, diz. 

 

ALIMENTAÇÃO E CUIDADOS - A alimentação desempenhou um papel crucial na transformação de Maria Fernanda como corredora. “Minha vida mudou quando parei de ter ‘medo’ de comer carboidratos”, conta. Antes, a busca por manter-se magra limitava seu desempenho. Com a orientação de uma nutricionista, ela entendeu que, para performar bem, seu corpo precisava de combustível adequado. A dieta passou a priorizar alimentos naturais e saudáveis, e a restrição calórica deu lugar a uma alimentação equilibrada. “A combinação de nutrição adequada, musculação e fisioterapia regular sem dúvida me ajudaram a evitar lesões”, diz.

 

EQUIPAMENTOS E TECNOLOGIA - Maria Fernanda começou com o básico – um tênis simples e a vontade de correr. Com o tempo, no entanto, passou a utilizar tecnologias que ajudam a melhorar sua performance. “Uso um relógio para monitorar meus treinos e meu corpo, e o tipo de tênis varia de acordo com o treino”, explica. No entanto, ela ressalta que é possível começar com o mínimo, desde que haja comprometimento e constância.

 

IMPACTO NA VIDA PESSOAL - Os benefícios da corrida não se limitaram ao condicionamento físico. Mafe experimentou uma transformação emocional significativa nos últimos anos. “O esporte, de uma forma geral, ensina a ter resiliência e foco, a tentar superar dificuldades. Nesse sentido, o paralelo com a vida pessoal e profissional é extremamente válido”, diz. Além de ter gradualmente mudado o estilo de vida, ela contou com o apoio do marido. “O fato dele correr também foi muito importante pra gente viajar juntos, correr juntos e se adaptar socialmente a essa vida de atleta. Afinal, o barzinho deu lugar aos treinos”, conta.

 

EXPERIÊNCIAS PELO MUNDO - Ainda em 2024, a atleta de Ribeirão Preto mira dois objetivos: a prova de Meio-Ironman, também conhecida como 70.3, em Aracaju (SE), em novembro, e o Mundial de triathlon na Nova Zelândia, em dezembro. Além de Chicago, ela também já competiu na Finlândia, Espanha e Uruguai. “A maratona de Chicago foi a minha primeira prova de longa distância somente de corrida, foi especial, mas um desafio. Com certeza toda a preparação foi essencial para aguentar os mais de 42 km”, conta Mafe, que completou a prova em pouco mais de 3h.

 

INSPIRAÇÃO - Para quem nunca pensou em correr uma maratona, pode parecer um caminho quase impossível. “Respeite seu corpo, mas tenha objetivos e se apaixone pelo processo. Os resultados vão ser consequências, mas mesmo que não vierem, terá valido a pena”, aconselha Maria Fernanda. “O esporte, não necessariamente de alto rendimento, é essencial para se ter equilíbrio, resiliência e força para encarar os desafios da vida. Se eu pudesse dar um conselho a todos é: pratiquem alguma atividade física e respeitem seus limites”, conclui.

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