De Ribeirão Preto, preparador físico Felipe Eichenberger é destaque na NBA
O profissional prova que é possível realizar os sonhos; atualmente é prepara todos os atletas da franquia Denver Nuggets
Nascido e criado em Ribeirão Preto, o preparador físico Felipe Eichenberger, de 34 anos, se destaca na NBA, nos Estados Unidos - principal liga de basquete no planeta. Do lafo de fora das quadras, o ribeirãopretano é o preparador físico chefe do Denver Nuggets.
Na equipe há nove anos, ele concedeu uma entrevista ao Portal Revide em um bate-papo sobre a carreira, objetivos, sonhos e o caminho de Ribeirão Preto até a liga profissional norte-americana.
Como um garoto do interior construiu o sonho de estar na NBA?
Felipe Eichenberger: Eu sai de Ribeirão aos 19 anos e fui jogar o basquete universitário na Universidade Estadual de Oklahoma (EUA), e joguei quatro anos na faculdade. Isso já era um sonho, mas com os contatos que adquiri conheci algumas pessoas e com o tempo e muita persistência, fui chamado para ser o assistente na preparação do Nuggets. Desde então, tenho me preparado e hoje sou o líder deste setor na equipe.
Qual o tamanho das dificuldades?
Felipe Eichenberger: Depois da faculdade, eu fui para uma clínica de basquete em Las Vegas, de lá eu fui para Denver e depois fiquei sem empregos, mas com o contato de muitas pessoas. Eu consegui o telefone do preparador físico do Denver e liguei para ele umas duas ou três vezes por dia, durante uns três meses. Eu tinha o apoio de alguns jogadores na época. Eu comecei a trabalhar em uma academia desta pessoa como personal, coach e performance, até que o assistente do time saiu e ele me chamou com a oportunidade para trabalhar no time.
Quais são ou foram as principais dificuldades em sua carreira?
Felipe Eichenberger: As principais dificuldades no início foram me adaptar a um país novo. Eu mal falava a língua inglesa quando vim para cá, mas com muito estudo, eu abracei a oportunidade. Atualmente, preparar os jogadores para a temporada é o principal desafio. É uma carga extensa de jogos e temos que evitar ao máximo as lesões, mas de maneira saudável para que os atletas se sintam bem.
O que te ajudou na caminhada?
Felipe Eichenberger: Para chegar aqui foi uma combinação de muitas coisas, desde a criação dos meus pais que me criaram muito bem e o apoio das minhas irmãs. Como um garoto esforçado, eu sempre tentei fazer o melhor. Foi o espelho da criação da nossa família. Muito esforço e muito estudo, pois eu não falava muito a língua. Cheguei aqui por perseverança. Hoje tenho minha família própria com três filhos sempre lutando pelo melhor. O estudo tem sido a minha base. Tenho meu mestrado e estou aplicando o doutorado. É esforço e oportunidade.
A estrutura que você recebe na NBA é diferenciada?
Felipe Eichenberger: A estrutura é diferenciada, são muitos jogos na temporada regular, mais os playoffs. Temos nosso avião, ficamos em hotéis muito bons e o centro de treinamento é muito equipado para os jogadores. Como eu cuido de comida, nutrição e parte física, nós fazemos essa diferenciação com tudo que os jogadores precisam. É bem diferenciada dos outros lugares. Por isso é a melhor liga do mundo, não só por conta dos salários dos jogadores, mas por conta do que oferece a eles.
Capacitar um atleta para disputar a liga requer muitos desafios? A carga de treinos é intensa?
Felipe Eichenberger: São muitos desafios para o jogador. São muitas coisas que precisamos fazer para os manter capazes de jogar no nível que jogam. Desafios de viagens com fusos horários, hotéis diferentes, alimentações diferentes, carga de treinos, monitoramos toda capacidade dos atletas e por aí vai. A carga dos treinos depende dos jogos. Então, é difícil de treinar muito, trazemos a intensidade na hora certa.
Estar em uma franquia como o Nuggets é um sonho pessoal?
Felipe Eichenberger: Estar na NBA é um sonho, independente do time. É um sonho pessoal. O legal é que na minha carreira o Nuggets proporcionou muitas coisas para a minha família. Sou muito amigo do Nenê, por exemplo. Já recebi propostas de outras equipes, mas não fui. O trabalho tem sido feito!
O que o basquete lhe proporcionou até o momento?
Felipe Eichenberger: O basquete me proporcionou muitas coisas além dos meus sonhos. Desde jogador de basquete na faculdade, eu tive o estudo com bolsa. Era um país novo e também depois que sai da faculdade e parei de jogar, que foi uma escolha difícil, eu fui proporcionado ao mestrado e agora proporciona uma vida para a minha família. Três filhos e uma esposa que é muito legal e, ao mesmo tempo, estou na liga que é a melhor do mundo e vendo as pessoas evoluírem. Estou realizando meu sonho.
Quais são seus objetivos?
Felipe Eichenberger: Tenho o objetivo pessoal de retribuir ao Brasil de alguma maneira. Penso em abrir uma academia para ajudar quem tem os mesmos sonhos que tive para poder capacitar os garotos da mesma maneira que é feito na liga. Espero poder vencer a NBA e me tornar a primeira pessoa a vencer o campeonato fora das quadras.
Fotos: Arquivo Pessoal
